Festival de Cannes: Veja as participações do Brasil no festival e as premiações conquistadas
No total, o Brasil já foi premiado seis vezes nas principais categorias da história de Cannes. Em 1962, filme de Anselmo Duarte levou principal prêmio do festival
Pela terceira vez, o diretor Kleber Mendonça Filho será o representante do Brasil na corrida pela Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cinema de Cannes, na França. O país, porém, já acumula pelo menos seis vitórias nas categorias principais do evento, além de condecorações em mostras paralelas.
Um levantamento da empresa de inteligência Oddspedia catalogou todas as indicações e premiações brasileiras em Cannes. A primeira vitória ocorreu em uma categoria extinta: Melhor Filme de Aventura, com O Cangaceiro (1953), do diretor Lima Barreto — que também integrou o elenco. O longa foi o primeiro brasileiro a vencer um prêmio internacional.
Em 1962, a comédia dramática O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, conquistou a inesquecível Palma de Ouro. O filme acompanha a jornada do cristão Zé do Burro (Leonardo Vilar) para cumprir uma promessa: entrar na Igreja de Santa Bárbara carregando uma cruz desde o sertão baiano até Salvador, após a cura de seu burro.
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Brasil em Cannes: números e histórias
18 indicações em 75 edições do festival.
Em 1969, Glauber Rocha dividiu o prêmio de Melhor Diretor com o tcheco Vojtěch Jasný, pelo western O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, que retrata conflitos entre cangaceiros e coronéis no Nordeste.
Em 1986, Fernanda Torres foi premiada como Melhor Atriz (ao lado da alemã Barbara Sukowa) por Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor — também indicado à Palma de Ouro.
Em 2008, Sandra Corveloni venceu como Melhor Atriz por Linha de Passe, de Walter Salles — que, assim como Mendonça Filho, é um dos diretores brasileiros mais indicados (três vezes cada).
“Isso mostra a força de uma formação sólida em dramaturgia. Sandra vinha do teatro, com 22 anos de carreira, mas era sua estreia no cinema. Ela sempre destacou a importância da preparação para equilibrar força e delicadeza — essenciais no audiovisual”, analisa Mariana Loureiro, atriz e diretora que trabalhou com Salles em Abril Despedaçado (2001).
Vitórias recentes e expectativas para 2025
Só em 2019 o Brasil voltou ao pódio principal, com Bacurau (Mendonça Filho), que dividiu o Prêmio do Júri com Les Misérables (Ladj Ly).
Categorias inéditas para o Brasil:
- Grand Prix (filme mais original)
- Melhor Ator
- Melhor Roteiro
- Melhor Primeiro Filme
Em 2025, a aposta é O Agente Secreto, de Mendonça Filho, um thriller político ambientado na ditadura militar, estrelado por Wagner Moura.
“Temos chance real no prêmio de Melhor Ator. Kleber disse que esta é a melhor atuação de Wagner — e ele já fez personagens icônicos”, avalia Mariana, que atuou com ele em Abril Despedaçado.
(*Gustavo Vilhena, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do núcleo de Cultura)