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Jornalista Ulisses Campbell lança novo livro-reportagem sobre Elize Matsunaga

O autor do best-seller sobre Suzane von Richthofen, agora mergulha na história de outra assassina que chocou o país ao matar e esquartejar o marido, herdeiro do Grupo Yoki.

Enize Vidigal O Liberal

Já está à venda o novo livro-reportagem do jornalista paraense Ulisses Campbell. Após o best-seller “Suzane- Assassina e manipuladora”, de 2020, ele publica “Elize Matsunaga- A mulher que esquartejou o marido” (Editora Matrix) sobre a autora do assassinato de Marcos Matsunaga, herdeiro do Grupo Yoki, crime que chocou o país em 2012, em São Paulo.  O lançamento oficial ainda será no próximo dia 13, na Livraria Martins Pontes, em São Paulo, com previsão de lançamento em Belém, na sede de O Liberal, em data a ser definida.

“São crimes emblemáticos, de grande repercussão. Escolhi (essas assassinas para retratar em livro) principalmente por terem perfis diferentes, motivações antagônicas por serem personagens que o público já conhece”, conta o autor, que prepara uma trilogia de mulheres assassinas com um futuro livro sobre a ex-deputada federal Flordelis, acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, em 2019.

No livro sobre Elize Araújo Kitano Matsunaga, o jornalista se aprofunda em milhares de páginas de documentos e depoimentos contidos em processos judiciais, mas investe nas histórias da vida pessoal, como o estupro sofrido aos 15 anos pelo padastro, na cidade de Chopinzinho, no Paraná, onde nasceu, a vida como prostituta e o casamento com um homem violento.

A pesquisa de dois anos ouviu pessoas que conviveram com Elize e Marcos. Todo esse conteúdo indica o perfil psicológico da pessoa fria que matou o marido com um tiro na cabeça em 19 de maio de 2012, esquartejou o cadáver com precisão no dia seguinte, tirou do apartamento as partes do corpo em malas e abandonou nas matas de Cotia, na Grande São Paulo, e, ainda, levou 17 dias para confessar o crime, período em que se fez passar pelo marido para mandar mensagens à família dizendo que ele tinha viajado. “Dos cinco laudos psicológicos contidos no processo de execução penal, três apontam que ela é psicopata”, ressalta.

“A Elize é cercada por histórias de prostituição. Para entender a frieza dela é importante conhecer o universo degradante da prostituição em que ela esteve inserida, como as mulheres são humilhadas e até estupradas, abrem mão da dignidade e da sexualidade para fazer sexo por dinheiro”, aponta Campbell, que ouviu várias pessoas que conviveram com Elize e Marcos. “Tem uma frase emblemática do livro em que a cafetina diz para as meninas que ela agencia, pois uma delas se recusa a fazer sexo oral: ‘Aqui no meu bordel não tem essa história de não é não para os clientes. Aqui não é sim’”, menciona.

Elize tem certificado em contabilidade, técnica em enfermagem e leiloeira e diploma de bacharel em Direito, mas, mesmo assim se prostituía até ir para São Paulo e encontrar com um cliente que casou com ela, em 2008, e com quem teve uma filha. “Por que Elize matou o marido? Ela sempre sustentou que foi em nome da filha, pois Marcos ameaçava internar a esposa num hospício e temperava o prenúncio dizendo que juiz algum daria a guarda da menina a uma prostituta louca e sem dinheiro. No entanto, amigos e parentes do empresário asseguraram que ele nunca cogitou ficar com a criança após uma possível separação. A própria Elize narrou num e-mail que Marcos se afastou da filha quando o casamento começou a desandar”, revela o jornalista.

Elize não foi ouvida no livro porque firmou contrato de exclusividade com a Netflix para a série documental “Elize Matsunaga: Era uma vez um crime”. Ulisses Campbell incluiu no livro a versão de Elize extraída de depoimentos prestados à polícia e à Justiça. Inclusive, o jornalista é visto numa das primeiras imagens da série, entre os jornalistas que abordam Elize na primeira saída temporária do Presídio de Tremembé, interior de São Paulo, em 2019, após sete anos de detenção.

Foi justamente nessa saída de Elize que Campbell decidiu escrever sobre ela. “Nesse presídio também estão a Suzanne von Richthofen e Carolina Jatobá. Eu estava escrevendo sobre a Suzane. Elas saíram com medo de serem linchadas pelas pessoas que estavam lá na porta. Mas a Elize saiu desfilando, acenando, as pessoas aplaudindo e teve uma mulher que gritou: ‘Vai Elize, vai cuidar da vida que você merece’. Isso acontece porque, na cadeia, elas são julgadas pelos crimes que cometeram. Mulher que mata marido é rainha, símbolo de quem se livrou de relacionamento tóxico. Vi que aí tinha muita história pra contar”.

Elize foi condenada inicialmente a 19 anos de prisão, mas conseguiu uma revisão judicial para 16 anos, dos quais já cumpriu nove anos. A filha do casal Matsunaga está com dez anos e sendo criada pelos avós paternos, com os quais Elize trava uma disputa judicial pela guarda.

O livro está disponível em várias livrarias pelo país e também em plataformas digitais em formato físico e de e-book, desde o último dia 20 de agosto.

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