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Agricultura do Pará cresce quase 95% no valor de produção, mostra indicador

Estudos inéditos divulgados pela Fapespa também avaliam a pecuária estadual e mostram municípios que têm destaque no setor

Elisa Vaz

A agricultura do Pará bateu o recorde no valor de produção de suas lavouras no período de 2019 a 2021, passando de R$ 10,6 bilhões para R$ 20,6 bilhões, segundo o "Anuário Estatístico do Pará 2022", lançado nesta quarta-feira (16) pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), em Belém. O valor mencionado na agricultura representa um crescimento de 94,3%, quase o dobro. Na quantidade produzida no Estado, o número alcançou a marca de 13,9 milhões de toneladas em 2021, reajuste de 4,3% em relação a 2020.

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O estudo também mostra dados da pecuária. Em 2021, o Pará chegou à 3ª posição no ranking nacional de rebanho bovino, com 23,9 milhões de cabeças, o que corresponde a uma alta de 6,6% na comparação com o ano anterior. Além disso, o Estado é o maior produtor de bubalinos, com cerca de 620 mil cabeças, o equivalente a 60% do rebanho nacional. Entre os municípios do Brasil, segundo a Fapespa, a liderança ficou com São Félix do Xingu, com 2,5 milhões de cabeças, uma alta de 4,2% em relação a 2020.

No setor de infraestrutura, no âmbito do consumo de energia elétrica, o Anuário mostra que o Pará avançou 9,2% no número de consumidores residenciais e 7,7% nos industriais no período de 2017 a 2021. Em relação à frota de veículos, o Estado alcançou, no ano passado, um total de 44,8% de sua frota licenciada. Confira um compilado dos dados apresentados pela Fapespa ao final desta reportagem, no infográfico.

Regiões

Outro estudo divulgado ontem pela Fundação foi o "Radar de Indicadores das Regiões de Integração 2022", que reúne diversos indicadores e informações do Estado divididos pelas 12 regiões de integração e pelos 144 municípios. O diretor-presidente do órgão, Marcel do Nascimento Botelho, afirma que, normalmente, é quase impossível conhecer um Estado das dimensões do Pará, por isso a amplitude dos dados apresentados permite ter informações do território como um todo, em várias áreas.

"É possível discutir prioridades e ações específicas para locais determinados e sair daquele senso comum, que é perigoso quando você trabalha com as médias, porque elas escondem tanto coisas muito boas como coisas muito ruins, os fatores positivos e negativos. Aqui trazemos o dado completo. Isso permite que observemos quem se apresenta de forma mediana, quem está muito bem ou quem está aquém em determinado parâmetro, e aí você adequa as políticas e os investimentos à necessidade real daquela localidade", comenta.

Entre as regiões avaliadas, Carajás apresentou o maior PIB, somando R$ 48 bilhões, assim como maior PIB per capita, de cerca de R$ 70 mil, além de ter o segundo maior número de empregos formais, com 142,1 mil postos de trabalho. A cidade também tem a maior arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a maior exportação da balança comercial do Pará, entre outros índices. Já a região guajarina tem o maior número de empregos formais, somando cerca de 491,4 mil postos de trabalho, o segundo maior PIB (R$ 44,2 bilhões), o segundo maior PIB per capita (R$ 19,7 mil) e a segunda maior arrecadação de ICMS.

Em relação à agropecuária, as regiões se destacaram da seguinte forma: Araguaia com a maior produção de abacaxi, milho, bovinos e equinos; Baixo Amazonas sendo o maior produtor de limão, melancia e mandioca; Carajás é a região que mais produz tomate, ovinos e leite; Guamá tem a maior produção de mamão, maracujá, galináceos e ovos e galinha; o Marajó é o maior produtor de arroz, suínos e rebanho bubalino; Rio Caeté lidera a produção de feijão; Rio Capim produz mais cana-de-açúcar, soja, laranja e mel de abelha; Tocantins é o maior produtor de açaí, coco-da-baía e dendê; enquanto o Xingu tem a maior produção de banana, cacau e café. O Tapajós e o Guajará não se destacam nesses segmentos.

Importância

O diretor-presidente da Fapespa diz que os dados mostram qual região está se saindo melhor em cada área. "Embora estejamos falando da Amazônia como um todo, tem uma região que é fortíssima no minério, outra no turismo, outra na pecuária, na agricultura, cacau, dendê, laranja,  bubalinos ou bovinos e assim por diante. Então, a diversidade é incrível nesse Estado e essa compartimentalização é importante para que os investidores tomem a melhor decisão. Eu insisto sempre nisso. Não vamos sair do senso comum, vamos enxergar os dados reais, é essa a importância que esse boletim da Fapespa traz", ressalta.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), Roberto Alcântara, a principal importância da divulgação está no fato de que agora todos passam a ter uma fonte confiável com dados produzidos na própria região. "Acho que para nós, que somos economistas, bem como para todas as pessoas que trabalham com pesquisas e precisam de números o mais exatos possível, os estudos vêm impactar. É importante que você tenha um órgão como esse produzindo informação da própria terra e que você possa, a partir daí, realmente usufruir desses indicadores", avalia.

Com relação ao que foi apresentado, o economista ressalta o crescimento dos indicadores em relação ao cenário nacional. "Isso é fruto de todo um trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo do tempo por quem está à frente da gestão do Estado e dos municípios para que o Pará possa alcançar a posição da qual ele nunca deveria ter saído", ressalta.

Anuário Estatístico do Pará 2022

  • Demografia

Índice de envelhecimento: alta 21,1% entre 2017 e 2021

Bannach e Ulianópolis lideram indicação, com variação respectiva de 38,3% e 33,7%

  • Economia

Agricultura

Valor de produção de lavoura: alta de 94,3% entre 2019 e 2021, passando de R$ 10,6 bilhões para R$ 20,6 bilhões

Quantidade produzida: alta de 4,3%, alcançando 13,9 milhões de toneladas em 2021

Pecuária

Rebanho bovino: alta de 6,6% entre 2020 e 2021, com 23,9 milhões de cabeças e a 3ª posição no ranking nacional

Rebanho bubalino: 620 mil cabeças, ou 60% do rebanho nacional, sendo o maior produtor

  • Social

Taxa de mortalidade infantil: -4,7% entre 2017 e 2021, com retração em 74 municípios

Proporção de mulheres de 25 a 64 anos que realizaram exames citopatológicos do colo do útero: 46,8% entre 2020 e 2021

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para séries iniciais: nota 4,9

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para séries finais: nota 4,4

  • Meio ambiente

Focos de calor: -40,7%, passando de 38,6 mil para 22,8 mil em 2021

Incremento anual de deflorestamento (km²): 11,4% entre 2020 e 2021, passando de 4,6 mil km² para 5,1 mil km²

  • Infraestrutura

Número de consumidores residenciais de energia elétrica: 9,2% entre 2017 e 2021

Número de consumidores industriais de energia elétrica: 7,7% entre 2017 e 2021

Frota de veículos licenciados: 44,8% em 2021

Fonte: Fapespa

Economia