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Supla mostra em Belém canções dos Beatles e outras pedras no estilo punk de ser

Será neste domingo (27) no Studio Pub, quando Papito vai se reencontrar com a galera e celebrar quase 40 anos de som

Eduardo Rocha

Ser punk é ir a fundo no questionamento da ordem social estabelecida, querer saber o que a razão diz acerca do poder, da fome, das desigualdades entre pessoas e países, enfim, saber que mundo é esse. E por ter esse perfil, Supla já entrou e saiu com estilo de estereótipos, preconceitos e tudo o mais. O cara não se entrega e se mantém como uma referência no punk rock brasileiro. Isso há cerca de 40 anos. Para celebrar essa e outras conquistas, como o 20º álbum recém-lançado ("Nada Foi em Vão"), Supla chega em Belém neste domingo (27) para mostrar um show em que canta canções dos Beatles. Mas, ele avisa logo que esse reencontro com a turma de Belém, no Studio Pub, a partir das 18h, não vai se restringir às músicas do Fabulous Four a serem tocadas no estilo punk rock. Vai ter muito mais, com o público tendo direito a curtir a clássica "Garota de Berlim" e ainda "Livre", entre outras do novo álbum, além de algumas surpresinhas do Papito. 

Tudo com Os Punks de Boutique, nome altamente irônico para uma banda de punk.  A abertura ficará por conta do Piscadela Verde.  "Eu vivo rock´n roll 25 horas por dia", diz o cantor, já num spoiler do que será o show. Na faixa de 40 anos de estrada, Supla conta que se trata de algo que ele tomou para si, pois toca não profissionalmente desde os 13 ou 14 anos de idade - ele toca bateria na noite de São Paulo. Profissionalmente falando, esse artista ficou famoso no Brasil quando tinha 18 anos de idade. Supla diz que a carreira artística não é fácil, porque viu muita gente passar dificuldades.

"A vida não é fácil, em geral. Eu sou muito grato ao público brasileiro e até no underground americano e na Europa, por ter conseguido feito um trabalho, que é o meu trabalho diário, eu vivo rock´n roll 25 horas por dia, não é nem 24, e poder me sustentar e viver. Fazer o que gosto. Você acordar e trabalhar numa coisa que você não gosta não é fácil. Eu sempre quis ser músico, mas não tinha certeza, foi uma coisa que foi acontecendo, não é uma coisa que você aprende na faculdade", destaca destaca Eduardo Smith de Vasconcellos Suplicy, 59 anos, o Supla. 

Supla lembra que o beatle John Lennon saiu da Inglaterra e foi para Nova York, na primeira aparição dos Beatles, ele falou que "se eu soubesse a fórmula do sucesso eu seria empresário", para demonstrar como a profissão de músico é muito louca.

Mas, Supla adora essa trilha, e abriu o leque, fazendo algumas coisas como ator, como apresentador de TV. "Mas eu comecei na música, e esse é o meu grande amor mesmo", diz. E comemora chegar ao seu 20º álbum. Ele assinala que não se trata de ser de direita ou esquerda, mas, sim, de trabalho e dedicação. 

O grande encontro do Supla com rock se deu quando ele tinha entre 13 e 14 anos e tocava The Beatles e The Rolling Stones, e diz que costuma intercalar frases em inglês e português porque foi aquela foi a sua primeira língua - quando nasceu, depois de cinco meses, os pais (Eduardo e Martha Suplicy) ganharam bolsa de estudo nos Estados Unidos. Depois, voltaram ao Brasil e a família foi para a Califórnia, onde acontecia o movimento Hippie (que eclodiu nos anos 1960). "Eles foram os primeiros punks. Imagina, os caras todos tomando LSD e ficando pelado. Isso é totalmente punk", recita Supla.

Na memória dele persiste a imagem do pai levando-o para conferir um show da cantora Joan Baez. Em 2011, Supla e o irmão João Suplicy voltaram por lá, para tocar na Califórnia. Nos primórdios de sua história musical, Supla conta ter sido influenciado pela folk music, com nomes como Carole King, Bob Dylan e James Taylor, entre outros.

