Salve Jorge: 23 de abril é comemorado o Dia do Choro e do Santo Guerreiro
O músico Diego Xavier fala do cenário do choro no Pará e no Brasil
O músico Diego Xavier fala do cenário do choro no Pará e no Brasil
O domingo por si só já combina com samba, mas, quando nele cai o 23 de abril o dia passa a ter um significado maior, pois a data celebra o Dia do Choro e também o santo padroeiro do samba, São Jorge. A equipe de Oliberal.com conversou com o artista e educador Diego Xavier, que apesar de ser um jovem músico, já vem trilhando e solidificando seu nome nesses dois gêneros da música brasileira. Neste domingo (23), o artista se apresenta no Projeto “Pagode e Chinelo” ao lado de vários artistas do gênero, no Porto Ver-o-Rio, a partir das 16h.
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Diego explica que o dia 23 de abril é um marco para a música brasileira, pois nesta data se comemora o nascimento de Alfredo da Rocha Vianna Filho, mais conhecido como Pixinguinha. “O “São Pixinguinha” foi um maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador brasileiro, que muito contribuiu para a consolidação e popularidade do choro ou “chorinho” como gênero musical. Por isso, nesta data comemoramos o Dia Nacional do Choro”, explica.
O artista destaca que o gênero se misturou aos outros batuques tocados e cantados nos terreiros e veio a influenciar uma boa parte da música, outros compositores e músicos pelo Brasil e mundo afora. O artista acrescenta que o choro e samba sempre andaram lada a lado, apesar de o choro ser a primeira música mais genuína brasileira.
Sobre esse cenário no Pará, Diego Xavier diz que o estado teve vários incentivadores e divulgadores deste gênero do choro. “Podemos citar Tó Teixeira, um dos grandes violonistas da Amazônia, o maestro Waldemar Henrique, Álvaro Drago entre outros. Mas, foi em meados dos anos 80 quando o então chorão Aldemir Ferreira, apaixonado pela música instrumental, passou a abrir a sua casa para receber os amigos para tocar choros, valsas e outras canções em seu quintal, com essas reuniões eles fundaram a Casa de Choro”, explica.
Após o falecimento de Aldemir, Xavier detalha que os amigos e adeptos do choro ficaram órfãos, por isso, em 1987, o Gilson Rodrigues, impulsionado pelo amor ao choro e também pelos amigos que queriam um lugar para tocar, fundou a Casa do Gilson, templo da cultura e do choro do Pará há mais de 35 anos. “E de lá pra cá, esta casa deu muitos frutos, grupos como Regional Corta Jaca, fundado por Yuri Guedelha, Luiz Pardal, Maurinho, ou Gente de Choro com Adamor do Bandolim, Biratan Porto, Gerardão, Paulo Moura, Sapecando no Choro, Charme do Choro, entre outros”, pontua o artista.
O músico diz que, hoje, o cenário do choro no Pará é vasto, tendo um núcleo de oficinas gratuitas na casa da linguagem, o Choro Pará, projeto idealizado por Jaime Bibas e continuado pelo Paulo Moura. “Essa valorização e fomento do gênero fez com que surgissem novos grupos como Engole Choro, Quinteto Caxangá e o Mercado do Choro”, acrescenta.
No mundo do samba, Xavier exalta que São Jorge é o grande protetor dos sambista, sendo assim adotado pelos artistas e compositores, por ele ser um santo guerreiro e proteger aqueles que vagam pela boemia. “Acredito também, que muitos compositores e artistas foram fundamentais na popularização do santo guerreiro, da devoção e conhecimento da história de São Jorge, muitas vezes cantada em verso e prosa por compositores como Zeca Papagodinho, Jorge BenJor, Xande de Pilares, Serginho Miriti, e até eu influenciado por essa devoção já compus algumas canções com o Marquinho Melodia, Carla Cabral e Guto Risuenho”.
E ainda para celebrar a data, no próximo dia 30de abril, será comemorado a Festa de São Jorge, com o evento Filhos de Jorge. A programação conta com diversas atrações: Olivia Melo, Brenda Moraes, Darley Darlen, Iara Me, Karen Tavares, Geraldo Nogueira, Mayara Cavalcante, Jeff Moraes, Guto Risuenho entre outros. Informações: 91983022726.
Diego Xavier é musico, multi-instrumentista, nascido em Belém, no dia 2 de fevereiro de 1987, herdou a musicalidade de seu avô Osvaldo Barros (Vaíco) grande violonista de Belém do Pará, tendo se aperfeiçoado no Conservatório Carlos Gomes e depois ingressou a universidade do estado Pará (Uepa) no curso de Licenciatura plena em música.
Atua no meio artístico desde os nove anos de idade tocando profissionalmente. Em 1997 fundou o grupo de choro Uirapuru do Conservatório Carlos Gomes com o prof. Idalcir Pamplona (Cizinho) quando tinha apenas 10 anos, e no mesmo ano integrou a Orquestra Jovem do FCG onde gravou o CD “Tempo e Destino” do cantor Nilson Chaves, Cd este indicado para o Grammy latino de melhor disco de música regional como melhor álbum de 2000. Neste período foram grandes suas influencias, artistas regionais locais e nacionais, o que levaram integrar alguns grupos folclóricos de Belém, entre eles, Cheiro do Pará, Sabor Marajoara, entre outros. Integrou bandas de samba e pagode de Belém; Nosso lance, Revolusamba, Irreverência, entre outros que contribuiu fazendo direção e arranjos para alguns trabalhos.