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Letras de embarcações paraenses ganham destaque em livro lançado na Feira Pan-Amazônica

Abridor de letras mostrou o seu ofício para visitantes em dois dias que participou do evento.

Bruna Dias - O Liberal
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Letras grandes, cheias de formas únicas e com muitas cores podem ser encontradas nos cascos dos barcos no Pará que navegam pelos rios da Amazônia. O abridor de letras Luis Júnior apresentou o ofício ao público que visitou a programação da 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Ele finalizou as três telas que pintou ao vivo no espaço do Mangueirinho, na noite desta sexta-feira, 3.

Entre cores, brasão e ótima simetria, o abridor trabalha há 27 anos na função que aprendeu nos portos de Belém. O ofício foi aperfeiçoado ao longo do tempo e pela grande quantidade de trabalhos produzidos. Luis nem sabe ao certo quantos barcos já foram pintados por ele. “O desenho se encaixa de acordo com o tamanho do barco. Assim como me ensinaram um dia, hoje eu já passo para outras gerações o ensinamento”, contou o artista.

O profissional “abridor de letras” é o que pita as embarcações dos rios da Amazônia. Atualmente, com essas décadas de profissão, Luis também realiza pinturas em comércios e lembranças paraenses. Essa tradição familiar da Amazonia é tema do livro “Letras que flutuam”, de Fernanda Martins, lançado no evento pela Secult (Secretaria de Estado de Cultura do Pará).

image Livro foi lançado na 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes (Ascom Secult)

“Tudo é fruto de uma pesquisa iniciada em 2014 sobre o saber dos profissionais que pintam letras nos barcos populares de madeira. O livro é resultado de todo esse trabalho que aconteceu por conta de pesquisadoras e uma seleção de pessoas que colaboraram em diversos momentos do projeto”, explicou Fernanda.

A escritora e designer gráfica conta na obra o processo de evolução das pinturas. Foram mais de 180 profissionais ouvidos que contam sobre as suas realidades. Além disso, um estudo histórico foi realizado para identificar a origem das letras.

A estética do século XIX começou a ser usada pelos artistas da Amazônia e levada para os barcos, a evolução ocorreu com o olhar de cada abridor, que usou uma base de letra e evoluiu a sua forma.

O projeto começou com documentários, oficinas e exposições, que resultou na publicação de um livro. “Foi com muita gratidão e alegria que recebemos o convite para a produção desse livro, que é a concretização de todo esse esforço de muitos anos. A parte principal, que é dar fala aos abridores, que é fruto de todas as entrevistas que nós fizemos, selecionamos pedaços de depoimentos que vão construindo esse saber: quem é, como aprendeu, como se pinta,  as características da letra decorativa, as relações comerciais e também o que está mudando com a contemporaneidade, com a nova tecnologia, que são as pinturas das rabetas”, acrescentou Fernanda Martins.

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