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Mostra ‘Um rio não existe sozinho’ será trilha cultural no Parque do Museu Goeldi, em Belém

Organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, exposição reúne 11 obras de nove artistas, e público poderá interagir diretamente com os trabalhos

Eduardo Rocha
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“Um rio não existe sozinho”’. Esse é o título da exposição que o Instituto Tomie Ohtake, uma das mais importantes instituições no campo cultural do Brasil, promoverá a partir desta sexta-feira (3), às 9h, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), no centro de Belém, quando esse espaço verde será reaberto ao público. Como sugere o título da mostra, o rio segue e propicia o diálogo entre seres humanos e o meio ambiente, e é exatamente isso o que vai ocorrer no Parque do Goeldi, durante a mostra até dezembro: o público vai poder conferir e interagir diretamente com 11 obras de nove artistas de diferentes pontos do país nessa área verde em plena Amazônia. As obras foram elaboradas e adaptadas (site-specific) para essa galeria a céu aberto no MPEG, no momento em que a região está em destaque no mundo e Belém sediará em novembro a COP 30. Instituição científica mais antiga da Amazônia, o MPEG completará 159 anos no próximo dia 6 deste mês de outubro. 

A mostra reúne obras de Sallisa Rosa (GO), Rafael Segatto (ES), PV Dias (PA), Noara Quintana (SC), Elaine Arruda (PA), Mari Nagem (MG), Gustavo Caboco (RR/PR), Déba Tacana (RO) e Francelino Mesquita (PA). Pessoas, em idades diversas, vão poder, por exemplo, deitar em esteiras em cima da grama e contemplar a obra “Casa de Bicho”, do artista Gustavo Caboco, do povo Wapichana (RR/PR) que abraça uma samaumeira com um trabalho artístico delicado em telas. A intenção do artista é que o público reflita sobre essa relação profunda entre os seres vivos na Amazônia e no Planeta como um todo.

image Público vai poder interagir com as obras no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Como explica Sabrina Fontenele, curadora do Instituto Tomie Ohtake, a mostra foi elaborada em um ano e meio de discussões entre artistas e especialistas ambientais na sede do instituto em São Paulo e no MPEG, em Belém, e na abertura da exposição esse diálogo haverá um encontro com os artistas sobre suas pesquisas. “Essa exposição contribui para que as pessoas possam pensar em arte contemporânea como uma ferramenta para discutir as emergências climáticas”, destaca Sabrina.

image Sabrina Fontenele: parceria com Instituto Tomie Ohtake com o Museu Paraense Emílio Goeldi vai gerar momentos de reflexão sobre arte e preservação ambiental (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

“Muitas das instalações, das obras são feitas para que o público consiga caminhar, observar e percebê-las enquanto circula”, ressalta a curadora. Nesse caminhar, as pessoas vão poder ouvir o canto dos pássaros, conferir os vários tipos de vegetação  e ter acesso a um processo sensorial no Parque Zoobotânico com 130 anos de história. 

O Instituto Tomie Ohtake optou por montar a exposição no MPEG  pelo fato de buscar articular saberes científicos, os conhecimentos tradicionais e as pesquisas e explorações artísticas. “E não tem lugar melhor para a gente pensar sobre isso que esse parque zoobotânico, com uma fauna e flora tão especiais, mas também pelas pesquisas que o Museu desenvolveu nesses quase 160 anos e também pela possibilidade de trazer conteúdos dessas pesquisas e discussões para os artistas explorarem e pensarem em possibilidades de atuação”, ressalta Sabrina. 

A artista plástica paraense Elaine Arruda vai expor ao público a obra “Entoar o vento e dançar marés”, na qual narra por meio de gravuras e imagens do cenário amazônico de sua avó Terezinha de Jesus Andrade, de sua mãe Sheila Andrade  e dela própria, guardiãs da história e cultura dessas três pessoas, tudo relacionado ao universo das águas. No caso, uma cortina em formato típico das casas da região com elementos característicos dessas  moradias. 

image Elaine Arruda prepara obra que revisita recordações e elementos regionais no Parque Zoobotânico (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

 

Outro momento na obra são painéis em preto e branco que remetem aos cabelos grisalhos da avó da artista, uma senhora de 87 anos, e às paisagens de rios e florestas. No terceiro núcleo da obra está presente a cor laranja produzida por meio do zarcão utilizado para calafetar barcos e a cor azul como atualização das velas das embarcações, campo de pesquisa da artista.

“Essa experiência tem sido maravilhosa, eu fico montando a exposição e ouvindo os pássaros, o que tem tudo a ver com o trabalho”, destaca Elaine.  Para o chefe do Serviço de Parque Zoobotânico do MPEG, Pedro Filizola, “a gente vai ver que tudo aqui conversa com o que já existe no Parque”. O diálogo maior vai ser entre os visitantes e a mostra em pleno espaço verde do Goeldi a partir desta sexta (3) até 30 de dezembro.


 

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