Documentário "De Tribo a Tribo" busca patrocínio após ser aprovado na Lei Rouanet
Produção registra a cultura de rua representada pelo breakdance, um dos elementos do hip hop
Um paralelo de "tribos" distintas, mas unidas pela região de origem é o foco principal do documentário artístico cultural "De Tribo a Tribo". O projeto foi aprovado pela Lei Rouanet e agora segue em busca de empresas patrocinadoras para que saia do papel e entre em estágio de produção, explica Clebiston Nunes, idealizador e roteirista da iniciativa, que tem como parceria a empresa Tallent.
Na produção, a cultura de rua representada pelo "breakdance", um dos elementos do "hip hop", se mescla com a cultura e dança do povo indígena da etnia Anambé de uma comunidade que fica a cerca de 100 quilômetros de Mocajuba.
Para representar o hip hop no estado do Pará, o grupo "Amazon Crew" foi escolhido para integrar o documentário que, segundo Clebiston, deve misturar culturas regionais. "Esse projeto veio da perspectiva do potencial que a Amazônia tem. Esse grupo é um dos melhores do mundo, já tiveram a experiência de trabalhar em outros países, participaram de programas de televisão... Vendo por essa perspectiva do grupo e pelo reconhecimento internacional, tem o fato da região ser associada aos indígenas. Então vamos misturar esse contraste da cultura indígena com suas danças festivas e religiosas", explica o idealizador.
Por meio de relatos sobre fatos e tradições, além da origem e influência da dança nas duas comunidades, a produção busca apresentar a cultura dos dois grupos paraenses a partir das suas similaridades e singularidades, para instigar um contraste cultural em meio ao cenário real e natural da comunidade indígena. "De Tribo a Tribo nos conduzirá a mergulhar em meio à beleza, criatividade e potencial advindos da mistura da dança de rua com a cultura da dança indígena utilizada em seu dia a dia e nas festividades, criando uma mistura de ambas as danças e, assim, ocasionado um instigante contraste cultural", diz a introdução do projeto.
A aprovação da proposta paraense ainda representa uma pequena parcela dos recursos captados via incentivo fiscal da Lei Rouanet em todo o país. O estudo técnico Concentração dos Recursos Captados por meio da Lei Rouanet da Área Técnica de Cultura da Confederação Nacional de Municípios (CNM) indica que quase 80% dos recursos ficou na região Sudeste, entre 1993 e 2018. Desse montante, 78% foi direcionado para as capitais do Rio de Janeiro e São Paulo.
Já na região Norte, os subsídios captados em 25 anos correspondem a 16% do recebido pelo sudeste em 2017 ou todo o valor captado pela região sul no mesmo ano. Para Clebiston, a aprovação do "De Tribo a Tribo" significa um avanço, mas o cenário paraense ainda precisa melhorar. "Não vem recurso porque não tem proposta. Os fazedores de cultura aqui basicamente não têm tido propostas aprovadas. Em Barcarena nunca teve. É a primeira proposta aprovada", desabafa ele, que ainda espera protocolar mais duas propostas culturas, desta vez para o ramo da música e da fotografia, ainda em fevereiro.