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Minidocumentário apresenta universo do Tambor de Mina na Amazônia

“Mariana: histórias de vida e encantaria” terá lançamento para convidados nesta segunda, no Cine Líbero Luxardo

O Liberal

Valorizar e garantir o registro dos saberes tradicionais da Amazônia, dando voz aos mestres e mestras populares da tradição do Tambor de Mina e da Encantaria é um dos pontos centrais do Minidocumentário “Mariana: histórias de vida e encantaria”.

Produzido pelo coletivo artístico Filhos de Iracema e dirigido pela atriz e produtora cultural, Luiza Braga, será apresentado nesta segunda-feira (18), no Cine Líbero Luxardo, no Centur, apenas para convidados, mas a partir do dia 20, estará disponível para o público geral no Youtube do coletivo.

O documentário de 30 minutos de duração tem como base uma entrevista com a mestra Mãe Rita Souza - Ya Gedeunsu - sacerdotisa da Casa de Mina Nagô T.E.U.C.Y., segundo terreiro mais antigo do Estado do Pará, concedida na casa dela, dentro do terreiro, na ilha de Mosqueiro e mostra seu cotidiano.

“Ao longo da fala dela, uma outra dimensão de realidade vai aparecendo. Na medida em que ela nos conta sua trajetória pessoal e seu desenvolvimento como sacerdotisa do santo com a Cabocla Mariana, vamos apresentando imagens desse universo mítico de forma que o espectador seja um pouco transportado para o universo dessa encantaria. Por isso, dizemos que é uma linguagem experimental, em pesquisa, já que ao lado da narrativa documental apresentamos também uma narrativa mítica”, justifica Luiza Braga, que no minidocumentário faz sua estreia na direção.

As histórias trazidas por Mãe Rita ajudam o espectador a desvendar um pouco mais a figura de Dona Mariana enfatizando aspectos curiosos sobre essa encantaria. “Esse trabalho tem uma mensagem muito importante para as mulheres, a partir dos ensinamentos da Cabocla Mariana, uma entidade múltipla, que se apresenta nos rituais de formas diversas – cabocla, marinheira, arara, princesa turca, entre outras. Mas todas essas identidades trazem um feminino forte, um lugar de mulher dona do próprio destino, ao mesmo tempo em que é conectada fortemente com sua ancestralidade. Podemos dizer então que nesse documentário conhecemos claramente, através da fala de Mãe Rita, uma perspectiva sobre Dona Mariana que se alinha com o discurso feminista”, explica.

A ideia do documentário surgiu a partir de um sonho da diretora. “Mais ou menos há dois anos sonhei com a cabocla Mariana e as imagens desse sonho nunca saíram da minha cabeça. Inclusive estou muito feliz porque essa imagem é a imagem final do documentário”, comemora.

O documentário fortalece o necessário investimento na produção de material e divulgação de informação sobre as mitologias e histórias de vida relacionadas aos guardiões das culturas tradicionais na Amazônia, transmitidas essencialmente por meio da oralidade.

“Acho de fundamental importância que a gente tenha iniciativas que valorizem e garantam registro a esses saberes tradicionais, que dêem voz aos nossos mestres e mestras populares”, afirma. Para ela, falar sobre o assunto é cultural e não apenas uma questão de religião.

“E, mesmo falando sobre religião, é preciso que cada vez mais a gente questione e combata os espaços de intolerância. Um dos aspectos que mais me encanta na entrevista que mãe Rita nos concedeu é quando ela diz: são caminhos diferentes, cantigas diferentes, mas todos estamos buscando a mesma coisa. A cura, a cura dos males que nós mesmos nos causamos”, resume.

O minidocumentário tem produção dos Filhos de Iracema, um coletivo artístico que nasceu dentro do espaço da casa de Mina Nagô T.E.U.C.Y. “Somos um grupo de artistas paraenses que reúne músicos, atores, performers e artistas do audiovisual se uniu com suas pesquisas pessoais para desenvolver projetos artísticos a partir da tradição das casas de tambor de Mina e Pajelança amazônicas”, destaca.

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