MENU

BUSCA

Todos os filmes do 'Amazônia Doc' disponíveis para acesso neste final de semana

O festival encerrou na última quarta-feira, 23, com anúncio dos vencedores das mostras competitivas de seus três festivais

O 6º Festival Amazônia Doc divulgou na quarta-feira à noite os filmes vencedores das três mostras competitivas do evento, em live transmitida diretamente da Casa Namata, pelo canal de Youtube do festival. E neste sábado e domingo, 26 e 27 de setembro, o dia inteiro, todos os 54 filmes do evento estarão com acesso disponível para serem assistidos. É só acessar www.amazoniaflix.com.br, fazer o cadastro gratuito e acessar.

Com maratona de exibições, debates e atividades de formação, tudo em formato online e gratuito, este ano o Amazônia Doc inovou em diversos aspectos. Realizado desde 2009, nesta edição o festival ampliou suas atividades, agregando mais duas iniciativas à programação: o 1º festival “As Amazonas do Cinema”, que reverbera a produção cinematográfica feminina, e o 1º “Curta Escolas”, que incentiva a formação de jovens cineastas, com foco nos alunos da rede pública estadual de ensino. 

As mostras competitivas, dos três festivais, somaram 65 filmes, sendo mais de 50 deles inéditos, oriundos de cinco países da Pan-Amazônia. Contabilizou-se mais de 5 mil acessos às obras na plataforma streaming AmazôniaFlix. Os onze curtas selecionados para o Festival Curta Escolas foram transmitidos em TV aberta, com alcance para 104 municípios paraenses.

“Estes números são extraordinários para um festival como o nosso, que não é de cinema de entretenimento, mas de reflexão e debate. Foi muito desafiador realizar esta edição, fomos atravessados pela pandemia e precisamos nos reinventar, migramos para o mundo online e ainda agregamos mais festival ao Amazônia Doc. Cumprimos nossa missão com resiliência”, conta a diretora-geral Zienhe Castro.


Já na mostra competitiva de curta metragem, o prêmio de melhor filme pelo júri especializado foi para “Quentura”, de Mari Corrêa. A produção traz a perspectiva de mulheres indígenas sobre as mudanças climáticas e suas consequências no cotidiano.

"Uma pergunta me intrigava: ‘será que as indígenas teriam algo em especial para falar sobre as mudanças climáticas?’ As mulheres trazem a perspectiva da roça, elas são as cuidadoras do alimento da comunidade e têm conhecimento profundo sobre as plantas  e seus ciclos. O olhar sensível delas aponta para os impactos dessas mudanças na vida das populações”, explica a diretora, que é fundadora do Instituto Catitu, organização que fomenta a produção audiovisual como ferramenta de expressão para indígenas.

Nas outras categorias da premiação para curtas, temos: Melhor Roteiro para “Ferroada”, de Adriana Barbosa e Bruno Mello de Castro; Menção honrosa para “A praga do cinema brasileiro”, de Zefel Coff e Wiliam Alves; e Melhor Filme pelo júri popular para “Ary y Yo”, da cineasta paraense Adriana de Faria.

As Amazonas do Cinema

A estreia do festival “As Amazonas do Cinema” também rendeu excelentes resultados. Na mostra competitiva de longa, a vitória foi para o filme “Fakir”, de Helena Ignez. Neste documentário, ela nos convida a mergulhar na vida e obra de artistas de origem circense, que extrapolaram os limites do corpo em apresentações que foram sucesso no Brasil, principalmente, na primeira metade do século XX. 


“Gostaria de parabenizar ao festival que traz este belíssimo nome, porque me sinto realmente assim, uma amazona! É uma iniciativa de extrema importância diante de tantos retrocessos. Estimular um sentimento de identidade pan-amazônico, nesse momento de queima e destruição, mostra o valor deste festival”, considera Helena Ignez, um dos maiores nomes do cinema nacional.

Os demais prêmios da mostra de longas foram: Melhor Direção para “Currais”, de Sabina Colares e David Aguiar; Menção honrosa para “Duas Company Towns”, de Priscilla Brasil; Prêmio Especial do júri para “Portunõl”, de Thais Fernandes que também levou o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular.

Na mostra competitiva de curtas, dois filmes de países vizinhos em destaque. O Melhor Filme para o júri especializado foi o colombiano “Até o fim do mundo”, de Margarita Rodrigues Weweli-Lukana e Juma Gitirana Tapuya Marruá; Melhor Roteiro para “Tesouro escondido do Equador”, de Kata Karáth e Ana Naomi de Sousa, do Equador; Menção honrosa para os filmes “Mulheres Xavantes coletoras de sementes”, de Daniele Bertollini, e “Opará – Morada dos ancestrais”, de Graciela Guarani.

Além de ganhar o prêmio de Menção Honrosa, a cineasta Graciela Guarani também esteve presente no festival com a oficina “Narrativas Originárias”. A Elo Company, selo de distribuição e fomento à produção cinematográfica independente, participou do festival “As Amazonas do Cinema” oferecendo o Prêmio Elas de Distribuição, concedido ao filme “Rosa Vênus”, de Marcela More.

A juventude em foco

A mostra “Primeiro Olhar”, do 1º Festival Curta Escolas, trouxe para o festival a produção dos estudantes da rede pública. Após a realização de oficinas de formação, em parceria com o TF Cine Clube, o festival ajudou a realizar os curtas propostos pelos alunos. O resultado foram 11 vídeos de excelente qualidade, o que dificultou o trabalho do júri. 

O jovem Gabriel Fernandes, de 18 anos, é estudante da Escola Dom Calábria, de Marituba. Apaixonado por arte em geral, Gabriel levou para casa o prêmio de Melhor Filme com “Homem na roda”. Na produção, um grupo de jovens garotos da periferia se encontram para conversar sobre assuntos diversos, costurados entre temas como masculinidade, racismo e o lugar de resistência da periferia. “A ideia foi estimular a expressão nossa, como garotos. Falar dos nossos sentimentos para aprender a lidar com eles”, conta Gabriel.

"Famílias periféricas na pandemia”, de Marianna Kali e Renan Kauê, ganhou como Melhor Direção. Na produção dos alunos da escola Paes de Carvalho, eles trouxeram os impactos da pandemia no cotidiano de suas próprias famílias. “Foi uma ideia que surgiu bem em cima da hora, gravamos a rotina de nossas casas nessa quarentena durante um dia. Foi uma experiência linda, uma novidade em nossas vidas”, conta Marianna.

Também ganharam destaque as produções “E aí, pretinha?”, de Mederiá Brandão, Jéssica Paixão e Emanuelle Araújo (Melhor roteiro); “Levanta juventude”, de Henrique Lobato e Vinicius Silva (Melhor filme, júri popular), que também ganhou menção honrosa junto com “Seu Erádio”, de Vanessa Serrão e Rebeka Ferreira. Os filmes podem ser vistos pelo canal do youtube do Festival Amazônia Doc.

Cinema