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Saúde mental: a epidemia da depressão invade a arte

Como a doença, conhecida como o “Mal do Século”, vem afetando o mundo artístico nos últimos anos

Bruna Dias

Em 2021, o ano em que a pandemia de covid-19 tomou conta do mundo, a prevalência global de transtorno de ansiedade e depressão aumentou 25%, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um resumo científico divulgado pela organização mostra que uma das explicações para o aumento dos casos é o estresse, que pode ter vindo do isolamento social necessário neste período. Porém, mesmo antes desses período pandêmico o número de pessoas com depressão no Brasil já era bem alto.

Por exemplo, quase 19 milhões de brasileiros conviviam com ansiedade e depressão em 2019, segundo a OMS. Conhecida como o “Mal do Século”, recentemente muitos famosos resolveram falar sobre o assunto, entre eles o youtuber mais famoso do Brasil, Whindersson Nunes, o cantor João Gomes, Felipe Neto, Paula Fernandes, Wanessa Camargo e Anitta, entre outros.

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Mariana Pereira, especialista em psicologia clínica, acredita que uma das coisas com as quais o artista precisa lidar é com a busca da aceitação, e essa validação do público pode gerar uma enorme ansiedade. “A fama é um lugar ideal e cheio de expectativas. O reconhecimento do público é uma consequência de um trabalho bem feito. No entanto, quem busca fama sempre quer mais. Não basta o reconhecimento, precisa do holofote e da constante publicidade. E isso traz muitas expectativas e pode gerar frustrações muito grandes, o que pode levar a um adoecimento psíquico. A busca deveria ser por um trabalho bem feito e não somente a fama pela fama. A fama é passageira, depende do humor e da avaliação do público. O bom trabalho, algumas vezes, traz a fama como forma de reconhecimento, mas não só ela. Focar na execução de um bom trabalho é construir uma história. Focar apenas na fama, é somente pensar no fim, nem sempre dando a devida importância para a construção dessa história”, explicou a psicóloga.

“Viver sob holofotes esconde, muitas vezes, um choro embargado ou uma preocupação calada. Fazer arte é ter que viver um personagem nos palcos e nas telas, mas fora deles, são humanos que sentem (e sentem muito!). Tristeza, apatia, ansiedade, irritabilidade e sentimento de desesperança são alguns sintomas depressivos que não só os artistas podem ter, mas qualquer um de nós. Ao postar fotos com pompa ou ao interpretar um papel na televisão, o artista não precisa falar o que sente. A vida publicizada é um recorte muito pequeno da vida dos famosos, que sentem sentimentos negativos e só não divulgam”, finaliza

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