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Novos casos de covid-19 instalam novamente cenário de incerteza no setor de eventos

Nova onda tem resultado em cancelamentos de shows e demandado novas estratégias de produtores; regras sobre devolução de ingressos também mudaram

Lucas Costa

Uma nova onda de infecções por covid-19 voltou a assombrar o setor de eventos noturnos. Em Belém, somente no mês de janeiro, tanto o público quanto produtores precisaram lidar com uma série de cancelamentos de eventos e shows motivados pela doença.

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No caso do Se Rasgum, a produção conseguiu lidar com a situação. Mesmo com muitos pedidos de devolução de ingressos, todos foram vendidos novamente. Isso foi possível pois, já na produção, o festival foi pensado para não depender da bilheteria, e usou como recurso um argumento comum entre os festivais desde o início da pandemia: o alcance em transmissões ao vivo.

“O projeto foi pensado para que não dependesse da bilheteria. Então todos os parceiros e patrocinadores entenderam o alcance da transmissão ao vivo, que segue tendo visualizações de todo o país até hoje”, conta Renée, destacando que o Se Rasgum segue com uma agenda extensa para 2022. “A gente precisa ser positivo de que esse momento vai terminar, imagino que vai passar ainda esse semestre. Mas a gente não tem uma bola de cristal, tudo o que a gente planeja precisa ter A, B e C”, completa.

Outro caso é o do Espaço Cultural Apoena, que tem shows musicais em todas as noites de programação. Anderson Moura, sócio administrador do local, conta que a nova onda de casos resultou em uma baixa considerável de público nas últimas três semanas.

“As pessoas estão com medo de sair de casa e grande parte da população está doente. Sobre cancelamento e adiamento de shows o correto é cancelar mesmo, e aí entra a postura da casa e a honestidade dos artistas, que mesmo passando dificuldades extremas nesses mais de dois anos de pandemia abdicam do seu ganha pão em prol da saúde coletiva”, destaca Anderson, que acredita numa melhora de cenário e aponta o negacionismo como grande vilão desta nova onda.

Com eventos liberados para vacinados, a decisão fica na mão do público. A médica Pollyana Belford conta que já chegou a desistir de ir a uma festa para a qual tinha ingressos comprados. “Eu tinha comprado ingressos antecipados para o show do Heavy Baile, em novembro ou dezembro do ano passado, logo quando foi divulgado. Mas decidi não ir por conta do aumento dos casos que estão rolando nas emergências e em todos os cantos. Percebi que aumentou bastante, pelo menos onde estou atendendo”, observa Pollyana, que não conseguiu cancelar a compra dos ingressos e precisou vendê-los por um valor menor. “Muita gente também estava vendendo”, conta.

Quais os diretos do consumidor em caso de cancelamento de eventos?

Com o fim da lei que ampliava os prazos de remarcação e reembolso para eventos marcados para o período da pandemia, o Procon explica que volta a valer a regra estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).

“Nesses casos de cancelamento ou adiamento de show o consumidor tem 30 dias para dar entrada na solicitação do reembolso. Caso ele não peça ou dê entrada nesse reembolso, ele perde automaticamente o direito dele. Porque agora volta a lei anterior que está na no CDC, lá no artigo 18. É bem claro que o consumidor tem trinta dias para a entrada na solicitação do seu reembolso, caso contrário ele perderá o valor do ingresso”, explica Eliandro Kogempa, diretor do Procon/PA.

Ele destaca ainda que as empresas precisam informar com clareza quais canais o consumidor pode acionar caso deseje reembolso ou remarcação de ingresso. Caso o problema não seja resolvido, o consumidor deve acionar o órgão de proteção e defesa do consumidor, o Procon.

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