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Gláfira lança o clipe do single 'Travessia do Marajó' nesta segunda

A faixa abre o disco 'Mar de Odoyá', o mais recente disco solo da artista

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Marajó é o mundo de Gláfira. A cantora paraense mergulha nos mistérios e na força da ancestralidade de sua terra natal, e revela sua natureza e encantarias em “Travessia do Marajó”, clipe lançado nesta segunda-feira, 6, nas redes sociais. A faixa abre o disco “Mar de Odoyá”, o mais recente disco solo da artista.

A composição autoral remete às lembranças da infância de Gláfira, nascida em Soure, em uma família de pescadores. “A conversa sobre a travessia era muito comum em casa. Meu avô sempre falava que ia rezando no timão, e falando que sentia medo quando o vento soprava, por causa da maré lançante. Minha avó ficava na esquina de casa olhando pro céu, depois ela entrava, sisuda, e dizia: já tem dois dias que relampeja lá pras bandas do Marajó. Escolhi uma toada porque tem essa característica do boi, do balanço, da maré”.

O vídeo foi gravado na praia do Pesqueiro e na comunidade Do Céu, com direção de Léo Platô e Tale Campos. “O clipe mostra uma travessia espiritual ao Marajó. A proposta foi do Tale. Eu comentava com ele que quando o mundo foi feito, o mundo espiritual se desenvolveu em sete mundos que foram se desligando da Terra. O único que ainda resta fica em cima do Marajó. E o mundo místico é dos Caruanas. E por isso que as lendas da região são de Encantados da natureza”, conta.

O clipe destaca três encantados, que foram escolhidos por serem lendas características da região: o Pretinho da Bacabeira, a Mulher Cheirosa e o Vaqueiro Boaventura. Gláfira garante que histórias reais estão por trás de cada uma dessas lendas.

O Pretinho é um menino que morava na beira do igarapé que dava entrada pelo rio Paracauari, que separa as cidades de Soure e Salvaterra. “Na hora da mãe dele parir, ela teve complicações no parto. Ela pediu ajuda à vizinha, sabendo que iria morrer. A vizinha se chamava Iara e provavelmente é a mãe d’água. Ele foi encantado e é um menino atrevido, ele joga pedra nas pessoas”, diz a cantora.

A Mulher Cheirosa é uma moça que aparece em um cruzeiro. Ela encanta os homens com seu cheiro forte de jasmim. Os homens ficam mundiados e são levados para o mangue, onde sofrem com febre e dor. “Essa mulher provavelmente é uma francesa que viveu em Soure. Ela era casada com um português que a abandonou para casar com uma mucama. Depois disso, ela morreu de tristeza. Mas antes, ela disse que iria se vingar de todos os homens. A francesa e o português foram enterrados em um cruzeiro, no cemitério da cidade. O casal existiu e se conta que ela usava o perfume para tentar reconquistar o marido”, relata.

A outra entidade é o Vaqueiro Boaventura. Ele foi encantado na travessia de um lago na região do Arari. Embora fosse um vaqueiro experiente, acabou sumindo durante a travessia, junto com seu cavalo. “Passaram dias procurando o corpo do vaqueiro e do cavalo e nunca acharam. Até que o vaqueiro começou a ser visto, ao longe, por alguns amigos. E sempre que desaparece um novilho, as pessoas pedem ao Vaqueiro Boaventura que, por favor, ele faça reaparecer o animal, e o novilho é encontrado. As pessoas até hoje deixam oferendas para ele para agradecer”, conta.

O trabalho é uma celebração à potência cultural marajoara. Realizado de forma independente, o clipe é resultado de uma soma de esforços. Entre os parceiros centrais, as comunidades tradicionais Do Céu e do Pesqueiro, Prefeitura de Soure, GTM Cruzeirinho, Platô Filmes, Tale Agência Multimídia, Guamundo e Reator Cultural Socioambiental.

“Nosso intuito é divulgar a ilha mas sair do senso comum, falando de um turismo consciente, de base comunitária, onde as pessoas percebam que elas são convidadas a conhecer o Marajó, conhecer nossa cultura, mas sabendo que ali é um lugar místico e que lá existem entidades que estão observando. É preciso respeitar a natureza”, diz Gláfira.

Com mais de 20 anos de carreira, desde gigues em barzinhos até se tornar front woman do Álibi de Orfeu, uma das mais importantes bandas de rock da cidade, Gláfira se consolida como uma artista versátil e que vem amadurecendo sua trajetória solo. Após “Jardim Das Flores” (2011), marcado pela world music e pela música pop, Gláfira apresenta um segundo disco totalmente autoral e voltado para a sonoridade percussiva e minimalista do cancioneiro popular.

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