Musical 'Jacksons do Pandeiro' ganha edição virtual neste sábado, 10

Espetáculo, que faz homenagem ao grande nome da música brasileira, será apresentado ao vivo, às 20h, no canal de YouTube da companhia 'Barca dos Corações Paridos'

Agência Estado
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Entre as diversas produções artísticas interrompidas pela pandemia do novo coronavírus, o musical Jacksons do Pandeiro parecia ser mais uma vítima - a estreia prevista para o início do ano foi cancelada pelo fechamento dos teatros e a determinação do isolamento social.

"Estávamos próximos do terço final do espetáculo, com a linguagem já definida", lamenta-se Alfredo Del-Penho, um dos membros da Cia. Barca dos Corações Partidos, grupo criador do espetáculo.

A pausa, no entanto, durou menos que o esperado porque a Barca percebeu que era possível apresentar o musical, desde que um rigoroso protocolo sanitário fosse seguido. Assim, neste sábado, 10 de outubro, Jacksons do Pandeiro será apresentado ao vivo, às 20h, no canal de YouTube da companhia e também no Canal BIS, a partir do teatro da Cidade das Artes - e, feito hoje considerado raro, com os sete integrantes do grupo, além de três convidados, encenando lado a lado no palco. Há a possibilidade de a peça entrar em cartaz no fim de outubro.

Para que isso se tornasse realidade, o grupo seguiu um meticuloso plano. "Todos fizemos teste de covid e, então, cumprimos uma quarentena para então começarmos os ensaios presenciais", contra a produtora Andréa Alves, lembrando que os componentes se comprometeram a não ter contato com ninguém fora de seu convívio habitual para evitar contágio.

Tal decisão só foi possível porque a Barca fez valer a aliança que une seus componentes - afinal, a companhia foi criada em 2012 a partir do entrosamento espontâneo em torno dos atores que encenaram, naquele ano, Gonzagão - A Lenda.

Ao grupo, juntou-se Andréa Alves e nasceu a Barca, que logo pavimentou um caminho original, quebrando as regras tradicionais do teatro musical ao fugir das imposições do canto desse gênero e ao abrir mão de encenações carregadas de detalhes suntuosos, apostando na originalidade.

E, observando com atenção, a interrupção provocada pela pandemia e a retomada de agora são fatos inesperados, quebras na trajetória planejada que dialogam perfeitamente com o estilo consagrado por Jackson do Pandeiro (1919-1982) - considerado por muitos críticos como um dos grandes musicistas brasileiros (comparável a João Gilberto na genialidade), Jackson brincava com o ritmo e as palavras, sempre provocando surpresa.

"Ele aprimorou o conceito de síncope na música, ou seja, quando a nota subverte a expectativa", observa Eduardo Rios, que assina a dramaturgia do espetáculo ao lado de Braulio Tavares.

"Esse é o mais complexo espetáculo que já dirigi - há uma engrenagem que, se uma peça falhar, derruba as outras, como um dominó", observa a diretora Duda Maia.

"A Barca reorganizou o fazer teatral", conta o pernambucano Lucas dos Prazeres, um dos três artistas convidados para o espetáculo - os outros são Everton Coroné e Luiza Loroza. "Esse espetáculo, por exemplo, traz uma energia cardíaca - tanto do pulso como da afetividade. É um trabalho em que a individualidade se torna coletiva."

Para atingir um grau de intimidade com a obra de Jackson do Pandeiro, o grupo fez uma profunda investigação, capitaneada por Alfredo Del-Penho que, há quase 20 anos, pesquisa os cocos, toadas, rojões, frevos, baiões e sambas deixados pelo artista paraibano.

Nesse empenho, que consistiu em ouvir e selecionar 435 canções interpretadas por Jackson, o músico desvendou características importantes da personalidade do músico como a religiosidade e a pluralidade de personagens criadas por ele. "Jackson também citava vários lugares e diversos animais", nota Del-Penho, que divide a cena também com Adrén Alves, Beto Lemos e Ricca Barros.

"O espetáculo é preparado como teatro, mas, na live, terá o ângulo determinado pelo olhar de Diego", conta a encenadora. "Ele vai buscar o diálogo com a câmera e, caso precise em alguma cena específica, posso mexer na posição dos atores."

Godoy também vai mostra ângulos que o espectador comum, o que estaria no teatro, não poderia ver, como cenas vistas do alto. E, para os saudosos, o programa do espetáculo poderá ser baixado a partir de um QR code. "Vai ser possível descobrir a força das letras das canções", diz Andréa Alves.

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