Rota Ancestral promove ecoturismo e resgate cultural em Icoaraci

Cerâmica e ancestralidade guiam o circuito cultural

Bianca Virgolino | Especial O Liberal
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Na manhã deste domingo (4), o distrito de Icoaraci recebeu a primeira edição da “Rota Ancestral – Movimentando o Ecoturismo em Icoaraci”, uma iniciativa promovida pelo Coletivo Chibé, que atua na valorização cultural e territorial da região. A atividade reuniu 40 participantes em um percurso que uniu história, memória e natureza, celebrando a tradição oleira local e promovendo conexões com a ancestralidade amazônica.

A concentração ocorreu às 8h, no Espaço Cultural e Biblioteca Chibé, ponto de partida do trajeto. De lá, os participantes seguiram por uma rota que incluiu visitas às casas de cerâmica dos artesãos Marivaldo e Guilherme Santana, à Orla de Icoaraci e, por fim, ao espaço cultural Coisas de Negro, encerrando um circuito marcado pela imersão nos saberes tradicionais e no fazer artesanal da cerâmica.

image A atividade reuniu 40 participantes em um percurso que uniu história, memória e natureza (Wagner Santana)

A idealizadora e gestora executiva do coletivo, Tay Silva, de 26 anos, conta que o projeto nasceu em 2024 a partir de uma parceria com o Ecomuseu de Belém. “Desde esse momento foi plantada a sementinha para a Rota Ancestral nascer, de forma maior, abarcando tanto o Paracuri quanto outros espaços educacionais de Icoaraci”, explica. Segundo Tay, o coletivo começou com dez integrantes e, após a formação da primeira turma nos cursos de Ecoturismo, História, Patrimônio e Memória de Icoaraci, passou a contar com cerca de vinte colaboradores.

Mais do que um roteiro turístico, a Rota Ancestral é, para Tay, uma forma de reafirmar vínculos com o território. “A gente gosta de pensar que um corpo que sabe da onde vem, que conhece sua história, entende a importância de preservar ela. O coletivo nasceu com esse propósito.” Para ela, a cerâmica não é apenas um ofício: está intimamente ligada à natureza e aos modos de vida locais. “Falar da importância da cerâmica é reconhecer que ela está conectada com os rios, com os igarapés que hoje estão morrendo. Quando o rio morre, tudo isso pode morrer também.”

A proposta também visa fortalecer a economia local, ao valorizar os mestres oleiros e suas oficinas como espaços de produção cultural. “Queremos entender como esses lugares movimentam a economia local a partir do barro, da cerâmica e de outros saberes tradicionais”, afirma Tay.

image “A gente gosta de pensar que um corpo que sabe da onde vem, que conhece sua história, entende a importância de preservar ela", disse Tay Silva (Wagner Santana)

Entre os participantes, a experiência foi marcada pela troca de saberes e pelo sentimento de pertencimento. Edinea Smith, artista de 59 anos, destaca o valor do conhecimento ancestral compartilhado durante a rota. “Saberes ancestrais a mais nunca é demais. O que mais me chamou atenção foram as artes em cerâmica, essa resistência dos mestres em preservar o meio ambiente através da cultura. Eles estudam e buscam conhecimento, mesmo com tantas dificuldades para se inserir no mercado.”

image "Saberes ancestrais a mais nunca é demais", afirma Edinea Smith (Wagner Santana)

Já para Vanessa Campos, publicitária de 27 anos, a vivência foi uma verdadeira viagem no tempo. “A gente conhece e resgata nossas histórias. É um momento de reconexão com a ancestralidade e com a memória coletiva.” Ela se impressionou especialmente com as diferenças entre as olarias visitadas. “Cada uma tem sua identidade, seus traços e cores próprios. A influência da cerâmica tapajônica é visível. Eu estava curiosa para conhecer a cerâmica da família Santana e agora quero até fazer aulas com eles.”

image "É um momento de reconexão com a ancestralidade e com a memória coletiva", disse Vanessa Campos (Wagner Santana)
 
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