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Festival de Cinema Italiano abre edição virtual e gratuita nesta terça, 24

Programação on-line disponibilizará filmes inéditos e clássicos durante 15 dias

Agência Estado

Começa nesta terça-feira, 24, o Festival de Cinema Italiano. Enquanto o Festival Varilux do Cinema Francês escolheu ser presencial, o italiano é on-line. Pierfrancesco Favino venceu o prêmio de melhor ator por Padrenostro, de Claudio Noce. Já havia sido excepcional como Tommaso Buscetta em O Mafioso, de Marco Belloccio.

O filme de Noce retorna aos anos de chumbo, ao terrorismo dos anos 1970, quando a Itália cindiu. No Lido, Noce repetiu várias vezes que seu filme não era político, mas uma crônica familiar, uma história de pai e filho. Noce acerta conta com a própria infância, por meio da história desse homem - seu pai - que está jurado de morte. A mãe e ele testemunham o ataque do terror, que projeta a família na instabilidade.

"O filme nasceu de uma carta que escrevi para meu pai, para dizer-lhe como tudo aquilo me marcou. O texto era muito pessoal e eu procurei dar-lhe mais universalidade. Meu pai pertencia a uma geração de homens fortes. Considerava a emoção uma fraqueza, mas eu creio que, finalmente, os medos que a geração de meu pai tentava esconder hoje não precisam mais ser escondidos."


Padrenostro estreou na Itália em 24 de setembro, logo após o prêmio em Veneza. Ficou três semanas em cartaz até o novo lockdown na Itália, por causa da pandemia.

Outra atração do festival deveria ter estreado em abril - Cosa Sarà, de Francesco Bruni -, mas somente chegou às salas em 24 de outubro. Kim Roissi Stuart faz o cineasta diagnosticado com leucemia. Ele cai na estrada com o pai e a filha em busca de uma suposta irmã, que poderá ser a doadora de medula na cirurgia que precisa fazer.

"Ao mesmo tempo que tem a estrada, no filme tem toda a parte cirúrgica, o tratamento de quimioterapia. Fiquei com medo de que as pessoas não se interessassem pelo filme na pandemia, mas o carisma de Kim ajudou bastante."


Mais um filme que chega ao festival via Veneza - Non Odiare, de Mauro Mancini, foi o único italiano da Semana da Crítica. "Sempre fui fascinado pela contradição humana, e discutia bastante com meu amigo roteirista, David Liside. Mas a ideia de um filme só surgiu quando encontramos essa história ocorrida na Alemanha, de um médico judeu que se recusa a operar um paciente que tem a suástica tatuada no ombro", conta.

"No limite, ele terminou operado por outro cirurgião, mas a ideia ficou conosco. E se a intransigência do médico tivesse levado o paciente a óbito? Desde que começamos a escrever eu pensava em Alessandro Gassman, filho de Vittorio, como protagonista. Queria evitar o estereótipo e, ao mesmo tempo, pensava num filme muito austero... Vivemos hoje num mundo em que as pessoas fazem questão de manifestar seu ódio. Creio que, neste sentido, a Mostra d'Arte Cinematográfica de Veneza deste ano, com os condicionamentos determinados pela covid 19, nos levou a refletir de uma maneira profunda sobre o mundo em que vivemos", completa.

O festival estará disponível por 15 dias, a partir desta terça, em todo o Brasil. O usuário tem de entrar na página para escolher os filmes que quiser ver. Dentro da página do filme, deve clicar no botão 'assistir' e será direcionado para o site do Belas Artes. Mais detalhes e informações no site festival.cinemaitaliano.com.

A par dos inéditos, o festival também promove uma retrospectiva de grandes estrelas. São 12 títulos considerados clássicos, incluindo Rocco e Seus Irmãos, de Luchino Visconti; A Aventura, de Michelangelo Antonioni; Gaviões e Passarinhos, de Pier-Paolo Pasolini; Il Segrteto del Vecchio Boscchio, de Ermanno Olimi, e Cesare Deve Morire, dos Irmãos Taviani.

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