Paulo Vieira exalta raízes negras da Marujada em Bragança: 'Festa preta'
Em publicação neste sábado (27), apresentador definiu a irmandade de São Benedito como estratégia de alforria e lembrou da avó
O apresentador Paulo Vieira usou sua visibilidade para dar uma aula de história e sensibilidade sobre a cultura paraense. Na noite deste sábado (27), durante as gravações do programa "Avisa Lá Que Eu Vou", o humorista publicou um texto em suas redes sociais onde define a Marujada não apenas como folclore, mas como uma sofisticada estratégia de sobrevivência e liberdade do povo negro.
Paulo destacou a engenharia social criada pelos antepassados paraenses. Para ele, a devoção a São Benedito transcendia a fé católica imposta, servindo como ferramenta política de libertação em uma época de escravidão.
Irmandade funcionava para comprar a alforria
O texto do apresentador joga luz sobre a origem da festa, fundada por 14 escravizados. Ele ressalta que a organização ia muito além das rezas.
"A Marujada de Bragança é uma festa preta de mais de 200 anos que foi criada por 14 escravizados que criaram uma irmandade pra louvar São Benedito, o santo preto, que na época ainda nem era santo reconhecido pela igreja católica... mas já era preto reconhecido pelo seu povo. Essas irmandades tinham função dupla: além da fé, funcionavam quase como 'empresas de fachada' cujo o objetivo principal era juntar dinheiro pra comprar a alforria dos irmãos", escreveu.
Santo sempre morou na cozinha da avó
Paulo também conectou a força da manifestação cultural de Bragança com sua própria intimidade. O apresentador revelou que o "Santo Preto" é um elo com sua avó falecida, transformando a gravação da 5ª temporada do programa em uma jornada de "autoficção" e reencontro.
"Particularmente, São Benedito é o santo que sempre morou na cozinha de minha Vó, que perdi recentemente. É muito doido como os caminhos desse programa são dados pela minha vida particular, sendo ele mais 'autoficção' ou 'auto documentação'", desabafou.
Palavras-chave