Mestre Laurentino tem obra reconhecida como patrimônio cultural do Pará pela Alepa
O Projeto de Lei foi aprovado por unanimidade e agora aguarda a sanção do governador do Estado
Considerado o roqueiro mais velho do Brasil, Mestre Laurentino teve sua obra musical reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do estado do Pará. O Projeto de Lei, de autoria do Deputado Estadual Elias Santiago (PT), foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (29) na Assembleia Legislativa do Estado (Alepa) e agora segue para sanção do Governador Helder Barbalho.
Trajetória de um ícone
Natural de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, João Laurentino da Silva (1926–2024) era neto de escravos. Aos 4 anos, foi adotado pelo juiz Francisco da Costa Palmeira e, aos 18, comprou sua primeira gaita — instrumento que o acompanhou por toda a vida. Além de músico, Laurentino teve uma trajetória diversa: foi ajudante de pedreiro, mecânico de aviação na extinta Real Aerovias (1946–1961) e boxeador.
Fama nacional e internacional
Com sua gaita, Laurentino tornou-se conhecido no Brasil e no mundo como o "roqueiro mais antigo do país". Integrante do Coletivo Rádio Cipó (que também revelou a Rainha do Carimbó Chamegado, Dona Onete), ele se apresentou em festivais nacionais e internacionais. Recentemente, Dona Onete também teve sua obra reconhecida como patrimônio cultural do Pará.
VEJA MAIS
Legado musical
Compositor de “Loirinha Americana” — música que satiriza o pedantismo estadunidense —, Laurentino teve a canção gravada por Gilberto Gil e Mundo Livre S/A. Suas obras também foram interpretadas por artistas como Tom Zé, Marcelo D2 e Otto. Em 2014, lançou o disco “Laurentino e os Cascudos” (produzido por Ná Figueiredo, da Na Music), com sucessos como “Loirinha Americana”, “São Paulo”, “Castelo” e “Nega Misampli” — esta última, a única com videoclipe, gravado no Ver-o-Peso, onde o mestre apareceu com seu figurino singular e simpatia característica.
Reconhecimento póstumo e homenagens em vida
Infelizmente, Laurentino não pôde ver sua obra ser declarada patrimônio em vida. O ícone do rock e da cultura paraense faleceu em dezembro de 2024, aos 98 anos.
“A contribuição de Laurentino para a música produzida no Pará é imensurável. Sua irreverência nos palcos será eterna. Este projeto visa preservar sua memória e legado para as futuras gerações”, destacou Elias Santiago, vice-presidente da Comissão de Cultura da Alepa.
O deputado ainda reforçou a importância de homenagear artistas ainda em vida: “Por anos, vimos muitos serem reconhecidos apenas após a morte. É hora de mudar isso. A classe artística merece!”.
O Projeto de Lei agora aguarda a sanção do governador Helder Barbalho.
(Gustavo Vilhena estagiário de jornalismo sob supervisão de Luciana Carvalho, repórter Seo do portal OLiberal.com)