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Alta da Selic é prejudicial para consumidores, diz especialista

Com o novo reajuste, empréstimos e financiamentos ficam mais caros, e geração de emprego e renda pode ficar prejudicada

Elisa Vaz

A alta excessiva da Selic, a taxa básica de juros da economia, é prejudicial para consumidores, empresários, setor produtivo e para as contas públicas, segundo o economista Eduardo Costa. Pela primeira vez desde 2017, o índice ultrapassou os dois dígitos e teve alta de 1,5 ponto percentual, passando de 9,25% para 10,75% ao ano. Esta é a principal ferramenta que o Banco Central tem para controlar a inflação do país, já que, elevando os juros, caem os incentivos para investimentos e consumo; com menos demanda, a inflação sobe menos e, na teoria, os custos do mercado ficam mais baixos.

Segundo Eduardo, por esta perspectiva, a alta da Selic tem efeitos positivos. “O combate à inflação é positivo para a sociedade porque ela prejudica em especial as famílias de baixa renda, que não têm como preservar o seu poder de compra e seu patrimônio. Há uma estratégia do Banco Central, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), de tentar trazer novamente a inflação para o centro da meta. Então, um dos problemas que nós tivemos no ano passado na economia brasileira foi justamente uma elevada taxa inflacionária que tem impactado o poder aquisitivo das famílias. A inflação ficou muito elevada em 2021 e isso tem feito com que o Banco Central adote medidas de política monetária restritivas. E um dos objetivos é diminuir a demanda agregada da economia”, avalia.

Por outro lado, há uma série de fatores negativos na alta da taxa Selic, porque o baixo consumo para reduzir a inflação desaquece a economia e diminui a capacidade de crescimento do mercado. Em um momento de desemprego como agora, o especialista acredita que seja prejudicial. Segundo ele, desestimular o investimento privado e o consumo das famílias também reduz a projeção de crescimento da economia, o que diminui, portanto, a geração de emprego e renda no país.

Além disso, com a Selic alta, o crédito fica mais caro, porque o índice é a taxa básica de juros, ou seja, regula todas as outras taxas do mercado, em um “efeito dominó”. A tendência desse comportamento é que os financiamentos e os empréstimos se tornem mais caros e isso diminua o incentivo das famílias consumirem. “O aumento da taxa Selic é prejudicial para as famílias, para o setor produtivo, para os empresários – que se valem de financiamentos para seus negócios – e também para as contas públicas, porque ela regula o preço do título da dívida pública, então toda vez que o governo federal, por meio do Banco Central, aumenta a taxa, está aumentando os juros da dívida pública e isso também tem um efeito na diminuição da capacidade de investimento do Estado brasileiro”, argumenta.

Investimentos

Outro impacto da Selic mais alta é na poupança. Na última reunião do Copom no ano passado, a Selic foi reajustada para 9,25%, mudando as regras desse tipo de conta. Isso porque quando a taxa fica acima de 8,5% ao ano, o cálculo do rendimento da poupança, que passou a ser da seguinte forma: 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR). Desta forma, o rendimento ficava em 6,17% ao ano, mais atrativo do que a antiga fórmula.

Para Eduardo, com o aumento da taxa Selic há mais vantagens relativas a fundos de renda fixa, aplicações na poupança e no tesouro direto. “Quando você aumenta a taxa básica de juros, você torna a poupança mais rentável e os fundos de renda fixa também. E as aplicações no tesouro direto, que são as aplicações nos títulos da dívida pública, passam a render mais”, avalia.

O assessor de investimentos Leonardo Cardoso afirma que, sem dúvida, o momento é excelente para quem é conservador mas deseja conhecer novos investimentos além da poupança, como tesouro direto e fundos de renda fixa. “Enquanto a poupança rende algo próximo de 6,17% ao ano, outros investimentos até mais seguros do que ela passarão a render 10,75%. O momento atual é um convite para o investidor buscar ganhos maiores do que a poupança e de proteção contra esse movimento inflacionário forte que tivemos no ano passado”, avalia. Para ele, o caminho mais viável é buscar opções por meio de corretoras.

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