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Candidato brasileiro ao Oscar estreia nos cinemas brasileiros

Após duas pré-estreias, filme tem número de salas ampliado nas redes comerciais

Agências Brasil e Estado

O representante brasileiro na batalha pelo Oscar de melhor filme internacional, "A Vida Invisível", de Karim Aïnouz, estreia oficialmente nos cinemas nacionais nesta quinta-feira, 21. A julgar pelos elogios de alguns críticos americanos, o filme nacional reúne grande chance de chegar entre os cinco finalistas, que serão conhecidos no dia 13 de janeiro - a cerimônia do Oscar acontece em 9 de fevereiro.

Além da chancela recebida no Festival de Cannes, em maio, quando conquistou o segundo principal prêmio, Un Certain Regard, o longa produzido pela RT Features tem uma importante aliada na campanha americana: a Amazon, gigantesca plataforma de streaming.

"O primeiro passo foi antecipar de janeiro para dezembro a estreia do longa em dois grandes mercados americanos", conta o produtor Rodrigo Teixeira, da RT, referindo-se a Nova York e Los Angeles. "Teremos ações nessas cidades, além de Londres e Paris, onde há também muitos votantes".

Na verdade, a campanha é praticamente mundial, pois há eleitores em vários países, inclusive no Brasil. "Espero ter aqui ao menos um apoio da comunidade artística", comenta Teixeira, que descobriu uma pedra no caminho tão logo A Vida Invisível foi o longa escolhido para representar o Brasil, em agosto: no dia seguinte ao do anúncio, recebeu um comunicado da Ancine informando que a agência não poderia contribuir para a campanha internacional, como era hábito. Com isso, ele deixou de contar com R$ 200 mil.

"Na verdade, eu já não contava com esse aporte", confessa Teixeira, que concentrou esforços no apoio acertado com a Amazon "Os executivos da plataforma ficaram empolgados com a delicadeza do filme e decidiram organizar uma campanha parruda".

Ainda que não fale em valores, Teixeira deixa escapar que as cifras investidas deverão se aproximar dos seis dígitos. O necessário para cumprir um organograma que inclui, além do lançamento do filme no final de dezembro em Los Angeles e Nova York, anúncios publicitários em mídia especializada (como a revista Variety), participação em festivais que, embora não tão conhecidos, foram o circuito especial para o Oscar e, principalmente, sessões especiais para os votantes da Academia.

Neste ano, a mecânica de escolha mudou: antes, era divulgada uma pré-lista com nove finalistas, agora serão dez: sete serão escolhidos por um comitê internacional e os outros três serão votados por um comitê executivo. Os dez escolhidos serão avaliados novamente pelo comitê internacional, que vai definir os cinco finalistas. "E, nos últimos anos, a Academia rejuvenesceu, contando agora com menos membros conservadores".

É esse aspecto que transforma as redes sociais em grande trunfo na divulgação do filme - para isso, a Amazon se prepara para disparar, por exemplo, uma série de newsletter sobre A Vida Invisível - não é segredo o interesse da plataforma em ganhar esse Oscar, uma vez que, no ano passado, o vencedor foi Roma, do mexicano Alfonso Cuarón, belíssima produção da Netflix.

Além da indicação para a estatueta de produção internacional, que já foi vendido para 30 países, tem grande chance também na disputa da categoria fotografia, com a francesa Hélène Louvart. "Ela já recebeu prêmios específicos da sua área, o que a deixa com muitas chances", explica Teixeira, cuja produtora terá chance de participar de outras categorias de peso com outras produções: Ad Astra e Wasp Network.

Roteiro

A Vida Invisível fala de duas irmãs no Rio dos anos 50, Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler), que são muito unidas apesar do temperamento diferente. Guida vai atrás de um amor, Eurídice casa. Mas, quando Guida volta, grávida, seus pais a expulsam, e as duas se separam. "É um filme de época, mas é atual", disse o diretor. "Fala da condição da mulher e do patriarcado, que são coisas que estamos discutindo hoje", afirma.

O filme é baseado no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha. "Com este filme, quero fazer com que a pessoa saia da sala de cinema diferente do que ela entrou. Talvez fazê-la chorar, mas principalmente refletir por meio de uma emoção física".

O elenco do filme também conta com a presença de Fernanda Montenegro. "A sua participação coloca um selo no nosso filme. É a maior atriz do cinema brasileiro, uma artista que é unânime e engrandece qualquer obra em que esteja presente".

O filme retrata toda uma geração de mulheres nascidas na primeira metade do século 20, disse Karim Aïnouz. Entre essas mulheres, está a própria mãe do diretor, que morreu poucos dias antes que ele lesse os originais ainda não publicados à época do romance de Martha Batalha.

A Vida Invisível (estreia)
Dir: Karim Aïnouz
Drama, 16 anos
Cinépolis Boulevard 1 (2D): 13h10 (somente sab e dom) e 16h;

Cinema