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Mostra “Eu não confio em rosas vermelhas” traduz obra literária de Oscar Wilde para pinturas

O trabalho de curadoria é de Renato Torres e quem quiser conferir o trabalho de perto, pode visitar a exposição até o dia 28 de maio, na Galeria Candeeiro.

Bruna Lima

A exposição "Eu não confio em rosas vermelhas", de Laís Cabral, 23, faz uma tradução da linguagem literária da obra” O Rouxinol e a Rosa", do escritor irlandês Oscar Wilde, para a linguagem de artes plásticas com pinturas que fazem usos de cores e traços que seduzem e contam uma história íntima da artista. O trabalho de curadoria é de Renato Torres e quem quiser conferir o trabalho de perto, pode visitar a exposição até o dia 28 de maio, na Galeria Candeeiro. 

As pinturas sobre papelão, que em muitos momentos se confundem se estão sobre tela, foram feitas durante um processo de contato com o teatro.  A artista Laís Cabral faz parte de um grupo e estava trabalhando na produção de uma peça sobre o conto de Oscar Wilde. A peça não existiu, mas as conversas e pesquisas surgiram e acabou inspirando a artista para a produção de um primeiro quadro.

"Eu resolvi fazer um quadro sobre tudo o que estava lendo e o visual me surpreendeu muito. E eu fiquei muito intrigada em continuar. E a cada quadro que eu ia produzindo eu descobria soluções conceituais e visuais. E o processo foi se dando de acordo com o que eu fui fazendo. Foi o primeiro trabalho em série que fiz", explica a jovem artista.

O conto que inspirou as pinturas fala de sentimento, de entrega e de situações que não tem um final feliz. "E aí eu peguei o conto e mesclei com coisas que eu sinto, as angústias, os meus medos, as minhas inseguranças e de acordo com o que eu fui interagindo com o público eu fui compreendendo o quanto que isso é recorrente na nossa vida", detalhou mais um pouco a artista sobre o processo de inspiração. 

Depois da série pronta, a artista sentiu necessidade de organizar as obras para contar a história. Foi quando ela decidiu convidar o artista Renato Torres para dar início a esse trabalho de curadoria. Renato denomina o trabalho como uma curadoria afetiva, uma vez que o contato com a artista surge de uma relação de monitor- estagiária.

"A Laís é nossa estagiária na Fundação Cultural e essa nossa relação de trabalho ocorre de forma natural, mas é bonito de ver quando a gente passa a ver o crescimento dela como artista. Ela foi mostrando os trabalhos, pedindo opiniões e a curadoria nasceu de forma natural. Eu admiro muito essa jovem artista, pois ela apresenta um trabalho forte e com muita personalidade. É um trabalho que reflete coragem", destaca o curador da exposição.

Renato diz que é bonito de ver o processo de tradução de uma obra literária para uma obra de artes plásticas e que reflete em uma outra história, outras sensações e sentimentos. "Quando eu vejo isso, enxergo muita beleza e sensibilidade em todo esse processo. E é muito bom fazer parte disso", acrescenta o artista.

Sobre a parceria, Laís disse que foram muitas conversas para decidir vários pontos da exposição. Inclusive, o nome. " Foram muitas conversas com o Renato e sobre a exposição em sim, a gente brinca que é como se fosse um autorretrato só que de forma muito muito codificada. E para mim é algo muito forte e íntimo ter exposto esse material", explica Laís.

A escolha do nome foi outro processo importante para a artista. Ela diz que tinha o objetivo de encontrar um título que fosse extraído do conto, como ocorre, geralmente, em obras extraídas dos contos. Mas ela teve a preocupação de que não fosse algo tão óbvio, como forma de não querer capitalizar em cima da obra de um artista conceituado. 

"Ficamos um tempo nesse processo de pensamentos e ideias até que durante uma conversa com um amigo eu soltei essa frase, 'não confie em rosas vermelhas' e ela ficou muito emblemática e a gente gostou muito e aí eu resolvi dar o título da exposição", explica a artista.

O nome da exposição fala de uma certa soberania que a rosa tem e de um certa ambiguidade. Ao mesmo tempo que a rosa apresenta uma simbologia de ingenuidade, de um amor romântico, ela também representa um certo poder.

“Eu acredito que consegui tirar as simbologias do conto e ressignificar e colocar de forma visual. Essa brincadeira com a narrativa é muito interessante, até porque eu acredito que toda vez que você olha um quadro você cria uma narrativa”, pontua Laís.

A arte na vida de Laís começou quando ela estava no período do ensino médio, quando estudou design no Instituto Federal do Pará (IFPA). Nesse contexto, ela começou a desenhar e procurou fazer cursos no Curro Velho e, nas primeiras oficinas, se identificou com a pintura. “Foi um período que foi como se fosse um refúgio para mim, ir pra lá, focar, pintar, eu ia praticamente quase todas as manhãs e ficava de módulo em módulo, foi quando eu ganhei um prêmio, em 2015, que serviu de incentivo muito grande, pois foi a primeira vez que eu vi o meu trabalho ter um retorno financeiro, ter algum valor. Entrei na faculdade de artes visuais e eu estou seguindo a minha vida assim. As artes hoje para mim é o foco da minha vida e é uma das coisas mais importantes”, avalia a jovem artista.

Serviço:

“Não Confie em Rosas Vermelhas”, exposição individual de Laís Cabral

Visitação: de 07 a 28 de maio de 2022. Terça, quarta e quinta das 8h às 20h

Casa Flow: Av. Conselheiro Furtado, 2956, quase esquina da Tv. 14 de abril – Batista Campos

A Casa Flow é um espaço cultural novo em Belém, que vem abrigando artistas de diversas modalidades. Tem espaço para exposições, música e de bar-café. 

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