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Paraense se surpreende após viralizar história sobre infância em motel: "Eu não fazia ideia"

Fabrício Ferreira, de 22 anos, compartilhou sequência de tweets sobre as histórias imprevisíveis que já viveu

Ana Carolina Matos/Redação Integrada

O professor de história Fabrício Ferreira, de 22 anos, nem imaginava que as histórias da infância em que viveu em um motel da capital paraense pudessem viralizar tão rapidamente. No último sábado (16), o jovem decidiu fazer uma "thread" - sequência de tweets que contam uma história, geralmente curiosa - no Twitter e chamou atenção dos internautas. Questionado se o sucesso da postagem já era esperado, o jovem dispara: "Eu não fazia ideia". Herança familiar, o motel é localizado no mesmo terreno em que fica a residência da família e, por conta disso, era um ambiente naturalmente frequentado por Fabrício ainda criança.

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"Sempre morei lá desde criancinha. Depois só mudei de casa, mas continuei no mesmo terreno. Eu andava por lá, mas ficava muitas vezes no mundo da criança. Pra mim, o motel era o lugar que tinha refrigerante, salgadinho. Lembro de reunir minhas primas e fazer piquenique na lavanderia", conta ele, que aos cinco anos começou a assistir filmes pornôs por conta de uma interferência nos canais da TV aberta e descobriu o que os adultos faziam pelados.

O jovem lembra que, quando ouvia barulhos estranhos ou gemidos, a avó justificava brevemente: "É saliência". Após o falecimento da matriarca, o negócio ficou sob os comandos dos quatro filhos que deixou, que hoje são sócios no negócio. "Vovó antes de falecer cuidava do motel, foi quem construiu. Depois que ela faleceu, a mamãe que administra, que tá em cima, no dia-a-dia. Lá funciona 24h, sem feriados nunca", detalhou.

O prédio foi construído pela avó de Fabrício, que morava no Paraná e encontrou em Belém um refúgio para fugir do ex-marido agressor, com quem já tinha um filho. "Em Belém, teve que se prostituir, fez trabalho como modelo da Tuna Luso, conheceu novos amores e começou  a juntar dinheiro pra fazer um motel. Conseguiu construir o motel sozinha, teve mais duas filhas e um filho. Foi mãe solteira de todos. E é a mulher que mais admirei na vida", explicou no Twitter.


Apesar da liberdade, Fabrício tinha algumas restrições quando era pequeno. "Eu não podia ficar nos quartos sozinhos. Ninguém deixava eu entrar. Se eu fosse, tinha que ser acompanhado de alguma camareira. Não podia ficar indo sozinho. Também não podia ficar passando na entrada do motel", pontua.

Dentre a história mais marcante, o jovem professor destaca o dia em que foi ameaçado por um mulher com um gargalo de garrafa. "Ela pediu um salgado pela portinha da gerência. Entreguei pela porta da recepção e ela puxou pelo meu braço, encostou o gargalho na minha veia e pediu dinheiro. Desde então evitei ficar circulando", lembra.

Entre histórias curiosas e inesperadas, a série de tweets gerou controvérsia nas redes sociais. "Só eu achei extremamente problemático uma criança crescer num ambiente assim?", questionou uma internauta. Fabrício, entretanto, não vê nenhum problema na situação. "Eu entendo a preocupação, mas eu tive uma infância privilegiada no sentido de nunca ter faltado nada. Tem tanta gente que não teve infância, que teve que trabalhar, que teve que ver coisa muito mais traumatizante... Então isso nunca foi um problema pra mim", conclui.

Após o sucesso, o jovem não esconde novos planos. "Pensei em escrever um livro com as histórias, contos do motel, fazer uma pesquisa histórica...", revela.

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