Altas no preço do gás e da energia voltam a puxar inflação para cima em Belém
Componentes do grupo habitação aumentaram, respectivamente, 5,55% e 3,52% – este último referente à energia elétrica residencial.
Os componentes do grupo Habitação voltaram a puxar a inflação para cima em Belém, que neste mês de julho está prevista para 0,76% – a variação foi de 0,47% se comparado ao mês anterior (0,29%), e de 0,54 pontos percentuais se comparado ao mês de julho do ano passado (0,22%). Além dos aumentos nos preços do gás de cozinha (5,55%) e energia elétrica residencial (3,52%), o maior impacto isolado que também refletiu no resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi o custo das passagens aéreas, que sofreram incremento de 18,22%.
Os números divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atribuem o reajuste na energia elétrica ao aumento de 52% no valor adicional da bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos (frente a R$ 6,243 em junho) – e provocou uma variação de 2,32% no grupo habitação.
Para a jornalista Gabriela Sobral, o aumento da energia, especialmente, é reflexo de políticas desastrosas, que não focam em outras fontes de energias. “A gente está muito atrasado em relação a fontes renováveis, sendo que estamos na Amazônia né? A gente devia ser referência”, questiona. A jovem de 31 anos, que também é poeta, lembra do tempo em que morou na capital carioca, de outubro de 2018 a setembro de 2020, e, mesmo utilizando micro-ondas e ar-condicionado, pagava mais barato.
“A população é completamente onerada com isso tudo, sendo que vivemos numa região com dias grandes hidroelétricas (Tucuruí e Belo Monte), e pagamos a conta, enquanto a maior parte dessa energia vai para as grandes indústrias. A população fica sujeita a tarifas abusivas, que não tem qualquer tipo de regulação”, finaliza, lembrando que em fevereiro pagou R$ 78,99 e, no mês de julho, R$ 133,69, um aumento de R$ 54,70.
O grupo transportes também registrou uma variação positiva, de 1,37%, puxada não só pelo aumento das passagens aéreas, mas ainda pelo aumento no aluguel de veículos (6,93%), no transporte público (3,11%) e nos combustíveis (1,80%). Durante esse ano, os combustíveis já acumulam alta de 30,20%: o maior peso vem do etanol (45,27%), seguido pela gasolina (29,77%).
A terceira maior alta de julho foi no grupo Vestuário (0,80%), maior em 0,11 pontos percentuais do que no mês de junho. Segundo o IBGE, é o terceiro mês que os números desse grupo apresentam alta, depois de cinco meses em retração, e o motivo seria o reaquecimento da venda de calçados e acessórios e de roupas, que tiveram, respectivamente, altas de 1,37% e 1,02%.
Já o grupo alimentação e bebidas manteve a desaceleração de junho (0,29%) e deve ficar em 0,18% em julho. As maiores reduções de preço vieram da cebola (-15,78%), batata-inglesa (-14,70%), alface (-8,51%), feijão carioca (-6,43%) e arroz (-4,59%). O açaí, que estava em alta no mês anterior (0,93%), também teve redução (-3,35%) em julho. Na contramão, continuaram subindo os valores do açúcar cristal (5,14%) e das carnes (2,01%.). Vale ressaltar que o grupo exerce o maior peso (27,5%) no orçamento das famílias.
Por outro lado, houve deflação no grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,07%), reflexo do reajuste de -8,19% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 8 de julho – o primeiro reajuste negativo autorizado pela instituição.
Cenário nacional
A inflação de julho no país ficou em 0,72%, ou seja, 0,11 ponto percentual abaixo da taxa de junho (0,83%), mas foi a maior variação para um mês de julho desde 2004, quando o índice foi de 0,93%. No ano, o índice acumula alta de 4,88% e, em 12 meses, de 8,59%, acima dos 8,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2020, a variação havia sido de 0,30%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta de preços em julho. A capital paraense segue o mesmo ritmo nacional: o maior impacto (0,33 p.p.) e a maior variação (2,14%) vieram de habitação. A segunda maior contribuição veio dos transportes (1,07% e 0,22 p.p.); seguida de alimentação e bebidas (0,49%). Já saúde e cuidados pessoais (-0,24%) teve queda em relação ao mês anterior.
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