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Círio tem brinquedo de miriti, sim senhor!

Mesmo sem as procissões oficiais, artesãos vieram a Belém vender o artesanato tradicional em três pontos da cidade.

Enize Vidigal O Liberal

O brinquedo de miriti é o laço de amor entre Belém e Abaetetuba no Círio de Nazaré. O artesanato feito a partir do miritizeiro é elemento importante da cultura popular da festa. Este ano, apesar de não haver procissão oficial pelo segundo ano consecutivo, os artesãos vieram à capital paraense vender a produção. Eles estão concentrados no Arraial de Nazaré, Porto Futuro e Boulevard Shopping, sem falar naqueles que vieram fazer a venda de forma ambulante, usando as conhecidas “girândolas” que sempre estiveram presentes nas procissões.

“Estamos levando pássaros, quadros, peixes, espelhos, caravelas, canoas, barcos, flores, pila-pila, pombinha, cobrinha, carrossel, roda gigante e um mundo de coisas”, conta o dirigente da Associação dos Agroextrativistas, Pescadores e Artesãos do Pirocaba (Asapap), Ivan Leal. “O público é sempre fiel ao artesanato de miriti, comparece em peso”, comemora.

O Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa (Sebrae) organiza a Feira do Artesanato do Círio no Porto Futuro com 60 estandes com 20 mil peças de 52 artesãos de oito municípios paraenses, incluindo 28 artesãos de miriti de Abaetetuba e outros dois artesãos de miriti de Belém. Eles estão distribuídos em 1.735 metros quadrados no estacionamento do parque.

O Sebrae também organiza a Loja Colaborativa do Arraial de Nazaré, quer reúne os trabalhos de 80 artesãos de vários segmentos em 50 metros quadrados. Nos dois locais, a venda teve início no último dia 5 e vai até o feriado da terça-feira, 12, com funcionamento das 10 às 22 horas.

Rivaildo Moraes Peixoto, o Mestre Riva que preside o Instituto Multicultural Miritis da Amazônia (IMA), lamenta a falta de apoio para garantir espaço de venda a todos os produtores de miriti de Abaetetuba. Segundo ele, Abaetetuba possui quase 2 mil “mestres de ofício” que atuam ao longo da cadeia de produção dos brinquedos de miriti, conforme o levantamento feito no ano passado. Essa mão de obra está organizada em cinco associações de trabalhadores.

“Nossa vitrine é o Círio de Belém”, afirma. Por conta disso, um grande número de artesãos chega a Belém para vender os brinquedos de miriti de forma “volante”. Eles amarram os brinquedos em uma girândola, que é carregada pelas ruas, gerando outra imagem tradicional do Círio. “Sempre o artesanato nos surpreende. De agosto para cá, de última hora, recebemos inúmeras encomendas. Este ano, foi possível nos organizarmos melhor do que no ano passado”.

Decoração

A paixão pelos brinquedos de miriti está estampada nos pontos de entrada dos turistas na cidade. O aeroporto, o porto hidroviário e o terminal rodoviário receberam decorações com brinquedos em tamanho ampliado, como roda gigante de 4 metros de diâmetro e canoas de miriti em tamanho natural. O espelho d’água do aeroporto, por exemplo, foi tomado por essas canoas coloridas e algumas delas serviram de totem para a ornamentação da imagem de Nossa Senhora de Nazaré.

Há 11 anos, o Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE) realiza a exposição “Canoas de Promesseiros”, que se tornou uma atração à parte no Círio. A mostra reúne barquinhos e canoas de miriti no espelho d’água da instituição, numa referência à romaria fluvial em miniatura. “A nossa intenção foi fazer a reprodução com o sentimento que envolve as procissões, com o mesmo amor e a mesma fé que milhões expressam nas procissões da Virgem”, conta o conselheiro Nelson Chaves, idealizador da exposição.

A decoração também ganha as casas. A tradição dos brinquedos que surgiu com foco nas crianças, cada vez conquista mais os adultos. “Nosso carro-chefe são os brinquedos tradicionais, mas o que tá em evidência são as peças decorativas, como abajures, luminárias, móbiles, espirais, cortinas, quadros com molduras variadas, entre outros”, afirma mestre Riva.

 

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