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Livro de fotojornalista da Folha de S. Paulo traz imagens importantes do cenário político brasileiro

Gabriela Biló fala que a obra é um arco de acontecimentos envolvendo manifestações populares, impeachment e eleições presidenciais

Abílio Dantas e Camila Azevedo

A cobertura de fatos políticos importantes para a construção do Brasil de hoje, apresentados por meio de fotografias, são a temática central do livro A Verdade Vos Libertará, da fotojornalista da Folha de S. Paulo Gabriela Biló. Lançada no início de maio, a obra reúne o trabalho realizado pela comunicadora ao longo de 10 anos e passeia por manifestações populares, impeachment, eleições e posses presidenciais. 

Eu sempre falava que independente de quem ganhasse, minha última foto seria no dia 1º de janeiro. No processo de alinhar as últimas fotos e arrumar o sumário, aconteceu o 8 de janeiro.

O que do ponto de vista da sua estética você destacaria de 2013 até 2023?

Uma coisa que mudou bastante é que eu sempre procurava ter uma foto boa e hoje eu já penso que toda a história é um conjunto. Acho que minhas fotos ficaram mais escuras, mais carregadas no preto, isso tem muito a ver com a minha forma de ver o mundo, que mudou bastante.

O uso de lentes, também, amava a grande-angular, continuo amando, mas, hoje, eu uso muito a tele, são fotos muito mais chapadas, menos distorcidas. Eu sempre usei uma lente muito aberta com bastante desfoque, e, hoje, dependendo da situação, como no 08 de janeiro, fotografo com tudo em foco porque eu entendo que aquilo é um documento. 

Você está baseada em Brasília, um local que é majoritariamente composto por homens.

Assim, você já sofreu alguma violência neste sentido? Algo que atrapalhou seu trabalho?
Isso é normal, infelizmente. Como tem pouquíssimas mulheres fotojornalistas aqui em Brasília, o machismo é mais solto. Às vezes, nem é sobre você, é sobre uma pessoa que passou e você ouviu um comentário de um colega falando de um jeito bem desrespeitoso com uma mulher e você já se irrita com aquilo. Poxa, estamos trabalhando, não somos obrigadas a ouvir esse tipo de coisa no Palácio do Planalto.

Quando eu comecei a fotografar, eu sofria bem mais. Hoje em dia, ninguém me empurra, mas ainda sofro bastante machismo. Outra coisa é descredibilizar o seu trabalho, achar que você só fez tal foto porque fulano de tal gosta de você e, não, estamos aqui de ombro a ombro, todo mundo fazendo o mesmo trabalho. Eu não tive nenhum acesso privilegiado porque eu sou mulher. Também tem muito a questão de as suas conquistas serem sempre atreladas a algum favor sexual que você tenha trocado, isso é frustrante. 

Hoje, é notório a questão da internet nas coberturas políticas, nas redes sociais, nos podcasts e, enfim. Queria que você falasse um pouco disso de que maneira você entende esse momento e o debate da fake news.

Eu acho que as redes sociais são uma ferramenta. Como a gente usa isso que eu acho que é a questão. Eu sou a favor das redes sociais, acho que elas tem um lado bem complicado que a gente está vendo agora, vivendo o caos, que ninguém ainda sabe direito lidar com os crimes que acontecem, mas são uma grande ferramenta da evolução humana e principalmente da comunicação.

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