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Três obras paraenses são finalistas do Prêmio Jabuti 2022

'Brega Story', de Gidaltti Jr, concorre na categoria Quadrinhos; 'Say it (over and over again)', do saudoso Max Martins, em Poesia; e 'Letras que Flutuam', de Fernanda Martins, é finalista das categorias Não Ficção/ Arte, Projeto Gráfico e Capa.

Enize Vidigal

Três obras do Pará estão entre as finalistas do Prêmio Jabuti 2022. O desenhista e escritor paraense Gidaltti Jr, vencedor da categoria Quadrinhos em 2017 com “Castanha do Pará”, foi novamente indicado nessa categoria pelo livro “Brega Story” (Brasa Editora), mesma obra com a qual venceu o CCXP Awards de Melhor Álbum. Outros finalistas da 64ª edição foram “Say it (over and over again)”, do saudoso poeta paraense Max Martins (Editora da UFPA), indicado na categoria Poesia; e “Letras que Flutuam” (Secult), projeto de pesquisa da paulista Fernanda Martins, que foi indicado nas categorias Eixo Não Ficção/ Artes, Projeto Gráfico (Sâmia Batista) e Capista (Felipe Wanzeler).

Confira a lista completa dos finalistas aqui.

“Estou muito feliz. Estava ansioso porque o prêmio é muito importante e eu já estava com um frio na barriga (medo) de ficar de fora. Mas, graças a Deus, a HQ foi bem avaliada pelo júri. A produção nacional está em alto padrão. Os finalistas são grandes autores e autoras. Fico realizado em estar no grupo. Levar é bônus. Já me sinto realizado”, comemora Gidaltti, que reside em São Paulo.

“Brega Story” é um graphic novel ambientado na cena do brega da periferia de Belém. Os quadrinhos reproduzem a explosão de luzes, cores e formas do gênero musical a partir de uma pesquisa gráfico-musical. Em 320 páginas, o autor narra a história do rei do brega Wanderson Jr., que se envolve em maracutaias para atingir o objetivo da fama nacional e, quem sabe, também internacional.

Já “Say it (over and over again)” é o último de 11 volumes da coleção da obra completa de Max Martins, um dos maiores poetas paraenses. O volume reúne poemas inéditos do autor falecido em 2009, que companheiro de geração de Benedito Nunes, Mário Faustino, Haroldo Maranhão, Alonso Rocha, Ruy Barata, Jurandyr Bezerra e Francisco Paulo Mendes. “Say it (over and over again)” reúne alguns poemas inéditos, outros que foram publicados em jornais e revistas e também extraídos de diversas fontes do acervo do poeta, que foi adquirido pela UFPA em 2010 e conservado no Museu da UFPA.

A pesquisadora Fernanda Martins dedica-se ao projeto “Letras que Flutuam” desde 2004, quando iniciou a monografia de especialização no Instituto de Ciências das Artes (ICA) da UFPA sobre os artistas amazônidas conhecidos como “abridores de letras”, que pintam os nomes de identificação de embarcações da região.

“Após 2008, criamos o projeto ‘Letras que Flutuam’ para trabalhar a identificação e divulgação desses artistas, já que é uma manifestação que só acontece na Amazônia. Isso é de muita importância para o Brasil”, conta Fernanda. O projeto resultou em documentário, palestras e oficinas e, após 15 anos, surgiu a oportunidade de lançar o livro pela Secult.

“O livro fala, essencialmente, da letra decorativa amazônica e do artista que exerce essa arte, mostrando como são os barcos, a visualidade deles, a relação de trabalho... Essa arte é pouco percebida e divulgada. É um livro de arte que foge do padrão tradicional e fizemos um livro colorido, cheio de fotos e com a estética dos barcos da região”, conta. “O livro consolidou todo um trabalho de muito tempo. Ser indicada como finalista é a gloria total! Faz com que a gente tenha certeza que as nossas escolhas foram felizes e vai dar mais impulso para essa publicação”, celebra.

Sâmia Batista e Felipe Wanzeler, que são paraenses e assinam o projeto gráfico e a capa de "Letras que Flutuam", respectivamente, também comentam sobre terem sido finalistas no Jabuti. "O design gráfico foi pensado pra valorizar a estética dos abridores de letras. Os detalhes do projeto gráfico foram escolhidos a partir do universo deles, como as letras capitulares que abrem os capítulos, os caqueados dos barcos, as texturas e as fotografias, que são parte do nosso acervo e também de fotógrafos que conseguiram captar a importância dessa manifestação popular", conta Sâmia.

"Essa foi minha primeira indicação, uma honra. Apesar de ser designer gráfico, sempre tive muito apreço ao design editorial e comecei recentemente a explorar esse lado da profissão. É muito gratificante receber essa indicação no terceiro livro que fiz, principalmente por ser um projeto tão importante para a cultura paraense", acrescenta Felipe.

 

 

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