Mestre 'Come Barro' faz tributo à Marujada de Quatipuru em show inédito
A apresentação é pautada em músicas que fazem parte da identidade da marujada
O Espaço Cultural Apoena recebe neste sábado (10), o show de Mestre Come Barro e o Conjunto Raio de Sol, que marcará a pré-estreia do novo álbum do grupo, “Toques e Cantos da Marujada de Quatipuru”, que celebra a tradicional Marujada de São Benedito de Quatipuru.
O disco faz parte do projeto “Marujada de Quatipuru: Arte, fé, ensino e devoção” premiado pela Funarte, e que também envolve a produção de um documentário longa metragem, a construção do novo Barracão Mestre Verequete, a realização do Festival Cultural Maria Pretinha, entre outras ações.
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“A gente costuma fazer shows lá na Apoena, e esse ano temos um que gravamos de marujada, e aí estamos aproveitando pra fazer esse show de lançamento. São músicas regionais, e canções minhas também, tem dois carimbós e dois xotes meus, e músicas populares da marujada, elas são de domínio público, do tempo dos negros. Tem também valsa, xote, mazurca, retumbão, chorado, enfim são as músicas tradicionais da marujada”, conta o mestre.
Raimundo Borges, mais conhecido pelo apelido de Come Barro, é cantor, compositor e tocador de tambor da Marujada de São Benedito, e atua nessa tradição desde a infância. “Eu comecei quando tinha 9 anos de idade, a bater tambor, a acompanhar os idosos cantando, de lá eu tomei gosto, aprendi com 10 anos a cantar ladainha, e aí vim atuando em vários movimentos culturais, marujada, o carimbó, brincadeira de pássaro, brincadeira de carnaval, tirando folias com comitivas, cantoria de reis. Hoje estou com 69 anos e ainda faço toda essa parte da cultura”, conta o mestre.
“Eu me sinto muito feliz de ainda poder me apresentar aos 69 anos. É sempre uma alegria quando estamos reunidos, cantando no meio do público, e o público aplaudindo. Eu me sinto mais forte do que quando estou parado, porque a cultura é uma riqueza, ela é linda, ela chama a atenção da gente, e isso alegra todo mundo”.
Segundo conta o próprio mestre, o apelido veio de um costume de infância. “Quando era criança, eu tinha o costume de comer terra, barro, minha mãe não gostava e pra eu deixar de continuar com isso, ela achou de contar pros meus amigos na escola, que eu comia barro, aí começaram a me apelidar de ‘come barro’, eu ficava muito bravo na época, e aí foi que pegou. Então até hoje sou conhecido como mestre Come Barro”.
Gabriel Paixão é músico e também estará no show ao lado do Mestre Come Barro. De acordo com o artista, o álbum musical do show vem para apresentar as características da Marujada de Quatipuru, que é diferente das demais. “O disco faz um apanhado de todos os movimentos musicais da Marujada de Quatipuru. É diferente de Bragança, que é a grande referência quando se fala de Marujada. Na Marujada de Quatipuru, a maioria dos temas tem letra e são cantados também. Tem alguns temas instrumentais, como o chorado e a valsa, mas também a maioria deles tem letra”, comenta o artista.
Ele também ressalta que o show na Casa Apoena é fruto do projeto Marujada de Quatipuru: Arte, fé, ensino e devoção”, que fomenta uma série de ações junto à irmandade Maria Pretinha, na cidade de Quatipuru. “O projeto envolve uma série de atividades de salvaguarda da marujada, entre elas aulas de ladainha, aulas de carimbó para crianças, a gravação desse disco, a construção de um novo barracão para a irmandade, manutenção da saída da imagem peregrina pelos campos, entre outras atividades. Além disso, está sendo realizado um filme documentário longa-metragem sobre a história da marujada de quatipuru, abordando desde o nascimento da Marujada, as origens, as características da festa e retratando tudo de forma documental, que já tem 187 anos de tradição”, explica Gabriel.
Serviço:
Show "Toques e Cantos da Marujada de Quatipuru”
Local: Casa Apoena R. São Boaventura, 171 - Cidade Velha
Data: 10 de maio (sábado)