Curta paraense 'Benzedeira' vence CinePE- Festival Audovisual
Além da competição nacional, o filme levou o prêmio do júri de curtas, da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
O filme paraense “Benzedeira”, dos diretores San Marcelo e Pedro Olaia, venceu como o melhor filme curta-metragem nacional no 26º CinePE – Festival Audiovisual, de Recife, uma das principais competições de cinema do Nordeste Brasileiro. “Benzedeira” arrebatou também o Prêmio do Júri da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) de melhor curta-metragem. A premiação foi anunciada nesta sexta-feira, 16, pelo festival.
O filme retrata o saber tradicional, espiritualidade, ancestralidade, identidade de gênero, meio ambiente e diversidade do interior amazônico através do personagem Manoel Amorim, conhecido como Maria do Bairro, um homossexual negro conhecedor de ervas e benzedor que se dedica à cura do corpo e da alma das pessoas que o procuram na ilha de Tamatateua, no interior do município de Bragança, Nordeste Paraense, onde o curta foi gravado.
Assista o filme completo aqui.
“Ganhar o festival foi uma surpresa. Foi como ganhar o Oscar. Esse prêmio é um dos mais relevantes de visibilidade do cenário brasileiro. A gente esperava ganhar alguma coisa, mas o prêmio maior da noite, na categoria de curta, foi uma surpresa imensa”, comemora San Marcelo.
Além da direção, ele assina o roteiro, câmera, direção de fotografia, drone e montagem do filme. Enquanto Pedro Olaia responde pela direção e produção. A produção audiovisual é da Sapucaia Filmes.
Os jurados do Cine-PE Pablo Villaça, Enoe Lopes Pontes e Alexandre Figueirôa escreveram a seguinte crítica ao curta paraense: “Por trazer um olhar profundo e dinâmico sobre um personagem tão rico em sua sabedoria mágica e telúrica, encantando com o refinamento e o cuidado com a imagem tão particular de um homem que trocou a vida mundana pela poesia dos orixás, o Júri da Abraccine confere o prêmio de Melhor Curta-Metragem da 26ª edição do CinePE a ‘Benzedeira’, de San Marcelo e Pedro Olaia”.
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“Esse feedback dos críticos fortalece muito o cinema que a gente produz de forma muito com vontade de contar essas histórias”, comenta San Marcelo. “Dentro dos feedbacks que recebi durante os festivais que participamos, penso que o timing do filme, o ritmo e o personagem chamam a atenção por essa diversidade raiz que chega a ser representação do brasileiro. Tem uma musicalidade e espiritualidade que ultrapassam fronteiras. A relação com meio ambiente, a origem indígena, as referências africanas e a relação com a nossa ancestralidade se destacam no filme”, avalia.
Projeto
“Benzedeira” integra o Projeto Saber Bragança composto de cinco documentários com personagens daquele município. O projeto foi produzido com recursos do Prêmio Preamar de Cultura e Arte 2020. O filme de Maria do Bairro foi o primeiro da série e alçou voo destacado dos demais curtas-metragens, que são: "Cinema do Caeté", "Maruja do Santo Preto", "Mandicuera" e "Ladainha dos Mortos".
“Benzedeira” chegou a ser selecionado ao 50º Festival de Gramado, este ano, que teve somente 14 curtas selecionados entre mais de 1 mil títulos inscritos. O filme continua competindo em outros festivais. “A gente recebeu convites e espera o resultado de outros festivais no início do ano (2023). Quero mais que ele percorra vários caminhos”, completa San.
A ficha técnica de “Benzedeira” tem também Claudio Castro, da Gaffer, como assistente de câmera; Romão Gomes como produtor de set e personagem; Cecília Nascimento como produtora executiva; e Raquel Leite como produtora e câmera.