Provocador Odair José lança rock 'DNA' com Inteligência Artificial

Música de protesto pesada será a primeira a ser lançada nesta sexta-feira (22)

Vito Gemaque
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Aos 75 anos, uma indignação urge no peito e na cabeça de Odair José, o compositor e cantor campeão da venda de discos nos anos 70 lança o single DNA nesta sexta-feira (22), em todas as plataformas digitais. O rock pesado traz na letra o protesto do goiano que escolheu há muito tempo abraçar o papel de provocador da sociedade.

“Eu procuro fazer o meu trabalho e sou coerente, desde quando comecei minha carreira. Já tive várias leituras pelos críticos e pelo público. Sempre procurei alertar as pessoas sobre os assuntos, faço música observando as pessoas e a sociedade. A música é feita das pessoas, e daí vem a ideia do álbum ‘Seres Humanos”, afirma.

A música reflete sobre como o ser caminha para um abismo com a ambição, a hipocrisia e o individualismo em um capitalismo selvagem. “Eu me vejo como compositor para dizer ‘ô bicho isso está errado, vamo prestar atenção nisso?!’. Em DNA estou vendo o capitalismo. As pessoas falam que comprou uma Lamborghini que pagou 4 milhões, tem um milhão na conta, o jogador de futebol está milionário, e está tudo bem, mas e o ser humano está indo para onde? Vejo as pessoas como o trecho da música do Zé Ramalho, é vida de gado, por isso estamos caminhando para o abismo da involução. Alerto no DNA que o que nos define é a nossa genética, e o que deprime é a falta de ética”, alfineta.

O compositor de grandes sucessos da Música Popular Brasileira como “Pare de Tomar a Pílula” e “Vou Tirar Você Desse Lugar” chega em 2024 se preparando para o lançamento do 39º álbum, no qual DNA se torna a primeira música conhecida do público.

O incômodo não está somente nas letras das músicas em “Seres Humanos”. O novo trabalho também trará uma nova forma de produção com a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) na masterização e mixagem do álbum. O fato pode gerar várias críticas de músicos e profissionais do mercado, mas para Odair é um caminho sem volta. O álbum está sendo produzido por ele e por Júnior Freitas, também responsável por tocar os instrumentos, mixagem e masterização. A inteligência artificial utilizada será creditada no álbum.

“Vamos colocar a Inteligência Artificial como assistente de estúdio. Vai ter faixa que a Inteligência Artificial tocou contrabaixo, violino e piano. Ela ainda está ajudando na masterização e mixagem. Quem faz a mixagem primeiro é a inteligência artificial, depois a gente a corrige ou manda corrigir. Estamos usando essa ferramenta para o benefício do trabalho.

Odair pensava em mandar o álbum para ser masterizado e mixado no histórico estúdio Abbey Road, mundialmente conhecido por ter feito o trabalho dos Beatles. Ao refletir sobre isso, os custos e a forma como o seu disco seria masterizado e mixado avaliou que o trabalho seria feito no Abbey Road, mas por uma ferramenta de inteligência artificial.

“A gente se informou e sabe o que vão fazer quando mandar o meu álbum para lá? Vão dar para a inteligência artificial fazer o trabalho e te devolver. E vou te falar é surpreendente o que ela faz. Lamento pelos profissionais que não serão chamados, mas a qualidade musical é linda”, atesta.

Diferente da percepção sobre a tecnologia, o compositor goiano reservou a decepção para o ser humano. “Há 50 anos eu pensava que passado tanto tempo depois íamos ser amigos, melhores vizinhos, maridos, cidadãos, políticos e religiosos. E o que vemos hoje é que as pessoas não fizeram nada isso, as pessoas foram para uma involução. A hipocrisia é o principal delas, faça o que o eu digo mas não faça o que eu faço”, declarou.

O novo álbum tem expectativa de ser lançado no primeiro semestre deste ano. “Seres Humanos” faz parte de um projeto maior de uma trilogia que começou em 2019 com o álbum “Hibernar Na Casa das Moças” (2019) que reúne canções com letras sobre tabus como prostituição e sexo em melodias de rock e blues.

Ele adianta que faixas que serão lançadas terão uma diversidade. Desde influência de Led Zeppelin até as famosas baladas de amor. “O negócio do arranjo de como grava depende do que a música pede, e a mensagem dela. Tem música que você pode fazer de violão e violino, porque é o que a mensagem está pedindo, e nem por isso ela deixa de ser pop. E também tem quando você usa um instrumento mais pesado, como ela exige aqui em DNA”, compara.

Devido ao estilo provocador, que Odair José assumiu para si, ele já espera críticas negativas e a resistência do conservadorismo. “Eu sei que o meu álbum vai chocar. Espero que não aconteça o mesmo com o álbum do ‘Filho de José e Maria’ (álbum que levou até a ameaça de ser excomungado). Eu estava estampando a história na cara deles”, aguarda. “Por isso que estou preparado e coerente comigo mesmo, algumas pessoas me perguntaram ‘você vai fazer isso de novo?’, mas eu sou coerente com a minha proposta de trabalho. As vezes que não fui coerente até de brega me apelidaram”, afronta.

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