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No Dia da Amazônia, Castanhal recebe grande obra de arte pelas mãos do artista paraense Sebá Tapajós

Artista assina a pintura da lateral de um edifício de treze andares no centro de Castanhal, em mais de mil metros de área pintada

O Liberal

O artista visual paraense Sebá Tapajós esteve literalmente suspenso no ar, observando a cidade de Castanhal com novos olhares. No Dia da Amazônia, o artista entrega de presente para a cidade uma obra de arte de dimensões gigantescas (1000m²), a primeira empena do estado do Pará. A ideia nobre se deu entre uma parceria do artista com a organização internacional WWF, a Suvinil e com apoio da Castanhal Tintas, Ag.Conceitual e KOI. No mural, aparecerá a expressividade dos traços e cores da floresta que remetem aos céus e às águas dos rios e raízes amazônicas.

A primeira empena do estado estará localizada na lateral do edifício Sandra Heloísa, na Avenida Barão do Rio Branco, no centro de Castanhal. Empenas referem-se a obras de arte verticais gigantes, normalmente produzidas em edifícios, valorizando a cidade destacada. Segundo o artista, a ideia do projeto é, mais uma vez, chamar a atenção para a importância de preservar a Amazônia, ecoar o olhar e o grito pela Floresta Amazônica e pela Cultura Hip Hop Nortista. “Nossa água não é azul, nosso mar e nossas ruas são feitas de rios. De rios verdes, cercados de verde, da cor da Amazônia que nos faz e nos invade. Esse projeto foi pensado assim: as cores do que somos de verdade, as cores da natureza de onde a nossa força vem!”, explicou.

Sebá reforçou ainda a parceria com a WWF. “Já tem quatro anos que eu participo com a WWF de ações alusivas ao dia 05 de setembro, Dia da Amazônia. Desde que eu dava aula, sempre bato nessa tecla, que nossas águas são verdes, que isso deveria se tornar parte da nossa cartilha educativa dos paraenses. Isso precisa prevalecer na cabeça das nossas crianças nortistas que temos águas cristalinas, que precisam ser cuidadas”, relatou.

Para o artista, “Castanhal é uma cidade rodeada de rios, atravessada por igarapés. Tem cheiro de água doce, cheiro de chuva e cores vibrantes dos amanheceres da Amazônia. Quem já ouviu falar na Amazônia Atlântica? Ela é a faixa litorânea da Amazônia paraense. Foi do dormir e acordar do sol, embalado nas redes dessas paisagens, que vi as cores que coloco nos muros. As cores da Amazônia que vejo e que pedem espaço e respiro”, reforçou.

Mesmo com os desafios durante a pandemia do novo coronavírus, o artista acredita que o acesso ás artes precisa ser incluído como bem estar social. “Nesse momento de esperança, com o acesso mais flexível das vacinas é de extrema importância vivermos a arte. Fico muito contente de estar sempre fazendo parte e inserindo nosso Pará nessas iniciativas mundiais em prol do meio ambiente. O Pará é um pais né? Então por que não ter empenas? Por que não ter projetos como esse? Pra mim como artista visual desse estilo de arte cabe idealizar e trazer cada vez mais esse tipo de projeto pra nossa região”, celebrou.

 

A arte de Sebá

O artista carrega no nome uma linhagem artística de peso, filho do consagrado violonista Sebastião Tapajós, ele sempre muito orgulho de suas origens amazônicas. Sebá conviveu desde sempre com o universos das artes. Foi através das cores que resolveu se expressar, traduzindo-as nas matizes que seu olhar daltônico assimilavam. E foi dessa fome que o artista partiu para o mundo. “Acredito que sou um instrumento de Deus pois mesmo as dificuldades do meu daltonismo, é sempre maravilhoso entregar projetos de cores como esse que reverbera a Amazônia”.

Vale destacar que Sebá se destacou como o primeiro muralista paraense, fez a capa do álbum e DVD de Lulu Santos, além da primeira exposição individual de Street Art em uma galeria de arte e museu centenário no estado do Pará. O artista leva essa vertente da arte urbana sair da cidade e chegar na floresta amazônica como forma de chamar a atenção para os ribeirinhos em uma Amazônia invisível. “O graffiti nasceu para dar voz aos excluídos das grandes cidades do mundo”, destacou.

O artista ainda idealizou o Street River, a primeira Galeria Fluvial do Mundo com reconhecimento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na capital paraense. Com formas inspiradas nos movimentos dos rios e nas cores da floresta, Sebá levou sua arte para as casas da comunidade do Igarapé Combu - Ilha do Combu, Ilha das Onças, Boa Vista, Barcarena, Ilha do Papagaio e Ilha do Maracujá. Mesmo estando a 20 minutos de barco de Belém, o local permanece esquecido pelo poder público e carece de infraestrutura básica.

Animado com o novo trabalho, a primeira empena do Estado, Sebá não esconde a felicidade. “Nossa senhora, é muito gratificante esse sentimento de pertencimento, de cidadão da Amazônia. Estou com esse projeto há dois anos e ver ele sair do papel é incrível. Mais ainda, conseguir fazer com que seja o primeiro do Pará. Agora nós vamos para o próximo passo, tentar fazer o outro lado com apoio da Suvinil para termos no Pará a primeira empena do Brasil e uma das únicas do mundo pintada dos dois lados pelo mesmo artista”, finalizou o artista.

Cultura