Uma releitura da pandemia e experimentações estão juntas em obras de paraense
Sérgio Bastos utilizou lápis de cor para produzir as novas obras, um material pouco utilizado por artistas profissionais

A inquietação é parte do perfil de muitos artistas, e essa também é uma das características Sérgio Bastos. O pintor voltou a se dedicar a produção artística em 2003 e desde lá vem tentando aprender outras técnicas para se expressar. Sempre a procura de experimentar coisas diferentes, desta vez ele resolveu explorar materiais relegados e, até considerados básicos, como o lápis de cor.
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Ao invés das aquarelas ou de pinturas a óleo, os retratos de obras famosas e artistas com máscaras de proteção criados Sérgio são produzidos com lápis coloridos. “Há muito tempo tinha vontade de trabalhar somente com lápis de cor. É algo que quase ninguém usa hoje em dia, eu resolvi experienciar e fazer no lápis”, detalha.
“O lápis de cor é uma coisa muito pouco usada, nenhum artista usa lápis de cor para fazer obra, é algo muito pouco formal. Os artistas de fama internacional usam tinta a óleo, ou aquarela, não conheço ninguém que trabalhe em lápis de cor. O lápis é usado em experimento e estudo. Eu resolvi usar ele como mídia mesmo. Antes de fazer a série de lápis de cor, eu estava experimentando a pintar com café, há dois ou três anos atrás comecei a fazer desenhos com café inspirado no samba”, complementa.
Sérgio tem longa experiência como ilustrador em grandes jornais diários como O LIBERAL. “Trabalho com ilustração há muito tempo, mas eu não sobrevivo disso. Na verdade, minha história é assim, com ilustração e pintura, comecei a pintar com 19 anos, no antigo Estado do Pará, que depois virou Diário do Pará. Fiquei dois anos lá como ilustrador e diagramador. E depois fui para O LIBERAL com dois anos. Depois fui para publicidade e abandonei o desenho. Há quase 20 anos não desenhava absolutamente nada, e em 2003 comecei a desenhar de novo”, relembra.
Sérgio começou a produzir uma coluna com artes em O LIBERAL para o espaço chamado “Belém tem disso”, que durou aproximadamente cinco anos, sendo publicada semanalmente. Somente na série “Belém tem disso” Sérgio produziu aproximadamente 500 obras. Um dos seus grandes projetos foi o “Amazônia Líquida” somente com pinturas em aquarelas com rios nas paisagens. “Eu geralmente produzo muito, tenho muito desenho, mas exponho pouco”, diz.
Os retratos e a experimentação foi a forma que Sérgio Bastos encontrou para fugir um pouco da realidade e suportar o momento. “É uma coisa que a gente vai suportando, a arte para mim é uma coisa que está sendo para segurar a onda. Mesmo neste momento mais difícil a gente é capaz de fazer releituras, pode tirar qualquer. A máscara tem uma conotação de defesa e proteção”, argumenta.
Mais preocupado em fazer a arte ser acessível, Sérgio Bastos comenta que sempre gostou mais de fazer exposições em lugares abertos como bares ao invés de galerias. “Nunca fiz um circuito muito grande de exposições. A minha ideia é de tentar fazer com a arte chegue mais às pessoas, galeria é algo muito complicado e difícil das pessoas irem”, declarou.
As obras já estão acessíveis para quem quiser ver as obras no perfil @sergiobastospinta no Instagram. Quando a pandemia passar e a série for concluída, ele planeja fazer uma exposição presencialmente com as obras produzidas durante este período. “Eu quero expor o material todinho, daqui há algum tempo talvez possa fazer muita coisa. Quem sabe ano que vem...”, imagina.
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