Realidade virtual indígena 'Kamukuwaká – O Chamado da Floresta' está disponível na COP30
Projeto apoiado pelo programa convida o público a refletir sobre a urgência climática a partir da sabedoria ancestral do Xingu
Nesta terça-feira, 18, será apresentada ‘Kamukuwaká – O Chamado da Floresta’, uma experiência em realidade virtual dirigida pelo cineasta e fotógrafo indígena Piratá Waurá, durante a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas. O projeto, contemplado na edição 2023-2024 do programa Rumos Itaú Cultural, usa a realidade virtual para transportar o público ao Território Indígena do Xingu, para vivenciar a cultura do povo Wauja e refletir sobre os impactos da crise climática a partir da ancestralidade indígena.
A experiencia estará disponível no Pavilhão da Floresta/Ciências Planetárias, localizado na Zona Azul da COP30. Às 12h15, irá acontecer o encontro Saberes Indígenas e Ciência Climática em Diálogo, já a realidade virtual ficará disponível durante todo o dia.
Na quarta-feira, 19 (quarta-feira), às 10h, no Capacity Building Hub, também localizado na Zona Azul, terá o debate ‘Os futuros que imaginamos: compartilhamento de saberes e diálogos abertos’.
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O ‘Kamukuwaká – O Chamado da Floresta’ usa a filmagens em 360° e tecnologias de digitalização 3D, recriando ambientes como a aldeia Ulupuwene e a Gruta de Kamukuwaká, espaço onde a cosmogonia do Xingu está inscrita em desenhos milenares. A experiência convida o público a visitar esse universo, interagindo com elementos da natureza e rituais conduzidos por um pajé.
A obra tem co-direção de Francisco Almendra, do Studio Kwo, do Rio de Janeiro, que assina a produção junto com a People’s Palace Projects, do Reino Unido. Combinando arte, tecnologia e espiritualidade, conduzida pela narração da ativista Shirley Krenak, vai além de uma experiência imersiva, propondo uma reconexão com a Terra e com a sabedoria dos povos originários como caminho de preservação ambiental.
“O mundo precisa ver que o território indígena do Xingu se tornou uma ilha verde cercada de soja. O mito do Kamukuwaká pode ser a resposta para a preservação do planeta”, afirma o diretor Piratá Waurá.
O projeto é resultado da luta do povo Wauja, do Alto Xingu, pela preservação de seu principal patrimônio cultural: a Gruta Sagrada de Kamukuwaká, tombada pelo IPHAN e vandalizada em 2018. Considerada o “livro do conhecimento” dos povos xinguanos, a gruta guarda registros ancestrais de rituais, pinturas corporais, cantos e cosmologias.
Em resposta a essa violência, o povo Wauja, a People’s Palace Projects e a espanhola Factum Foundation trabalharam juntos por quase uma década na recuperação das gravuras vandalizadas e na criação de uma réplica da gruta em tamanho real, hoje instalada na aldeia Ulupuwene, no Xingu. Dessa colaboração nasceu um piloto em realidade virtual, para que os indígenas pudessem continuar visitando a gruta — ainda que virtualmente — e foi o ponto de partida para o desenvolvimento da experiência em realidade virtual.
“Esta obra é um chamado do povo Wauja para que o público compreenda o que todos temos a ver com a destruição das culturas e territórios da floresta — e para que despertemos à ação climática, do quintal de casa ao bem global”, afirma Yula Rocha, produtora executiva e gerente da People’s Palace Projects.
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