Lembra-se também do pai levando-o para assistir ao filme "Butch Cassidy & The Sundance Kid (1969), com a célebre música "Raindrops Keep Fallin´ on My Head", de B. J. Thomas, escrita por Hal David e Burt Bacharach. Essa canção está no novo álbum de Supla. 

Outros nomes que também foram entrando na cabeça desse artista são Dorival Caymmi, Vinicius de Morais, Maria Bethânia, Chico Buarque, Caetano Veloso e Tom Jobim e outros. Isso tudo porque os pais deles levaram discos do Brasil para escutar nos EUA. Supla diz que se deve considerar o passado, mas olhar para o presente e o futuro.

"Teve John Lennon. Ele faz muita falta. Ele estaria com 80 anos, e você acha que ele ia ficar quieto com tudo o que está acontecendo? Já teriam assassinado ele, eu acho, né?", declama Supla. 

Punk

"Depois, só depois é que veio entrar a coisa do punk para mim, sabe? Quem me chamou muito a atenção como showman foi Mick Jagger. Ele é um dos maiores de todos os tempos. Esse meu lado performático vem muito do Mick Jagger. Quando eu vi ele chacoalhar aquela bundinha, rebolar aquela bundinha branca pra lá e pra cá, no Estado de Virginia, e todo mundo olhando, eu disse: 'Eu consigo fazer isso!'. Depois, veio essa coisa de punk mesmo. O Sex Pistols foi que eu vi primeiro, inclusive, vou tocar no dia do Sex Pistols no The Town". Ele conta que chegou a fazer música com Glen Matlock (baixista da banda), intitulada "This Ain't The Ballad of Johnny Stiff", sobre um road de Nova York.

A revista Rolling Stone teve a iniciativa de homenagear vários artistas e escolheu The Beatles. Ao ser sondado para a empreitada,  Supla disse: “Of course, vou fazer isso daí, vai ficar legal”. Assim, surgiu o show “Supla toca Beatles”, sem se limitar ao repertório da super banda, é claro. 

Para quem quiser saber como vai ser a apresentação, na internet tem apresentações do artista tocando “Imagine” e “In My Life”, dos Beatles, de uma forma bem peculiar. Aliás, Ozzy Osbourne, recém-falecido, gravou “In My Life”. As músicas com Supla ganham uma pegada mais acelerada como os Beatles cantavam no começo, como diz o cantor. Ele pode incluir no repertório em Belém a gravação de “My Way” no jeito do Sid Vicious, do Sex Pistols. A banda Punks de Boutique já tocou em vários países e fez turnê com a The Casualties.

Fora o disco novo, Supla está na minissérie “Raul Seixas: Eu Sou”, no Globo Play, em que faz Elvis Presley. Outro trabalho de Papito é na série “Wander”, em que ele faz um matador de vampiros, na Max/Warner. Supla também será visto em “A Criatura”, pela Paris Filmes. Supla mantém o projeto Brothers of Brazil, com o irmão João Suplicy (músico de alta qualidade), lançando o quarto álbum do duo deles. 

Papito tem kilt (saia escocesa) utilizado por em turnê em 2011 guardado no Museu do Punk de Las Vegas (EUA). Naquela turnê, ele e João cantaram “Mais Que Nada”, de Jorge Benjor, e a turma do punk se derreteu dançando a valer ao som dessa pedra. Para o show de Supla neste domingo, vale o recado que o próprio artista manda no título do novo disco: “Nada Foi Em Vão”. Afinal, no universo do rock, tudo se transforma.

Serviço:

Supla toca Beatles

Data: 27/07/2025, domingo

Horário: 18h

Local: @studiopubbelem

End.: Tv. Presidente Pernambuco, 277, Belém/PA

Abertura: Piscadela Verde

Ingressos: https://101tickets.com.br/events/details/Supla-toca-Beatles-em-Belem