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Designer Selma Montenegro lança coleção produzida durante pandemia

Exposição abre nesta quarta-feira (4), das 10h às 16h, no Espaço São José Liberto.

Redação Integrada

O período de quarentena e lockdown em Belém foi difícil para todo mundo. Para superar este longo período em casa, a criatividade e o trabalho para desenvolver uma coleção de colares se tornou o refúgio da designer de jóias Selma Montenegro. Com o isolamento em casa, a artista começou a reutilizar vários materiais para criar belos colares. Com a abertura gradual da economia, agora Selma apresenta a coleção para todos verem suas 23 mais recentes criações na exposição “Design na Quarentena”, no Espaço São José Liberto, a partir desta quarta-feira (05). As peças estarão disponíveis até o dia 16 de agosto, de terça-feira a domingo, sempre das 10h às 16h.

“Assim que iniciou a quarentena fiquei como muitas outras pessoas em casa. Eu reuni uns materiais que eu tinha e não iria usar. Fiz um reaproveitamento dos materiais, e comecei a fazer as peças. Quando voltei vieram com a ideia de fazer uma exposição no Espaço São José Liberto, onde eu trabalho. Utilizei o tempo que tive na quarentena para criar, e os materiais que reaproveitei. Esses materiais talvez nem tivessem mais uso”, aponta.

Selma Montenegro que é natural de Afuá, no Arquipélago do Marajó, graduou-se em Educação Artística. A designer vinculada ao Polo Joalheiro do Pará desde a inauguração do Espaço São José Liberto, em 2002, é uma das pioneiras na área. A designer trabalha com a criação de anéis, pulseiras, pingentes, e o favorito, os colares. Ao longo desses anos, Selma ficou bastante conhecido pela produção colares, os artigos mais procurados pelos clientes.

“Se você for ver parte da minha história, o meu forte são os colares. Não sei te dizer, mas é a primeira coisa que penso quando vou criar no caso de acessório. A primeira coisa que vem em mente é o colar, além de ser o meu forte, eu me dou muito bem com eles. O principal item que meus clientes buscam também são os colares. É uma busca bem maior por colares do que qualquer outra peça”, detalha.

Nos últimos anos ela se dedicava ao desenho de joias e biojoias. A coleção do "Design na Quarentena" foi um retorno ao processo de criação, desenho e fabricação completo. Algo que já não fazia. “Eu desenhei, criei e montei. O que não estava mais acostumada a fazer. Só desenhava joias e biojoias. Nos últimos anos só estava desenhando e administrando a loja, agora tive tempo para fazer o que fazia bem antes. Lá atrás comecei assim, voltei ao que não fazia há muito tempo”, relata.

Essa criação foi importante não só para retomar as origens, mas para manter a saúde mental durante a quarentena e o isolamento social. Graças a produção dos colares, Selma Montenegro manteve-se sempre ativa. “Isso me ajudou bastante, não senti falta de nada. Simplesmente, eu não senti igual as outras pessoas. Eu não senti esse tempo porque tinha coisa para eu fazer. Eu achei até bom por esse motivo. Lógico que eu fiquei com medo de sair de casa, tinha medo de pegar a doença”, revela.

Ao invés de ouro ou prata, desta vez os materiais utilizados foram sementes, fibras, madeiras, gemas e metais, como matérias-primas. Selma buscou outra particularidade de suas obras, a forma geométrica. “A concepção dos colares tem uma forte ligação com a geometria e a mistura coordenada de materiais regionais com o universal em que eu procuro prezar pela simplicidade das formas”, define. Ela acrescenta que os itens possuem “um apelo por peças chamativas com design como uma certa impressão digital, em que procuro mostrar uma identidade própria”.

A designer tem uma longa história com premiações. Em 2006, Selma ficou em 3º lugar no Prêmio IBGM, promovido pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos, com a peça “Fruto da Terra: Açaí”, sendo a primeira designer do Norte do país a integrar a lista dos profissionais selecionados. Dois anos depois, no mesmo concurso do Prêmio IBGM, Selma ficou entre os dez melhores designers do país, na categoria Arquitetura Brasileira, com o colar “Ver-o-Peso”, inspirado na arquitetura da maior feira livre da América Latina e cartão-postal da cidade de Belém.

Também em 2008, ela ficou com a segunda colocação com o designer da jóia “Dança das Cores” (inspirada no tema do concurso, “Carimbó”), com a qual foi agraciada na categoria profissional no “I Prêmio de Design em Joias do Pará”, promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PA), com apoio do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (IGAMA).

Dois anos depois, o trabalho da designer também lhe rendeu, a homenagem na 29ª edição do “Mulher Padrão do Pará”, evento destinado a profissionais que se destacam pela qualidade do trabalho que realizam nos mais diversos segmentos, numa iniciativa do Conselho de Profissionais do Estado do Pará. Em 2012, Selma foi uma das 18 finalistas do maior concurso de design de jóias de ouro do mundo, o Anglo Gold Ashanti AuDITIONS, com o tema “Brasilidade”. A peça “Açaí” foi escolhida em um universo de mais de mil inscritos.

A coleção pode ter sido um novo momento na carreira de Selma Montenegro. A partir de agora, ela tem novos planos para criações e uma inserção maior nas redes sociais. “Pretendo fazer outras coleções, muitas outras. Lançar outros tipos de produtos com o meu design, com meu estilo e minha cara. No caso serão bolsas com o mesmo estilo que crio nas joias e biojoias, tudo está interligado”.

O lançamento da coleção de acessórios de moda “Design na Quarentena” é uma realização da designer Selma Montenegro, do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia – organização social que gerencia o Espaço São José Liberto – Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia e Governo do Pará.

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