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Festivais de cinema levam produção audiovisual da Amazônia para o mundo

Festival de Cinema de Alter do Chão e o Ficca - Festival Internacional de Cinema do Caeté ocorrem nesta semana com programação cultural gratuita

Caio Oliveira

Direto da Amazônia, festivais de cinema colocam o Pará e toda a região no centro da produção audiovisual mundial, divulgando o que de melhor vem sendo produzido aqui, mas também exibindo produções internacionais. No Festival de Cinema de Alter do Chão -FestAlter, por exemplo, que ocorre de 9 a 13 de dezembro, foram selecionados 121 filmes de países como Irã, Filipinas, México, Cuba e Bósnia, além do Brasil, com temáticas como a causa indígena, ambiental e amazônica, alinhadas ao tema do festival, que é: "Um olhar para a Amazônia, os povos do mundo, a valorização do cinema, das artes, o reconhecimento dos direitos globais e da natureza”.

"Ao mesmo tempo que estimula o audiovisual, o festival estimula todas as artes, como teatro, dança, artesanato, além de reforçar a preservação da Amazônia e todas as suas etnias indígenas, quilombolas. Ele não olha só pro cinema, mas também pra Amazônia, pro Brasil e pro mundo. O FestAlter foca muito na educação, com debates de cientistas, de cineastas. Enfim, é cinema, mas também é cultural, amplamente falando", diz o cineasta Locca Faria, diretor-geral do Festival.

Este ano, o júri do festival é formado por nomes como Pedro Bial, Célia Maracajá, Zezé Motta, Indaiá Freire, Marcelo Tas e Xavier de Oliveira, que tem a missão de premiar os vencedores, em suas categorias com o troféu Muiraquitã, criado pelo artista artesão Rony Borari de Alter do Chão. Alguns filmes selecionados são de diretores conhecidos, e outros, de cineastas novos, tanto do Brasil quanto do exterior como: “Amazônia - Sociedade Anônima” de Estêvão Ciavatta (Brasil), “Fio da Meada” de Silvio Tendler (Brasil), “Dança da Vida” de PeymanZandi (Irã), “O Doce Sabor do Pão Salgado e Cuecas” de Che Espiritu (Filipinas), “Mestre Cupijó e seu Ritmo” de Jorane Castro (Brasil), “Maquis” de Rubén Bure (Espanha). A curadoria analisou 2072 filmes de 105 países inscritos.

Além da Mostra Competitiva, o Festival tem uma categoria para comtemplar mais produções, que não poderiam ficar de fora. A Mostra Paralela terá 202 filmes divididos em vários temas: “Feito por Mulheres, "Presença" (sobre representação de grupos minoritários), "Cinema ambiental e indígena", "Ficções pelo mundo", "Registros e Memórias", "Experimental" e "Infantil e Animação".

Por conta da pandemia, o evento esse ano terá a participação do público por meio virtual. Após fazer o cadastro no site festivaldealterdochao.com.br, o participante poderá acessar gratuitamente a programação na "Fest Alter Play", plataforma de streaming do Festival. “É importante ressaltar isso, pois quando acabar o FestAlter, o conteúdo vai continuar nessa plataforma. As pessoas vão poder acessar palestras, debates, a ideia é criar um centro cultural, de produções independentes. Além disso, vamos criando mais conteúdo ao longo do ano e colocando na plataforma”, celebra Locca, explicando importância da serviço criado por Thiago Reis para divulgar a produção audiovisual vinculada ao festival.

V Festival Internacional de Cinema do Caeté

Viajando pelas águas do audiovisual, saímos da Pérola do Tapajós e seguimos à 5ª edição do Festival Internacional de Cinema do Caeté (Ficca), que ocorre de 8 a 10 de dezembro. O evento ainda atravessa o Oceano Atlântico, já que a programação ocorre simultaneamente em Bragança, no Pará, e na Cidade do Porto, em Portugal.

Entre os filmes classificados, vindos também do Senegal, Colômbia, Cabo Verde e Chile, estão vários filmes brasileiros, como os paraenses “O Céu Sobre Nós”, de Everaldo Carvalho Gomes; “Dorso”, da Inovador Talvez Filmes; “Minguante”, de Maurício Moraes e novamente o documentário “Mestre Cupijó e seu ritmo”, de Jorane Castro.

O Festival tem origem na cidade de Bragança, com idealização do realizador e professor Francisco Weyl. Desde 2018, o evento vem sendo realizado em parceria com a ESAP – Escola de Artes Visuais do Porto, em Portugal.

“Eu estudei na Esap, me formei em cinema lá, dei aula, e eles viram o projeto do Festival com bons olhos. O Ficca ocorria desde 2014 Bragança, com apoio da UFPA, IFPA, da rede de hotelaria, de restaurantes. Ele é um festival de cinema que vem do interior, que afirma a inclusão do cinema amazônico e paraense, com uma questão social. Com essa parceria com Portugal, o festival ganha uma certificação internacional, com diplomas para quem participa da programação”, diz Francisco, o “carpinteiro de poesia”.

Em função da pandemia do Coronavírus, apenas os filmes premiados serão exibidos, na TV Cultura, nos dias 25, 26 e 27 de dezembro, às 22h, por meio de uma outra parceria.

“O Ficca se volta pra temáticas sociais contemporâneas, com temas que discutem a inclusão de mulheres, trans, negros, indígenas, pautas ambientais e pedagógicas. Em Bragança e região, fazemos ações em escolas públicas, comunidade quilombolas, praieiras, com oficinas, debates, cursos”, explica o idealizador, reforçando que, a partir da troca de olhares e experiências, criadores de diversas linguagens artísticas se reúnem no Ficca para levar essa produção às diversas periferias que compõem a Amazônia.

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