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Povos Indígenas do Tapajós apresentam sua arte para o mundo

O IV Mutak terá formato on-line neste sábado e domingo

Bruna Lima

Neste final de semana o público interessado na cultura dos povos indígenas vai poder mergulhar sobre o universo artístico dos povos da região do Tapajós, no Pará. O IV Mutak, a abreviação em Nheengatu de "Mukameensawa Tapajowara Kitiwara" que se significa "Mostra de Arte Indígena do Tapajós", terá formato on-line neste sábado e domingo. Os conteúdos vão ficar disponíveis  no site (www.mutak.art) e no Instagram.

Nesta edição, a Mostra apresenta o tema “Ancestralidade Conectada”, que visa apresentar para o mundo as músicas, a história e diferentes tipos de artes produzidas pelos povos da região do Tapajós.

Diante do atual cenário de pandemia e isolamento social, a Mutak se aliou às tecnologias digitais e os saberes milenares a favor do respeito à diversidade dos povos, das florestas e rios, da saúde do corpo, mente e espírito. A abertura contará com um grande ritual e shows de carimbó com os grupos As Karuana e Espanta Cão.

 

 

Paulinho Borari, pertencente ao povo Borari, vai apresentar duas canções próprias durante o ritual. "Tupã Reiury iké" é uma música que faz o chamamento de força por meio dos elementos da natureza como o sol, a lua, o rio, o fogo e a floresta. "Nós acreditamos na força desses e durante o ritual vou apresentar essa canção que fiz há um tempo já", explica.

Paulinho é formado em antropologia pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e além do envolvimento com a música, ele também atua em um universo variado do artesanato como produção de acessórios e cestas.

"Este ano vou apresentar na Mostra apenas meu trabalho musical, pois com a pandemia fica impossibilitado de expor os materiais. Mas nas edições passadas eu apresentei meus trabalhos manuais", destacou o artista.


Vandria Borari, coordenadora do evento e integrante do grupo "As Karuana", disse que o grupo é formado por mulheres que cantam músicas e fazem rituais em referência aos territórios e cultura dos povos indígenas. "Nós cantamos em defesa da floresta, cantamos para nossos ancestrais e cantamos para nossos parentes", explica a artista, que toca os instrumentos de curimbó e maraca.

No domingo, vai ocorrer o desfile de Etno Moda e shows de carimbó ao som de Mestre Juvenal, Mestre Chico Malta e Paulinho Borari.

A Mutak nasceu a partir da ideia de realizar uma exposição das cerâmicas tapajônicas pelas mulheres ceramistas indígenas: Vandria, Neila, Nilva e Nalva Borari, que logo resultou na Mostra de Arte Indígena do Tapajós, com a colaboração dos parentes: Iara Arapyun, Cauã Borari, Milena Raquel Tupinambá (Tüpî) e o parceiro mineiro Israel Campos.

Desde sua primeira edição, a Mutak acontece em Alter do Chão, Território do povo Borari, próximo aos municípios de Aveiro, Belterra e Santarém, reunindo 13 povos (Apiaka, Arapiun, Arara Vermelha, Borari, Munduruku Kara-Preta, Jaraki, Kumaruara, Munduruku, Maytapú, Tapajó, Tapuia, Tupinambá e Tupaiú).

A mostra se tornou referência de maior evento da cultura indígena da região, onde reuniu vivências, intercâmbio intercultural, fortalecimento e a difusão da cultura milenar dos povos da região do rio Tapajós, rio Arapiuns e planalto santareno. A mostra tem formato totalmente aberto a todos os públicos a fim de evidenciar a arte da moda indígena, a culinária, pinturas em tela, grafismo corporal, música local, artesanato, medicina natural, audiovisual, e das multimídias que compõem as expressões indígenas.

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