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Projeto Belém Fashion 405 apresenta coleção em projeção de videomapping

Roupas criadas a partir da reutilização de peças serão exibidas em fachada de prédio neste sábado

O Liberal

Quem passar na noite deste sábado (2), por volta das 19h, nas proximidades da Avenida Tiradentes, esquina com a Visconde de Souza Franco (Doca) vai poder acompanhar o desfile de moda da designer paraense Jacke Carvalho. Sem a tradicional passarela, o resultado do projeto Belém Fashion 405 poderá ser visto por meio de uma macro-projeção na lateral superior de um prédio bem no centro da cidade.

As peças apresentadas são inspiradas na capital paraense, e em especial, na Feira do Ver-o-Peso, e seus ícones com as erveiras, os peixeiros, os barcos, o açaí, além da tradicional chuva. Um dos diferenciais do projeto é que ao invés de criar novas peças, a designer deu uma “vida nova” a roupas que já existiam e foram garimpadas em brechós do Ver-o-Peso e seu entorno.

A partir da seleção, a designer desmontou as peças, criando novos produtos. “As roupas foram selecionadas de acordo com o meu tema, minha temática. Minha ideia é homenagear Belém e mais em específico o Ver-o-Peso, que é um lugar que tem muitas características peculiares. Me inspirei na feira e em seus arredores, nos mercados, nessa cultura ribeirinha”, explica.

As peças foram redirecionadas para um novo ciclo, valorizando a sustentabilidade. Desmanchadas se transformaram em novos modelos. “Por exemplo, uma jaqueta foi transformada em uma calça. Um tipo um agasalho de mangas longas foi transformado em uma jardineira, inspirada no avental usado pelas erveiras do Ver-o-Peso, que ficou incrível. Todas as peças foram modificadas. Originalmente elas eram uma e foram transformadas em outra. Um vestido se transformou numa regata inspirada nos peixeiros. Uma jaqueta que foi transformada numa calça e assim por diante”, detalha Jacke.

O trabalho exigiu um tempo de pesquisa da designer, antes de se lançar em busca das peças que seriam compradas nos brechós. “Em minha cartela de cores utilizei as primárias, que são as mais usadas pelos barqueiros. No Ver-o-Peso tudo é muito colorido. Fiz uma pesquisa fotográfica anteriormente e também de observação. Vi que os trabalhadores gostam muito das linhas esportivas. Também são muito ligados a essa coisa do clube, do Remo e do Paysandu”, ressalta.

Além disso, pelo fato do trabalho deles estar relacionado à água, a opção é sempre por roupas mais finas, leves, que secam rápido. “Quando fui escolher as peças já fui exatamente direcionado para esse estilo, o SportWear, uma roupa mais ligada ao esporte, mas não necessariamente um uniforme esportivo, mas com linhas esportivas, modelagens esportivas”, acrescenta.

Essa inspiração permeia todo o desfile. “A cultura ribeirinha será notada nos looks inspirados nos barcos dos barqueiros. Vai identificar as modelagens das erveiras, aquelas blusinhas ombro a ombro, a jardineira que imita os aventais delas e nas cores”, reforça.

A designer afirma que a capital paraense é um campo riquíssimo para inspirações e a Feira do Ver-o-Peso é uma síntese disso. “Ela me dá uma orientação muito mais real da nossa cidade, muito mais cultural, relacionada ao nosso povo. O Veropa me traz lembranças de infâncias, de momentos, de histórias que ouvia do meu avô que trabalhava no Ver-o-Peso. Ele era fabricante de calçados, sem saber, já era um design de sapatos. Por isso, quis que essa homenagem fosse mais real do que conceitual, incorporando essa realidade do Ver-o-Peso, que é muito linda”, resume.

O resultado mostrado no desfile será também uma forma de incentivar esse reaproveitamento de peças. “As pessoas ainda não têm o hábito de incorporar essa coisa de customizar, como se falava antes, agora é modificar, que é um processo de reutilização. São poucos estilistas em Belém, criadores de moda, que trabalham com essa questão de transformar uma coisa em outra, dar um novo ciclo, um novo sentido para aquela peça”, opina.

Ao todo serão duas horas de projeção onde serão apresentados nove looks. A macro-projeção vai utilizar a técnica de projeção mapeada, uma das mais inovadoras técnicas de artes visuais da atualidade, onde fachadas e a arquitetura da cidade são ressignificadas a partir do uso de imagens. A projeção será documentada em vídeo e lançada nas plataformas digitais para que o público contemple também de modo virtual essa homenagem a Belém.

A macro-projeção tem a co-direção da artista visual paraense Roberta Carvalho, realizadora do Festival Amazônia Mapping, que no ano passado ganhou o Prêmio SIM São Paulo na categoria Inovação: Música e Tecnologia.

Agende-se:

Desfile Belém Fashion 405, da designer de Moda Jacke Carvalho
Data: 2 de outubro, às 19h
Local: Travessa Tiradentes esquina com a Doca
Informações: @ jackecarvalhodesigndemoda

Cultura