Filmes com protagonismo feminino são destaque no Festival de Cinema de Gramado
O Festival abriu sua 51ª edição no dia 11 de agosto e irá exibir até dia 19 vários longas inéditos
A maioria dos longas selecionados para participar da 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que iniciou dia 11 e segue até 19 de agosto, possuem no centro das tramas o protagonismo feminino sob diferentes aspectos. Em “Angela”, do diretor Hugo Prata, Ísis Valverde interpreta a socialite belorizontina Angela Diniz, vítima de feminicídio pelo companheiro em 97; já “Tia Virginia”, de Fabio Meira, acompanha as inquietudes vivenciadas por três irmãos durante a véspera de Natal, com foco na familiar mais velha, interpretada por Vera Holtz. Ao todo, serão exibidos 11 longas e 23 curtas brasileiros na competição.
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Para Isis Valverde, que interpreta Angela Diniz, fazer uma personagem tão real e com um destino traçado com a crueldade do feminicídio foi gamezer na ancestralidade feminina e permitir que o público saía das salas de cinema com um pensamento diferente.
“Eu acho que esse projeto é importante não só para mim como para outros, que precisam ser alertadas, acordadas, e a voz dessa mulher que foi silenciada, apagada. Foi muito importante para mim estar representando ela”, disse a atriz.
O diretor, roteirista e produtor, Fabio Meira que dirigiu o mais novo filme “Tia Virgínia” também conversou com o colunista. No bate-papo, falou sobre como traz uma protagonista de 70 anos que nunca se casou e nem teve filhos, e convencida pelas irmãs, se muda de cidade para cuidar dos pais.
“Esse é o meu segundo longa metragem. O primeiro foi as ‘Duas Irenes’ que conta um pouco de uma parte da história da minha família, e o ‘Tia Virgínia’ é um outro momento, outra faceta, é como se fossem personagens com um salto no tempo de cinquenta, setenta anos, dessas mulheres maduras que conviveram em casa”, explicou Fabio.
Segundo ele, o filme se passa em um único dia em que a irmã, interpretada por Vera Holtz, espera as irmãs para passar o primeiro natal após a morte do pai. “São histórias de família que surgem e como elas lidam com essa questão temporal, do espaço. É um filme muito das relações familiares, humanas, de irmãs”, acrescentou o diretor.
Neste ano, não há filmes paraenses concorrendo ao festival. A força cinematográfica do Norte é representada pelo Tocantins, que traz o último longa dirigido por uma cineasta mulher na competição principal. Com “O Barulho da Noite", Eva Pereira, conta com uma protagonista infantil que tem a infância roubada ao descobrir um segredo que desestrutura sua família.
Ineditismo nas homenagens
Para além dos longas exibidos, apenas mulheres formam o grupo de artistas que serão homenageadas nesta edição. A produtora Lucy Barreto e as atrizes Léa Garcia, Laura Cardoso, Ingrid Guimarães e Alice Braga sabem ao palco para receberem a honrarias da casa, que são os troféus Oscarito, Cidade de Gramado, Eduardo Abelin e Kikito de Cristal.
Laura Cardoso (Reprodução/TV Globo)
De acordo com Ismaelino, esta será também a primeira vez que uma dupla será homenageada com dois troféus Oscarito, o mais antigo e importante do festival. “As duas atrizes, Léa e Laura, com mais de 90 anos, abriram caminhos e as entregas à elas trazem várias simbologias. Gramado esse ano é do feminino plural”, afirmou o colunista.