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Waldemar Henrique completa 117 anos

Nilson Chaves e Camila Honda, artistas de diferentes gerações, enaltecem a importância da obra do maestro e pianista, que cantou a cultura da Amazônia com elegante erudição, mesmo desejando alcançar a música popular.

Enize Vidigal, O Liberal

Há 117 anos, nascia em Belém Waldemar Henrique da Costa Pereira, o aclamado maestro paraense, autor de clássicos da música regional, como “Tamba-tajá”, “Uirapuru” e “Foi boto, sinhá!”, que até hoje são reproduzidos por artistas de diferentes gerações, em álbuns e shows. A produção de Waldemar Henrique, tanto encanta por cantar a cultura popular amazônica, quanto surpreende por transitar entre o erudito e o popular. 


Nilson Chaves, que conviveu com Waldemar Henrique, conta que o maestro e pianista sonhava em ouvir as músicas dele tocando nas rádios, superando o ambiente da erudição. No intuito de realizar esse desejo, Nilson Chaves e Vital Lima lançaram o vinil "Waldemar"(1992) somente com releituras de músicas do maestro, que ganharam arranjos populares aprovados por dele. O álbum teve lançamentos no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Macapá e Belém. “Ele foi ao lançamento do disco com a gente. Esse álbum foi considerado um dos dez melhores do ano”, recorda. Waldemar Henrique faleceu em 29 de março de 1995.

Ouça o álbum "Waldemar" aqui.

“Waldemar Henrique foi o único artista brasileiro que tinha um uma hora de programa diário na BBC de Londres só com músicas dele, entre os anos 60 e 70. Uma série de grandes nomes da música brasileira e mundial da época era apaixonada por ele, como os maestros Villa-Lobos e Guerra-Peixe. Guerra me deu um ano de aula de música, teoria musical e arranjo, de graça porque eu era amigo do Waldemar Henrique”, acrescenta. “A obra dele é impecável. É uma música universal, melodicamente falando, mas tem o pé fincado na região amazônica, especialmente no estado do Pará, apesar do maestro ter feito algumas coisas com música nordestina, como o ‘Coco Perenuê’”, conta Nilson Chaves.

A obra de Waldemar Henrique conquista também os artistas da nova geração, como Camila Honda. Qual decidiu ser cantora, em 2012, ela escolheu “Tamba-Tajá” para ser uma das primeiras músicas a gravar. “Eu fui bailarina clássica por muitos anos. O universo clássico e erudito faziam parte da minha formação. A obra do Waldemar Henrique tem esse lugar que passeia pelo erudito e pelo popular, muito interessante, sempre fazendo referência à cultura amazônica, à floresta, à cultura popular tradicional, faz essa mistura com muita elegância”. “Tamba-tajá” foi novamente gravada por ela no álbum de estreia, homônimo, de 2014, pelo selo Natura Musical.

Assista o clipe "Tamba-Tajá" aqui.

Leia também: Programação celebra aniversários do Theatro da Paz e de Waldemar Henrique

Trajetória

Waldemar Henrique era filho de português e, ainda criança, ficou órfão da mãe, que era descendente indígena. Ele foi morar em Portugal com o pai, onde cresceu e teve o primeiro contato com o piano, mas estudava o instrumento contrariando a vontade do pai. De volta ao Brasil, foi aprimorar os estudos no Rio de Janeiro, onde conheceu vários maestros da época. De volta ao Pará, dedicou muitos anos à direção do Theatro da Paz, cujo aniversário de inauguração, datado de 1878, coincide com o aniversário de nascimento dele. Waldemar Henrique chegou a morar no Da Paz.

Reconhecido como um dos maiores compositores da Amazônia, Waldemar Henrique é homenageado com o nome de uma praça, situada na Rua Gabriel Hermes e também com o nome do teatro experimental inaugurado em 1979, na praça da República, no prédio histórico onde funcionou a sede da Caixa Econômica Federal.

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