CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Peça teatral 'Maniva' traz poesia e metáfora para o palco

O espetáculo é uma obra inspirada no poema-peça inacabada de João Cabral de Melo Neto

Bruna Lima
fonte

"Os três Mal-Amados", poema-peça inacabada de João Cabral de Melo Neto, foi a primeira fonte de inspiração para a criação do espetáculo "Maniva", que tem realização do coletivo Maniva, de Brasília. O público paraense terá duas oportunidades para assistir ao espetáculo: nesta quinta-feira (16), no Sesc Castanhal e na sexta (17), no Sesc Ver-o-Peso, em Belém.

A atriz paraense Larissa Souza faz um solo na peça como um personagem que não representa um individuo, mas que faz um recorte social de inúmeras questões discutidas na sociedade, como relações de dependência, violência e outros assuntos considerados importantes para o debate. Ela diz que a peça não se preocupa em abordar a vida de um indivíduo, mas sim em questões que passam pelo coletivo.

O espetáculo tem direção de Rafael Toscano e Yuri Fidelis e foi criado entre 2016 e 2017, quando o coletivo Maniva em contato com o poema-peça de João Cabral de Melo Neto deu o estalo de iniciar o processo de montagem de "Maniva".  O texto foi o ponto de partida para provocações que levaram os atores a uma dramaturgia autoral, essencialmente embasada em elementos do imaginário cultural e realidade paraenses.

De acordo com Rafael Toscano, a partir do poema-peça de João Cabral de Melo Neto, a equipe passou a pensar investigando o texto, criando e experimentando cenas. Para ele, o mais interessante nesse processo foi se aproximar da cultura amazônica.

"Me aproximar da cultura amazônica foi como encontrar, em nosso próprio chão, uma riqueza que muitas vezes só enxergamos no que "vem de fora". A maniçoba nos apresentou toda poesia e metáfora possíveis pra que pudéssemos tratar de temas tão urgentes, e não menos atuais, como violência doméstica e relações de dependência a partir da perspectiva do amor, do prazer", declara Rafael.

Larissa Souza diz que por ser paraense, o nome do espetáculo e o processo de construção está diretamente ligado a suas influência, já que “Maniva” apresenta um recorte da vida de uma mulher, onde num ato apaixonado ela se põe a preparar uma maniçoba, prato típico da culinária paraense, e, durante esse preparo, vive um encontro consigo mesma. Numa trajetória permeada pelo real e onírico vão se revelando os abismos e sutilezas que habitam as entrelinhas do amar. Ao longo da apresentação, a peça discute temas como relações de dependência e violência doméstica, por meio de metáforas muito inspiradas na riqueza poética da escrita de João Cabral.

"Após a leitura do poema foram disparando as ideias e chegamos a essa temática da maniva. O espetáculo se passa no tempo de feitura de uma maniçoba e nesse tempo vamos abordando os temas de violência, dependência e entre outras situações que são comuns a muitas pessoas", destaca a atriz.

A vontade de trazer o espetáculo à Belém não é algo recente, desde que os contornos de dramaturgia foram criados, esse desejo já pulsava no coletivo. Isso porque eles acreditam que o trabalho só tem a crescer com os olhares do público paraense, munidos de vivências e afetividade com a maniçoba.

E esse desejo só foi possível em decorrência do empenho de várias pessoas por meio da campanha de financiamento coletivo. Larissa Souza diz que sente uma enorme satisfação, uma vez que por meio dessa ajuda renovou a esperança em acreditar que as pessoas valorizam a cultura.

“Há 8 anos moro em Brasília e vir pra cá só fortaleceu essas raízes. Foi preciso me distanciar pra perceber que eu era toda emaranhado de umidade, calor, onça pintada, açaí e andiroba. Nas minhas unhas tem terra negra da Amazônia e terra vermelha do Cerrado. Brasília também não é esse deserto de desalmados. Ser uma artista, mulher, afroindígena paraense vivendo na capital me amplia a visão sobre os dois lugares, me faz ver organicidade no planejamento alvo de Brasília, me mostra que o Centro Oeste ainda sabe pouco do Norte. É nesse trânsito que quero estar”, declara a atriz Larissa Souza.

A montagem tem atuação de Larissa Souza, iluminação e trilha sonora executada ao vivo, de Luisa L’Abbate e Thiago Gama e, direção de Rafael Toscano e Yuri Fidelis. O espetáculo já realizou duas temporadas independentes em Brasília e com a vinda a Belém, o coletivo esperar passar por outros lugares.

Agende-se:

Espetáculo "Maniva"
Data: 16 de janeiro (quinta-feira), às 19h30
Local: Sesc Castanhal (Avenida Barão do Rio Branco, 10 - Bairro Nova Olinda)
Entrada gratuita
Classificação 14 anos.
 
Data: 17 de janeiro (sexta-feira), às 19h
Local: Sesc Ver-o-Peso (Av. Boulevard Castilhos França, 522/523)
Ingressos: 5 reais
Classificação 14 anos.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA