MENU

BUSCA

Apps e redes sociais marcam nova realidade de empresas de Belém

Empresários se adaptam às vendas online e delivery e garantem que as ferramentas vieram para ficar

Roberta Paraense

A pandemia da covid-19 mostrou que os aplicativos de celular e as redes sociais passaram a ter um papel crucial na vida dos brasileiros. Uma pesquisa da Boa Vista aponta que 83% das empresas consultadas afirmam que estão utilizando essas ferramentas para incremento nas vendas. O estudo elaborado em junho ouviu, em todo o Brasil, 1.260 empresários dos setores da indústria, comércio e serviços. Em Belém, muitas empresas tiveram de se adaptar à nova realidade. Segundo os empresários, mesmo com a reabertura dos setores econômicos, os pedidos por aplicativos continuam sendo o carro-chefe.

Desde o advento da crise, 45% das empresas procuraram se adaptar à esse ‘novo normal’ e 69% afirmam que as ações tomadas serão permanentes no futuro. Entre as iniciativas implantadas diante do atual cenário, estão as vendas online e o delivery. E esta é, sem dúvida, a realidade de uma rede de restaurante de comida oriental, em Belém. A franquia que está na capital há mais de 20 anos tem, em média, 80% do seu faturamento vindo das vendas pela internet, demanda que se consolidou durante os meses mais severos de isolamento social: abril e maio.

“As pessoas pararam de frequentar as lojas e tinham apenas essa alternativa. Nós temos uma central de call center, mas a demanda mesmo foi pelos aplicativos. Então, houve uma adaptação na forma de trabalho. Passamos a usar os aplicativos de vendas online, além do nosso. O principal fator é a comodidade. As pessoas compram e pagam pela internet. Não precisa o entregador levar a máquina do cartão e nem o cliente ter dinheiro em espécie”, explicou a gerente administrativa da loja, localizada em Nazaré, Priscila Kitajima.

A nova realidade fez com que os gastos dos empresários também reduzissem. “Os custos com a mão de obra ficaram menores, pois a demanda pelo telefone tem caído, e a maior parte das vendas, agora, é pelos aplicativos, sem dúvida. A tendência de compras online e o delivery veio para ficar. Mesmo com a reabertura dos restaurantes, as pessoas continuam pedindo comida na comodidade de sua casa”, analisou Priscila.

O empresário Francisco Gomes mantém dois restaurantes de comida na cidade, nos bairros do Comércio e na Batista Campos. No entanto, após a liberação da atividade, as vendas delivery ainda são o carro-chefe. “O público ainda não retornou totalmente. As pessoas, não sei se por medo ou comodismo, preferem pedir comida por delivery”, conta. Os pedidos são feitos por telefone e pelos aplicativos de compras. “Tivemos de nos adaptar à realidade, a pandemia nos mostrou que esta é uma tendência que veio para ficar”, disse. O delivery corresponde, atualmente, cerca de 70% do total da demanda.

O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará começou a colher dados sobre o movimento nos estabelecimentos de alimentação fora do lar na capital paraense, desde a reabertura gradual no último dia 1º de julho. Os primeiros dados apontam que a maioria dos associados não consegue sequer atingir a lotação de 40% da capacidade durante a semana e, com isso, a maior parte do faturamento ainda é por delivery.

Antes da quarentena, a advogada Larissa Duarte, de 30 anos, mantinha um consumo médio de pedido de comidas pelos apps de duas vezes por semana, principalmente, aos sábados e domingos. No entanto, sem restaurantes, lanchonetes e similares abertos, chegou a dobrar a demanda nos últimos meses. “Acredito que passei a pedir umas quatro vezes por semana, tanto no almoço, quanto no jantar”, disse.  

Apesar de aumentar o volume dos pedidos, a advogada acredita que, no final das contas, tem uma boa economia com essa modalidade de compras. “Dependendo do restaurante e também dos cupons dados pelos apps, a gente consegue encontrar uma coisa mais barata do que se for colocar no papel as contas com os gastos com supermercados ou com outras opções, por exemplo. Tem alguns que não valem à pena, já outros, sim”, explicou Larissa, que, além de comida, também já experimentou comprar roupas e outros produtos pela internet. “É mais fácil e prático. As redes sociais também estão cheias de ofertas, não precisamos mais nos deslocar para comprar um presente ou alguma roupa”, acrescentou.

 

Pesquisa Nacional

A pesquisa nacional feita pela Boa Vista aponta também que no setor da indústria, bem como em empresas de médio e grande porte, destaca-se o home office como ação de “adaptação e sobrevivência”, e consequente redução de custos.

Outro dado importante é que 47% dos empresários procuraram por novas tecnologias que trouxessem mais clientes, mas, ao mesmo tempo, 62% continuam em busca de soluções para reduzir a inadimplência. Já no que se refere a oportunidades geradas durante a crise, apenas 16% das empresas afirmam ter obtido alguma vantagem para os negócios.

A empresária Vanessa Gomes Lopes, de 36 anos, mantinha uma loja física de confecções em Belém. Ela passou a usar as redes sociais no período mais crítico da quarentena, para vender seus produtos. Assim, ela entregou o ponto e passou a conduzir o negócio, com menos custos, apenas com vendas online.

“Não uso o aplicativo por se tratar mais de vendas de comida, porém, passei a investir tempo nas redes sociais. Hoje, não pago aluguel e energia elétrica extra. Tenho apenas uma funcionária e pago para uma empresa de entrega. Cada frete sai por R$ 10 até o Entroncamento”, explicou Vanessa.

O levantamento feito pela Boa Vista também constatou que 88% dos empresários do País só deverão retornar ao ritmo normal no longo prazo, ou seja, os resultados deverão começar a aparecer ao final de 2021. E 68% das empresas ainda requerem apoio para conseguir sobreviver e 85% anseiam por conseguir crédito com menos burocracia.

Metodologia – A Pesquisa ‘Fotografia atual dos negócios, acesso aos programas de apoio aos empresários e perspectivas de recuperação’ foi realizada pela Boa Vista em junho, com 1.260 empresários, representantes dos setores do comércio, indústria e serviços, de todas as regiões do Brasil. Para a leitura dos resultados foram considerados cerca de 2 p.p. (pontos percentuais) de margem de erro e 90% de grau de confiança.

Sebrae

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) disponibiliza uma série de cursos aos empreendedores que buscam vender através de ferramentas online.  Nos cursos, os consultores explicam a fundamental importância da internet para o avanço da empresa.

Durante a capacitação, feita de forma gratuita e online, os empresários conhecem técnicas para melhorar sua performance nas redes sociais e aumentar o tráfego de clientes nos seus canais de vendas. O objetivo é que, ao final do curso, o empreendedor tenha uma presença digital no mercado. Todos eles têm certificado digital com verificação de autenticidade. Os interessados devem acessar as redes sociais do Sebrae ou a página da entidade.

Economia