Aumento da oferta pode conter alta no preço da farinha em Belém, apontam vendedores
Apesar da expectativa, pesquisa do Dieese aponta que, neste ano, produto já teve alta de 3,7%.
O preço médio do quilo da farinha de mandioca em Belém ficou 3,7% mais caro em 2025, segundo pesquisa desta segunda (26/05) do Dieese/Pa (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará). Apesar da alta acumulada, vendedores ouvidos pelo Grupo Liberal divergem. Enquanto uns notam recuo nos preços, outros apostam em manutenção com aumento da oferta nas próximas semanas.
Conforme a pesquisa, em dezembro do ano passado, o produto era comercializado, em média, por R$ 10,32; em janeiro, passou a custar R$ 10,79; em fevereiro, a R$ 10,83; em março, a R$ 10,87 e chegou ao preço de R$ 11,23 em abril deste ano. Segundo o Dieese/Pa, o preço deve seguir alto por alguns meses. Isso é influenciado por fatores como período de entressafra, fortes variações climáticas e também os chamados “atravessadores” que interferem na formação e elevação dos preços.
“Os ‘atravessadores’ são as pessoas que compram a produção nas vilas, nas estradas, repassam para outros, que por sua vez repassam para outros até chegar às feiras. Eles nas feiras comercializam o produto mais caro, porque eles precisam tirar o que eles pagaram nessa passagem - os gastos, a margem de lucro - e na feira você tem uma revenda. Acaba que o preço da farinha passa por pelo menos entre três a quatro ‘atravessadores’ dependendo de onde venha e do formato de negociação”, explicou Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/Pa.
Expectativa é de estabilização ou queda nas próximas semanas
Apesar da tendência de alta apontada pela pesquisa, quem lida diretamente com a venda da farinha na capital paraense relata um comportamento diferente do mercado nas últimas semanas. Raimundo Genival, que vende farinha desde 1990 na tradicional Feira da 25, afirma que o preço já começou a recuar.
"O preço da farinha tá caindo um pouquinho. Já baixou 10%. Para a próxima semana, acredito que baixe mais um pouco. Quando aumenta a produção no interior, o preço tem que cair para poder vender", explica.
Segundo Genival, a entressafra contribuiu para a elevação dos preços no início do ano, mas o cenário está mudando com o retorno da oferta. Ele destaca que a oscilação de preços segue um padrão conhecido entre os feirantes:
“Baixou, a gente baixa aqui. Aumenta, a gente aumenta também sem problema. A produção boa no interior faz o preço cair aqui, porque chega mais farinha e aí a gente precisa vender”, completa.
Já José Ribamar Sousa, também feirante na Feira da 25, destaca que, apesar da leve queda em alguns pontos de venda, os preços ainda estão elevados para o consumidor.
"O preço do litro tá na média de R$ 8 a R$ 14. Já chegou a ser R$ 5, R$ 6. No momento, segue alto. O movimento tá mediano e acredito que o preço deve continuar estável para não gerar mais reclamações", comenta.
Para Ribamar, além da oferta e da demanda, o poder de compra da população também tem sido um fator importante para definir os valores praticados nas feiras:
“O que tá pesando é a condição financeira do consumidor. Muita gente deixou de comprar a quantidade que comprava antes. Isso impacta diretamente na venda.”
Preço do litro de alguns tipos de farinhas na Feira da 25 no final de maio
-
Farinha d’água especial de Bragança - R$ 10
-
Farinha d’água granulada de Bragança - R$ 10
-
Farinha d’água de Irituia kokotinha - R$ 10
-
Farinha d’água de Bragança torrada - R$ 8
-
Farinha d’água de Bragança biscoito - R$ 10