Marcélia Cartaxo fala sobre carreira como atriz em entrevista exclusiva com Ismaelino Pinto
A artista conversou com o jornalista durante o 32º Festival de Cinema de Vitória, no Espírito Santo, no qual ela foi jurada

A atriz Marcélia Cartaxo conversou com exclusividade para O Liberal com o jornalista Ismaelino Pinto, durante o 32º Festival de Cinema de Vitória, no Espírito Santo. A artista é a primeira brasileira a ganhar o Urso de Prata do Festival de Berlim, na Alemanha, e estava como jurada no evento realizado no Espírito Santo. A premiação internacional veio como resultado da atuação no filme “A Hora da Estrela” (1985), adapatação cinematográfica do livro homônimo de Clarice Lispector com direção de Suzana Amaral.
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Em “A Hora da Estrela” (1985), Marcelia interpreta Macabéa, uma jovem nordestina que se muda para o Rio de Janeiro após a morte da tia. Ao conseguir um emprego como datilógrafa e enquanto divide uma casa com outras três mulheres, ela conhece Olímpio de Jesus, por quem se apaixona. O filme, que foi digitalizado em 4K para reexibição nos cinemas em maio deste ano, está disponível para assistantes da plataforma de streaming Globoplay.
“Já faz 40 anos de ‘A Hora da Estela’ e é como se tivesse filmado agora recente. Tivemos a digitalização e agora essa juventude aí vai poder ver esse trabalho. Para mim foi assim extremamente importante, foi o começo da minha carreira, o começo da minha história”, conta. Marcélia foi convidada por Suzana para atuar na obra e considera isso uma honra e privilégio, especialmente com o impacto da obra e após a premiação.
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A atriz destaca que, na época do filme, poucas diretoras “furaram esse cerco” e conseguiram vingar projetos, como fez Suzana Amaral. “Agora, nos dias de hoje, a gente ocupa muito mais um espaço no cinema. Isso é um privilégio pra gente como mulher, atriz, cineasta e tudo mais”, afirma.
Essa quebra também levou Marcélia a outro papel, o de Maria no filme “A Mãe” (2022). “Foi um convite muito especial do Cristiano Burlan, que é o diretor do filme. E também foi, assim, uma história assim real e feita no subúrbio de São Paulo”, explica. A obra retrata a história de uma mãe que perde o filho adolescente após ele ser assassinado e busca a verdade por trás da tragédia em uma jornada implacável.
“Quando eu fui me preparar para fazer essa personagem, me deparei com essas mães e elas ficaram doentes. A família não é mais a mesma coisa depois do assassinato dos filhos”, conta. Marcélia afirma que, no contato com pessoas como a personagem, todas levavam uma vida sofrida e com pensamentos profundos sobre como seria o futuro daqueles que morreram.
Neste ano, a atriz é homenageada no Festival de Gramado com o troféu Oscarito. A honraria é a principal do evento e destina-se a atores e diretores que contribuem significativamente ao cinema brasileiro. “Foi uma surpresa muito grande, porque eu esperava, sim, ser homenageada talvez lá para frente. Mas agora, com 40 anos de carreira? Eu fico muito honrada, muito feliz e com a certeza de que eu estou no caminho certo”, ressalta Marcélia.
“A gente fica muito feliz pelo cinema brasileiro estar prosperando nesse momento. Estamos aí com vários festivais acontecendo, vários filmes de longas e curtas-metragens. A tecnologia tá mudando, tá avançando e isso é muito importante pra gente. Porque aí vem a nova geração e vai assistir esses filmes, refazer muitas outras coisas importantes pra gente. Eu espero que a gente tenha mais acesso à nossa literatura, aos nossos autores, que liberem mais para a gente representá-los dentro do cinema, na música e na arte em geral”, conclui.
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