Durante participação em debate organizado pela Band no último dia 16 de outubro, os candidatos ao segundo turno das eleições presidenciais Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram três afirmações sobre a região amazônica, duas enganosas e uma verdadeira.
A equipe do Amazônia Check analisou a veracidade das afirmações do candidato. Confira:
"Foi no nosso governo o menor desmatamento da Amazônia"
Enganoso
Essa informação já foi checada pela equipe do Amazônia Check anteriormente e é considerada enganosa. Apesar da tendência de queda durante o governo de Lula, que reduziu o desmatamento em 61% ao longo de oito anos, foi o governo Dilma Rousseff (PT) que registrou o menor desmatamento da Amazônia, segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais, chegando a 4.571 km².
Apesar de ambos serem do mesmo partido, o ex-presidente não deixa claro se estava se referindo ao mandato dele ou a todo o período do Partido dos Trabalhadores no governo. Se considerado apenas o período em que Lula foi presidente (2003 a 2010), o desmatamento foi de 125.394 mil km², gerando uma média anual de 15,64 mil km².
O número é maior que a média anual do governo Bolsonaro, que foi de 11,39 mil km², considerando os três anos completos do mandato. O total desmatado chegou a 34 mil km².
"E o seu é o maior todo ano"
Enganoso
A fala do ex-presidente que afirma que em todos os anos sob a gestão Bolsonaro o Brasil registrou o maior desmatamento da Amazônia é enganosa, já que ele não cita em relação a qual período e nem estabelece vínculos comparativos com anos anteriores, por exemplo.
O governo de Jair Bolsonaro (PL) tem, de fato, registrado altas consecutivas no desmatamento: 34% em 2019, 7% em 2020 e 20% em 2021. Mas em números absolutos, mesmo o ano de gestão dele com maior área desmatada na Amazônia (2021, com 13.038 km²) tem taxa de desmatamento menor do que todos os anos entre 1988 e 2006, o que não foi contextualizado por Lula.
Abaixo, confira as taxas anuais de desmatamento de cada ano, separadas por Presidente da República:
Governo José Sarney: média anual de 19,41 mil km²
1988: 21,050 km²
1989: 17.770 km²
Governo Fernando Collor de Mello: média anual de 12,84 mil km²
1990: 13.730 km²
1991: 11.030 km²
1992: 13.786 km²
Governo Itamar Franco: média anual de 14.896 mil km²
1993: 14.896 km²
1994: 14.896 km²
Governo Fernando Henrique Cardoso: média anual de 19,14 mil km²
1995: 29.059 km²
1996: 18.161 km²
1997: 13.227 km²
1998: 17.383 km²
1999: 17.259km²
2000: 18.226 km²
2001: 18.165 km²
2002: 21.650 km²
Governo Luiz Inácio Lula da Silva: média anual de 15,64 mil km²
2003: 25.296 km²
2004: 27.772 km²
2005: 19.014 km²
2006: 14.286 km²
2007: 11.651 km²
2008: 12.911 km²
2009: 7.464 km²
2010: 7.000 km²
Governo Dilma Rousseff: média anual de 4,9 mil km²
2011: 6.418 km²
2012: 4.571 km²
2013: 5.891 km²
2014: 5.012 km²
2015: 6.207 km²
2016: 7.893 km²
Governo Michel Temer: média anual de 7,01 mil km²
2017: 6.947 km²
2018: 7.536 km²
Governo Jair Bolsonaro: média anual de 11,39 mil km²
2019: 10.129 km²
2020: 10.851 km²
2021: 13.038 km²
“Dá um Google aí. Desmatamento: 2003 a 2006 - quatro anos do governo Lula, depois dá um Google: "Desmatamento Jair Bolsonaro", 2019 a 2022. No seu governo foi desmatado mais do que o dobro do meu. Você desmatou duas vezes e meio a mais do que o meu governo”
Verdadeira
A afirmação é verdadeira. No primeiro mandato de Lula, entre 2003 a 2006, o total de áreas desmatadas por km² foi de 86.468 km². No governo Bolsonaro, de 2019 a 2021 (os dados de 2022 não foram finalizados), o total de áreas desmatadas foi de 34.018 km². As tendências de cada governo, porém, ficaram de fora da afirmação. Bolsonaro, por exemplo, não citou que entre o primeiro ano e o último ano do primeiro mandato de Lula a taxa de desmatamento diminuiu cerca de 11.110 km², enquanto que no governo do atual presidente, em três anos, a taxa de desmatamento cresceu cerca de 2.909 km².