Série 'Cine Holliúdy' leva o humor do Nordeste para a tela da TV

Muita poesia e até uma certa musicalidade no jeito de falar. O sotaque e as expressões de "Cine Holliúdy", série inédita de dez episódios que estreia nesta terça-feira, 7, na Globo/TV Liberal, denunciam o retorno de um estilo que sempre fez muito sucesso na televisão brasileira: o humor regional. E ele vem direto do Ceará, região que tem tradição no gênero, seja por meio da arte ou no cotidiano de seu povo.

“O dia a dia do Ceará já é uma comédia por natureza. A vida é muito simples, estamos expostos à uma realidade onde a comédia é visceral, na urgência. Eu vivo no meio do humor a maior parte do meu tempo”, pontua o cearense Halder Gomes, criador do filme "Cine Holliúdy" e diretor na série.

Assim como Halder, atores que têm uma longa trajetória com o humor no Ceará fazem parte do elenco de "Cine Holliúdy" e dão vida a Francisgleydisson (Edmilson Filho), Munízio (Haroldo Guimarães), Lindoso (Carri Costa), Dona Belinha (Solange Teixeira) e delegado Nervoso (Frank Menezes) entre outros. 

“A simplicidade do humor cearense aparece porque nos momentos de dor ele se faz rir e se coloca como protagonista daquele riso. Isso é muito natural e despertou a ideia de que o cearense é um bom contador de causos. A piada nada mais é que um causo curto, geralmente surpreendente e que causa o riso”, define Carri Costa, ator e pesquisador com mais de 30 anos de história nos palcos e grupos de estudo na região.

Halder Gomes, criador dos filmes de mesmo nome e diretor na série, ressalta sua surpresa ao ler o roteiro da história inspirada em sua obra original. “Achei incrível como os roteiristas encontraram o lúdico, o fantástico, a essência, o frescor daquele universo, com a mão tão certeira. Identificamos o universo dos filmes de forma adaptada para a linguagem televisiva, e que dialoga muito com o cinema. Está tudo muito bonito, muito ritmado, engraçado”, conta o diretor cearense. 

O primeiro episódio começa com a chegada de Marylin (Letícia Colin) e Maria do Socorro (Heloísa Perissé) a Pitombas pode antecipar um problema pelo qual Francisgleydisson (Edmilson Filho) não queria ter de passar: a batalha entre o Cine Holliúdy, principal atrativo cultural da cidade cearense, e a TV, novidade que vai hipnotizar a todos. “A TV vai parar em Pitombas por conta da Marylin, mas ela é grande defensora do cinema e se junta ao Francis para lutar por isso. É a resistência do velho diante do novo, uma disputa muito interessante do cinema com a TV”, explica a diretora artística Patrícia Pedrosa.

Mesmo encantado pela moça, Francis decide roubar o aparelho. Para isso, conta com seu melhor amigo de infância e fiel escudeiro Munízio (Haroldo Guimarães). “O interesse dele é viver do cinema”, descreve o ator Edmilson Filho. A dupla Francis e Munízio, que arma um plano e consegue tomar o televisor que estava com Seu Jujuba (Gustavo Falcão), assessor e motorista do prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele), é logo descoberta e passa a ver o sol nascer quadrado.

Marylin entende as intenções de Francis e passa a admirá-lo, demovendo do prefeito Olegário a ideia de manter o ‘cinemista’ e seu amigo presos. A moça decide se juntar a eles e descobre a chance de se tornar atriz de cinema. “Ela encontra uma paixão impensada, alguém muito diferente dos caras que ela estava acostumada a se relacionar. E descobre esse ofício, essa profissão de ser atriz. A arte vai salvar a Marylin”, conta Letícia.

Enquanto Francisgleydisson, Marylin e Munízio planejam suas aventuras por trás das câmeras, na criação de seus próprios filmes, o prefeito Olegário e a primeira-dama Maria do Socorro comemoram com todo povo de Pitombas a primeira exibição de novela na praça da cidade.
A série de Marcio Wilson e Claudio Paiva é inspirada no longa-metragem homônimo escrito e dirigido por Halder Golmes. A direção artística é de Patricia Pedrosa e a direção de Halder Gomes e Renata Porto D’Ave. . A série já está disponível na íntegra para os assinantes do Globoplay.