Exposição apresenta performances sobre resistência negra nas artes
Projeto 'Giraê!' reúne síntese de 10 anos de carreira de Carlos Vera Cruz

Dez anos se passaram desde a concepção da primeira performance do ator e performer, Carlos Vera Cruz. A obra “Negra Luz” foi a primeira de 17 criadas por ele ao longo da última década. Desde essa obra sobre a religiosidade negra, o artista se dedica a tratar sempre por diferentes temáticas de um assunto mais amplo: a resistência negra.
Esse histórico de anos de atuação militante nas artes poderá ser visto na exposição “Giraê!”, que será aberta nesta sexta-feira (5), às 19h, na galeria Theodoro Braga, com uma performance de Carlos Vera Cruz. A exposição seguirá até o dia 29 de novembro, sempre das 9h às 15h.
“Eu só tenho uma palavra que é resistência, não é qualquer artista preto que consegue manter uma carreira de 10 anos. É muito triste falar isso de certa forma, independentemente de questões sociais e econômicas, é muito difícil para os artistas pretos manterem suas carreiras. Dessas 17 performances, somente cinco tiveram patrocínio de edital. É resistência mesmo, comemorar isso traz mais força para continuar. E ainda mais tratando na arte desses temas”, enfatiza.
A exposição reúne fotos, vídeos e instalações das performances realizadas por Carlos Vera Cruz em Belém e no Rio de Janeiro, onde morou enquanto cursava mestrado em Artes Cênicas. A curadoria da exposição é Renata Aguiar e Isabela do Lago. As imagens são dos fotógrafos Alan Soares, Arthur Leandro, Carolina Kzan, Dario Jaime, Julien Heurtier, Lu Peixe, Lucivaldo Sena, Renata Aguiar, Roberta Brandão, Samily Maria, Thiago Thompsom, Uirandê Gomes e Vitor Gonçalves.
No decorrer do trajeto artístico, Carlos Vera Cruz foi mudando as performances para um contato e participação cada vez maior do público. “Se a pessoa não participar não há performance. Em uma delas, eu saia fazendo turbante em mulheres. Nela a pessoa que ia aparecer era a mulher na foto com o turbante. A performance em si era o meu encontro com a pessoa para fazer o turbante”, relembrou. “Conforme eu fui estudando as performances fui fazendo de outras formas”, explica.
Uma das performances realizada no Rio de Janeiro, e que está na exposição como vídeo, é bem simbólica. Nela Carlos apresenta uma drag criada por ele para enfrentar o preconceito. “Em 2015, eu sofri uma homofobia, e no mesmo lugar em que ocorreu o caso eu fiz essa performance, que está na exposição. Ela não fala somente sobre uma identitária negra, mas fala sobre um homossexual negro que sofreu agressão. Isso traz a leitura da identidade preta de gênero. Eu comecei focado na religiosidade afro, e ao longo desses dez anos fui expandindo, como por exemplo as questões de gênero, que também fazem parte e envolvem a identidade negra”, contou.
Agende-se
Exposição Giraê! 10 anos de performance negra de Carlos Vera Cruz
Abertura: sexta-feira, dia 5, às 19h
Visitação: até 29 de novembro, de 9h às 15h
Local: Av. Gentil Bitencourt, 650 - Nazaré. (Térreo do Centur - Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves/Sede da Fundação Cultural do Pará).
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