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Meme é crime? Fayda Belo usa o bom humor para explicar sobre delitos nas redes sociais

Em Live para o portal O Liberal.com, a advogada e influencer conta como educa seus seguidores

Gisele Gomes / O Liberal

Uma das principais formas de se tornar popular nas redes sociais é criar um viral ou um meme. O termo é conhecido e se refere ao fenômeno da "viralização" de uma informação, podendo ser em vídeo, imagem, frase, ideia, música e outra, com tanto que se espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançando popularidade.

Acompanhando estes virais, a advogada capixaba Fayda Belo diz que sempre consumiu esse tipo de conteúdo e que, de tanto vê-los, se atentou para um problema: boa parte contém conteúdos que caracterizam crimes. Foi a partir de então que ela resolveu usar seu conhecimento jurídico como instrumento de informação para o público. 


“Meu primeiro viral foi a partir da análise do vídeo de uma moça que teve imagens íntimas vazadas e que, rapidamente, atingiu 1 milhão de visualizações. Logo depois, outro, onde a mãe disse a filha que lhe tiraria do testamento da família por ser lésbica, alcançando 3 milhões de visualizações no “Tiktok". 

Existe um fundo de maldade nesses virais? Na opinião da advogada, a grande maioria destas pessoas quer apenas popularidade ou serem engraçados e que não há má intenção. Para informar os “crimelovers”, ela costura o vídeo meme com o bordão “ Pode não!” ou “Não faça isso!” como alerta, que o uso daquele vídeo é indevido, e não como um julgamento para quem postou. 

As informações que Fayda repassa rendem tanto, que os próprios autores dos vídeos já a procuraram para se retratar ou até mesmo pedir desculpas, alegando que não sabiam que o conteúdo do vídeo era ilegal. Ela diz que as pessoas criam coragem por estarem atrás de um celular ou computador. "Muitas pensam que nunca serão descobertas, o que é uma mentira, já que hoje, os órgãos investigativos também possuem avanços tecnológicos. Por isso, ela acredita ser necessário educar e informar a todos sobre o uso correto das redes sociais, bem como as consequências em caso de violação das leis.

Os números de crimes virtuais no Brasil dobraram em 2020. Ao todo foram 156.692 notificações anônimas de janeiro a dezembro do ano passado, contra 75.428 em 2019. A pornografia infantil continua liderando, com quase 100 mil acusações. Já as notificações sobre racismo, por sua vez, cresceram 147,8%, para 10.684. Enquanto as de violência ou discriminação contra a mulher chegaram a 12.698, alta de 78,5%. Destes casos, Fayda Belo comenta sobre os virais que mais chocou ao produzir conteudo. "O caso do jornalista que quis ligar a Comunidade LGBTQIA+ a pedofilia. É um verdadeiro absurdo que algumas pessoas liguem as pessoas desse grupo a prática de crimes sexuais contra menores.Foi um vídeo que me marcou muito.” 

Atuação

A área de atuação no direito é em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídios, seus conteúdos têm orientado as mulheres quanto aos seus direitos. Dados divulgados no último Mapa da Violência apontam que mais de um terço dos estados não divulga informações sobre a raça das vítimas. Mesmo entre aqueles que divulgam, o campo aparece como ‘não informado' em boa parte dos registros. Especialistas apontam que mulheres negras têm mais dificuldade em denunciar crimes e acessar serviços públicos de proteção na pandemia. “Costumo dizer que as políticas públicas de proteção às mulheres não estão atingindo as mulheres pretas. Em 2020, o número de homicídios contra mulheres brancas caiu, enquanto o das mulheres pretas aumentou. As mulheres pretas ainda são as maiores vítimas de violência doméstica, de estupros, de homicídios. Isso é resultado do racismo estrutural que se perpetua no Brasil, da revitimização e da omissão do poder público quando as vítimas dessas violências são mulheres pretas.” 

Ao final da live, Fayda Belo deixa um recado aos seus seguidores: “Utilizem as redes sociais com responsabilidade, empatia e respeito ao próximo, pois como vocês já sabem, internet não é terra sem lei, e praticar crimes virtuais... PODE NÃO!”.

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