Pará deve gerar 12 mil empregos na indústria até 2027; saiba como se preparar
Indústria paraense vive fase de transformação e aposta em cursos voltados à inteligência artificial, automação e sustentabilidade; Senai e Fiepa ampliam programas de qualificação para preparar mão de obra diante do cenário.
A indústria paraense deverá gerar um total de 12.263 novos postos de trabalho entre 2025 e 2027, conforme aponta o Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). O crescimento dos setores industriais, segundo a Fiepa (Federação das Indústrias do Estado do Pará), está em linha com a tendência de expansão observada entre 2022 e 2024, e reflete a necessidade de profissionais qualificados, especialmente nos segmentos de Logística, Transporte e Construção.
De acordo com o levantamento, os setores de Logística e Transporte serão responsáveis por 23% das novas vagas de emprego, representando a maior fatia da demanda por profissionais. Em seguida, a Construção aparecerá com 16,9% das vagas, o que indica uma forte necessidade de qualificação em áreas como gestão, operação e segurança no trabalho.
"Com a expansão do mercado, a qualificação profissional será determinante para garantir que o Pará possa aproveitar essas oportunidades de emprego. Será essencial desenvolver tanto competências técnicas quanto comportamentais nos profissionais", explica Alex Dias Carvalho, presidente da Fiepa.
Além disso, conforme ele, será necessário requalificar aproximadamente 239 mil trabalhadores já inseridos no mercado, para que possam atender às novas exigências da indústria. O foco da requalificação está no desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais e nas práticas de segurança no trabalho.
Ações da Fiepa e parcerias para suprir a demanda de qualificação
Ao Grupo Liberal, a Fiepa disse que, por meio do Senai, tem se esforçado para identificar as demandas de formação específicas das indústrias e oferecer programas de qualificação alinhados às necessidades do setor.
Uma das iniciativas de destaque é o programa Capacita COP 30, uma parceria com o Governo do Estado que, até o final de 2025, disponibilizou mais de 7.500 vagas gratuitas em cursos profissionalizantes.
"O Capacita COP 30 tem sido uma peça-chave para aumentar a oferta de formação profissional e contribuir para a qualificação da mão de obra que o Pará precisará nos próximos anos", afirmou Alex Carvalho.
Inteligência Artificial e Automação impulsionam novas oportunidades
De acordo com o diretor regional do Senai Pará, Dário Lemos, a instituição acompanha as transformações do mercado e já oferece cursos voltados às novas demandas da indústria, como inteligência artificial, automação e transição energética.
“O Senai oferece cursos de Inteligência Artificial Industrial, que ensinam desde os conceitos básicos até aplicações avançadas. A previsão é de 60 vagas ainda em novembro”, afirma Lemos.
Outra aposta é o curso Técnico em Automação Industrial, que prepara alunos para atuar em linhas de produção com foco em eletrônica, programação de CLPs, instrumentação, pneumática e manutenção de sistemas.
Capacitação para a transição energética e sustentabilidade
Segundo Dário Lemos, o Senai também vem ampliando sua atuação em pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis, com foco em energia eólica, solar e biocombustíveis.
No Pará, conforme ele, recentemente foram ofertadas mais de 4.700 vagas em cursos como Assistente de Gestão Ambiental, Logística Reversa, Consumo Consciente de Energia e Mantenedor de Sistemas Fotovoltaicos.
“Com atuação em rede, o Senai contribui para a transição energética por meio de capacitação, pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras”, explica o diretor.
Parcerias estratégicas fortalecem o alinhamento com o mercado
De acordo com Dário Lemos, os currículos dos cursos do Senai são elaborados em parceria com representantes da indústria, por meio dos Observatórios Nacionais da Indústria, o que garante que o conteúdo esteja sempre atualizado com as tecnologias e competências exigidas pelo mercado.
Entre as iniciativas de destaque, está a parceria com a Schneider Electric, que atua na capacitação de profissionais nas áreas de energia e tecnologia, fortalecendo a formação de trabalhadores preparados para os desafios da transição energética e digitalização industrial.
“Estamos expandindo nosso portfólio de cursos em áreas prioritárias, como Programação e Desenvolvimento de Aplicativos, Inteligência Artificial e Ciência de Dados, Energia Renovável e Robótica”, destaca o diretor do Senai.
Adaptabilidade e agilidade são as competências do momento, segundo especialista em RH
Para Vanessa Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Pará (ABRH-PA), o futuro do trabalho exige profissionais com equilíbrio entre competências técnicas e comportamentais.
“Entre as soft skills, a adaptabilidade e a agilidade são fundamentais, pois a mudança constante exige que os profissionais se ajustem rapidamente às novas tecnologias e processos”, explica.
Segundo ela, “já nas hard skills, ganham destaque o conhecimento em ciência de dados, programação, cibersegurança e o domínio de plataformas digitais.”
Vanessa ressalta que a combinação de habilidades técnicas e comportamentais é o que permite que os profissionais se mantenham relevantes em um ambiente de transformação acelerada.
Empresas também precisam se reinventar
A especialista aponta que as organizações têm papel essencial para reduzir a lacuna de competências no mercado. Segundo ela, programas internos de treinamento e parcerias com instituições educacionais são estratégias eficazes para alinhar a formação dos trabalhadores às demandas reais do setor produtivo.
“Promover uma cultura de aprendizado contínuo é fundamental. As empresas que incentivam seus colaboradores a atualizar suas habilidades regularmente são as que mais se destacam em inovação e produtividade”, afirma Vanessa.
Caminho estratégico para os profissionais
Para quem busca se preparar para as profissões emergentes — como especialistas em big data, engenheiros de fintech e profissionais de inteligência artificial —, a vice-presidente da ABRH-PA recomenda investimento constante em capacitação e networking.
“Cursos, certificações e participação em eventos do setor são formas eficazes de acompanhar as tendências e ampliar o repertório técnico”, orienta.
Ela defende que, “além disso, o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade de resolver problemas complexos será um diferencial decisivo para quem deseja se destacar nesse novo cenário.”
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