Programação voltada para o universo LGBT terá show de Liniker e os Caramelows
Evento no Hangar terá, ainda, exibição do documentário 'As Filhas da Chiquita" e performance das Drags do coletivo Noite Suja
As vozes LGTQIA+ irão ecoar na programação na Feira Pan-Amazônica do Livro e da Multivozes nesta segunda-feira, 26. O evento, que este ano traz programação temática dividia por dia, inicia às 10h30 com um debate sobre “Arte e Sustentabilidade”, na Arena Multivozes. A feira ocorre no Hangar Centro de Convenções, com entrada franca.
A programação desta segunda-feira também inclui um dos momentos mais aguardados pelo público, o show de Liniker e os Caramelows. A artista retorna a Belém para apresentar desta vez o show de seu segundo disco, ‘Goela Abaixo’. A apresentação é gratuita e inicia às 21h30.
Forte representante da comunidade LGBTQIA+ na música brasileira atualmente, Liniker defende um estilo que passeia pelo R&B, com toques de brasilidade. Com forte presença internacional nos últimos anos, Liniker e os Caramelows já passou por mais de 20 países, e este ano também foi atração do festival inglês Glastonbury.
“Voltar a Belém nesse momento para mim é muito importante. Belém está no coração da nossa Amazônia, e nesse momento precisamos estar juntas, juntos e juntxs para cuidarmos do que é nosso. Espero poder cuidar do povo de Belém compartilhando o que eu posso no momento, que é afeto e musicas do coração”, diz Liniker.
'Goela Abaixo' é descrito como disco de muitos CEPs. O álbum teve registros feitos em Portugal, Alemanha, São Paulo, Araraquara, entre outros. Isso se deu devido à movimentada agenda de shows da banda. O álbum é fruto da estrada. E é para ela que o trabalho volta. “É um som para respirar, para dançar espaçado e sentir para onde cada faixa leva”, diz a cantora e compositora Liniker.
No palco, além das explosões de groove de suas canções, a cantora promete também momentos intimistas, a exemplo das músicas que são guiadas por piano: “Claridades”, “Intimidade” e “Amarela Paixão”.
Liniker é acompanhada por Rafael Barone (baixo), Pericles Zuanon (bateria), William Zaharanszki (guitarra), Renata Éssis (backing vocal), Marja Lenski (percussão), Fernando TRZ (teclados) e Éder Araújo (saxofone), um trompetista e uma backing vocal somam ao time. O show tem ainda projeções da VJ Laura do Lago.
Antes de Liniker subir ao palco, o dia promete programações que vão estimular debates em torno da comunidade LGBTQIA+. Às 14h, a Arena Multivozes terá exibição do documentário “As Filhas da Chiquita”, de Priscilla Brasil; às 15h, haverá uma palestra com o tema “Por Uma Amazônia Queer: a discussão cênica da homossexualidade no teatro paraense”, com Kauan Amora Nunes.
A tarde segue com mesas redondas, palestras e um encontro literário com o escritor paulista Vitor Martins, autor de “Um Milhão de Finais Felizes” e “Quinze Dias”. A programação terá ainda um momento especial com performances das drags do coletivo Noite Suja. As demônias, como são chamadas, se apresentam na Arena Multivozes, às 17h.
Para o evento, as drags prepararam um espetáculo inédito que fala da pluralidade artística dentro do meio drag. No palco, estarão as drags S1mone, Tristan Soledade, Leid, Luna Skyy, Flores Astrais, Perséfone de Milo, Shayra Brotero e Condessa de Devonshire.
“A gente montou um roteiro onde as performances se conectam. Serão performances individuais, mas juntas elas vão contar uma história. Todas as vezes que chamam a gente para um evento externo nós preparamos um show novo, com as demandas sociais do momento que estamos vivendo e sentindo”, explica Matheus Aguiar (S1mone), idealizador e produtor cultural do Noite Suja.
Espaços para serem ocupados
Sobre o novo formato do evento, que se propõe a ecoar vozes de minorias como afro brasileiros, mulheres e indígenas, Matheus destaca o papel das drags do Noite Suja.
“Acho que estamos vivendo um momento em que é impossível deixar de enxergar as drags da cidade, elas falam sobre ser LGBTQIA+ e também sobre diversidade. E é uma diversidade de estilos artísticos. A nossa performance fala dessa diversidade e pluralidade no meio drag. Nós cantamos, fazemos slam, produzimos performances de dança, entre outros. Acho que enxergaram naturalmente isso, e essas multivozes, essa pluralidade vai estar nos palcos”, diz.
Sobre estar em um evento onde a diversidade do público é enorme, Matheus destaca que é o ambiente onde todo artista deseja mostrar seu trabalho. “A gente nunca pensou em estar na feira do livro, não porque achamos que a gente não se encaixava, mas por ser um local com um grande trânsito de pessoas que não nos conhecem. E na verdade é isso o que queremos, porque não podemos fazer arte para artistas. Queremos levar para as pessoas que a gente não conhece, para que a gente se misture”, destaca.