Pedro Cardoso defende Porta dos Fundos e direito de fazer piada com qualquer religião
O eterno 'Agostinho' da A Grande Família fez post refletindo sobre a possibilidade de fazer piada com religião e sexualidade
O ator e escritor Pedro Cardoso, que interpretou o taxista malandro Agostinho Carrara no seriado A Grande Família, defendeu o especial de Natal "A Primeira Tentação de Cristo" do grupo de humor Porta dos Fundos. O especial lançado no final do ano passado está envolvido em uma polêmica com grupos fundamentalistas religiosos cristãos que não aceitam a forma como Jesus Cristo e Deus foram retratados. Cardoso comparou o Jesus Cristo gay, retratado pelo Porta dos Fundos, com um pai de santo gay que foi por vários anos interpretado por Chico Anísio.
"Meu querido mestre, Chico Anísio, representou um pai de santo gay por anos sem conta. Não tenho notícia de alguém ter se sentido ofendido com a homossexualidade do personagem. Vejam, digo do personagem. Toda obra de ficção se expressa através de personagens, mesmo quando – e esse é o ponto para mim – retrata alguém q de fato existiu. Daí se referir: personagem histórico. Jesus é, para quem crê, o filho de deus etc. O que sabemos dele é o que as igrejas nos dizem e algo mais que a ciência da história revela. É pouco para alguém poder afirmar quem de fato ele foi", disse.
O especial mostra o aniversário de 30 anos de Jesus Cristo (Gregório Duvuvier) que volta do deserto acompanhado por um homem misterioso, interpretado por Fábio Porchat, e que dá a entender uma relação homossexual de Jesus com o homem, que depois se revela ser o diabo. Na última quarta-feira, dia 8, um desembargador do Rio de Janeiro determinou a retirada do especial do catálogo da Netflix por uma liminar até analisar o caso. No dia seguinte, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Tofolli determinou a suspensão da decisão do desembargador e liberando o especial, classificando a proibição como censura.
Pedro Cardoso, que é ateu, afirmou que aqueles se sentiram ofendidos desejam o poder. "Deus não é propriedade de quem crê. Religiões são fatos públicos. Há imensa desonestidade nelas, há imensas hipocrisias, negação de crimes… Fazer piada com o assunto religião é direito de qualquer pessoa. Chico Anísio o fez e ninguém se ofendeu pq [sic] o candomblé é religião e não um projeto de poder", analisou Pedro. "Ofendidos ficam os desejosos de poder", concluiu.