Paulo Ferreira lança "Mosaico Amazônico" com ilustrações de artistas paraenses
O livro pode ser adquirido na livraria Fox e na editora Paka-Tatu
O escritor Paulo Roberto Ferreira lançou o livro "Mosaico Amazônico", que reúne 15 contos acompanhados de ilustrações de artistas como João Bosco, Norberto Ferreira, Walter Pinto, Paulo Emmanuel e Félix Paixão. O lançamento é pela editora Paka-Tatu e ocorreu no último sábado (14) com convidados. A publicação pode ser adquirida na livraria Fox e na própria editora.
O livro aborda tragédias e os personagens sofrem, agarram-se à esperança, sonham e lutam por dias melhores. De acordo com o professor de Literatura Brasileira, Franciorlys ViannZa, que faz a apresentação da obra, o leitor não conseguirá piscar durante a narrativa Noir de Roxinho, "Se esticada, cabia num romance, suas tramas e subtramas são de tirar o fôlego. Já Nazaré Piedade nos ganha por sua missão de vida: tratar com dignidade cadáveres aos quais os opressores negaram sequer um sepultamento", destaca.
Ele completa ainda que se a proposta de Paulo Roberto Ferreira com "Mosaico Amazônico" foi por intermédio do imaginário, gerar uma insurreição intelectual no leitor, certifica que teve êxito. "Da primeira à última página, a proa da obra cortou os rios da minha amazonicidade. É um livro excelente para entender melhor nossa natureza, nossas mazelas sociais, nossas desigualdades, nossos conflitos históricos, nossas angústias, nossa gente, nossa terra, nossa – insistente – invisibilidade por parte do restante do Brasil", completa.
Quem também opina sobre a leitura é o escritor Gutemberg Guerra, que diz que a narrativa é fluente e densa, com elementos históricos, sociológicos, etnográficos e antropológicos de uma riqueza inestimável. Começa calmamente com uma história que vai envolvendo o leitor suavemente na riqueza dos repasses de conhecimentos ancestrais para as gerações sucessoras, mostrando como o cerco pela cultura dominante não se dá sem que movimento de resistência se instale para preservar valores construídos ao longo de lutas e gerações.
“Os contos fazem uma imersão pela realidade amazônica. As encantarias narradas, coladas nas práticas mais comuns do cotidiano, são tão convincentes que surpreendem o leitor com calafrios hitcockianos”, destaca o escritor na contracapa do livro.
Os personagens inusitados são apresentados com surpreendente maestria, como em "A mulher que recolhia defuntos", segundo conto dessa coletânea. Mais do que guardiã de defuntos, a personagem é uma heroína do zelo pela memória dos humildes. Entre ervas, rezas e intuições é o título do terceiro texto, com uma riqueza de conhecimentos tão detalhados que merecem ser tema de uma aula de etnobotânica.
Paulo Roberto Ferreira é jornalista e escritor. Mestre em Ciências da Educação. Trabalhou como repórter, redator e editor de jornais e revistas, com passagem pela imprensa alternativa (“Bandeira 3” e “Resistência”). Foi repórter, apresentador e diretor de TV. Publicou “Tempos de Resistência” na coletânea Recortes da Mídia Alternativa; é autor dos livros A censura no Pará – A mordaça a partir de 1964; Encurralados na Ponte – o massacre dos garimpeiros de Serra Pelada; e O apagador de florestas; coautor de O homem que tentou domar o Amazonas.